Sexta-feira, 16 de setembro de 2022 - 16h19
1-Samba do crioulo doido
15
de setembro dia da democracia! Ouvindo a juíza Rosa e procurador Aras fui
catapultado para as exéquias da rainha Elizabeth e fiquei de cara com um rito
de togados vivos e um ritual da morta. Lá um ritual esperado e planejado para homenagear
uma lenda. Aqui o ritual de passagem para uma corte superior que bem poderia
ter seu custo e tamanho compatíveis com a importância de guardar a
Constituição. Não temos monarquia, mas sempre é possível improvisar. Para
“especialistas” a pompa e a circunstância estão nas escolas de samba com
rainhas e mestres salas num reino de três dias e no resto do ano os feudos públicos
nos ministérios – 39 só com a Dilma – nas estatais a exemplo de Petrobrás, no
congresso, assembleias e câmara de vereadores e nas cortes superiores – cinco
no total – tudo pago religiosa e compulsoriamente pela plebe rude que assiste a
tudo democraticamente calada. Mas, de volta às falas, a ministra disse que a
democracia é inegociável e que “vivemos tempos particularmente difíceis da vida
institucional do País, tempos verdadeiramente perturbadores, de maniqueísmos
indesejáveis”. Achei que a ocasião seria propícia para um mea culpa da nova
presidente pelo comportamento da casa, mas nada. Como Narciso o STF só vê seu
reflexo e nesta linha de reclamar dos reclamos a suprema Rosa começou e
encerrou. Do Aras eu não esperava muito, mas ele saiu-se pior que o soneto e
possíveis emendas: “O quanto para nós, como brasileiros, é gratificante saber
que tivemos um 7 de Setembro pacífico e ordeiro, sem violência”. Aí tive a
certeza que Stanislaw Ponte Preta permanece vivo e escrachando Brasília e que
seu fantasma assombra a Ilha da Fantasia com seu “samba do crioulo doido”.
2-Devolução da grana confiscada
Não tenho a intenção de
adivinhar o que se passou por dentro do reluzente cocuruto de um certo ministro
do STF quando ordenou o baculejo contra um grupo de oito empresários que na
falta do que fazer jogou conversa fora e pecado dos pecados, falou sobre
política e pior, contra a esquerda brazuka. Deu no que deu: do Oiapoque ao Chuí
o STF desagradou gregos, troianos cariocas e baianos, além de membros da
própria Corte. O processo sem pé e sem cabeça começou no STF sem a participação
do Procurador Geral, do padre, do bispo ou sei lá mais quem e numa ação sem
precedentes, houve o bloqueio das contas dos indigitados. Consta que a ideia
era fechar o canal de abastecimento de grana para impedir possível golpe
antidemocrático que poderia ou iria acontecer
ali pelo dia 7 de setembro. Não
sei ao certo se o tal golpe não aconteceu por conta da ação preventiva ordenada
pelo STF ou se, simplesmente como parece mais plausível, o golpe era só um
achismo. Juro que não sei. Não vou tentar adivinhar também porque depois de
passados alguns dias da data em poderia haver o frustrado golpe, a grana foi
desbloqueada. Claro que nesse clima de exacerbação da vida democrática – e viva
la democracia – me ocorreu que se havia antes uma intenção dos oito, pode ser
que ela ainda exista e aquí mora o perigo. O Vei da Havan e os sete cavaleiros
do apocalipse podem pegar a grana e pah – Deus nos livre e guarde – dar um
golpe na calada da noite. Certo é
que a grana dos oito já pode ser usada e que o ministro deve estar careca de
saber que o Brasil – aí inclusos velhinhos e novinhos do Whatsapp – querem mais
é sossego como diria Tim Maia.
3-07 de Setembro – Um 07 de
Setembro do povão
À primeira vista seriam aproximadamente 10
candidatos brigando pela cadeira de governador de Rondonia, mas a política não
é cartesiana. Passeando entre coordenadas e abscissas estão infinitos pontos
desenhando as curvas das improbabilidades e verossimilhanças. Acrescentando-se pontos
fora das curvas, dados jogados aleatoriamente ou pior as sentenças
condenatórias definitivas e o inferno está pronto, pintado e acabado. De início
quem iria supor que PSDB, PT e PMDB ficariam fora? E quem iria supor que Cassol
se lançaria candidato com aquele bitrem de votos? Ao saírem da
disputa o MDB e o PSDB abriram a avenida para o desfile da Escola de Samba
Unidos pelo Cassol. Sobraram os arranjos esperados: Marcos Rogério, Leo Moraes
e Daniel Pereira que viu a possibilidade de trocar uma candidatura ao Senado
pela vaga do Marcos Rocha. Ficaram sete nomes com os agregados Pimenta e
Valclei, ambos com poucas chances. De repente e é bom que se diga que era sim
esperado, a justiça emparedou Cassol que esperto renunciou à candidatura
preservando-se para o futuro e agora Valclei do AGIR foi também apeado da
refrega. Dos sete ficaram cinco e a pesquisa aponta para três com o favoritismo
de Marcos Rocha. Como já disse, a política não é ciência exata, cartesiana. Um
ponto fora da curva com o ex-deputado federal Carlos Magno vai impactar no
resultado e caso ele se bandeie de mala e cuia para um lado deve alavancar a
campanha do atual governador na ponta da pesquisa, ainda que saibamos que votos
não se transferem, mas nomes fortes influenciam. E os votos do Cassol para onde
irão? Faltam 16 dias para o primeiro turno, mas falta muita tinta e o quadro não
foi pintado. Simples assim. É como penso.
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