Domingo, 19 de julho de 2015 - 05h05
Faniquitos, gritos, aplausos, vaias, falta de pulso forte na condução da reunião. Quase agressões pessoais, bate-boca. Parecia mais um boteco às 4 da manhã quando o álcool já tomou conta do ambiente. Mas não era. Tratava-se de uma sessão da CPI cuja obrigação é investigar as denúncias de que um show patrocinado pela Prefeitura através da Funcultural foi ou não superfaturado.
Para quem se atreveu a ir à Câmara Municipal durante a sessão, sem vinculação com o que estava acontecendo, certamente a melhor saída seria chamar logo a COE/PM, haja vista a sensível mobilização feita para evitar que a reunião da Comissão realmente acontecesse e, para isso, pelo menos um vereador contribuiu de forma decisiva atiçando a claque.
Pressão externa sobre CPI não é novidade. No Congresso Nacional, ou em qualquer de suas Casas especificamente, isso acontece sempre. Na nossa Assembléia Legislativa a CPI da Evasão Fiscal já vem sofrendo abordagem, conforme um de seus membros, não de forma direta, mas através de recados e ninguém duvide da seriedade desses “sussurros”.
Na Câmara pareceu a quem ficou lá de forma isenta que assessores do prefeito foram ali apenas como se estivessem em uma reunião social. Segundo um site de Porto Velho o presidente da Funcultural teria dito que seu salário é muito bom o que, convenhamos, nada tem a ver com o objeto da CPI afora que (se foi mesmo feita a pergunta sobre seu contra-cheque oficial) estivesse respondendo a uma “pergunta encomendada”.
De shows em casas políticas o cidadão comum está cheio (ainda agora esse bate-boca do presidente da Câmara Federal com o Planalto cheira a mais um show do nível comum no caso, e cuja conta sobra sempre para o contribuinte). A ideia, muitas vezes, é que alguém está ali cumprindo mandato sem qualquer ideia do que aquele diploma represente ou, então, esteja apenas para complicar, tumultuar. Tudo para atender ao que alguns querem. No caso tupiniquim, o que querem é evitar que as investigações andem, daí fazer da CPI do Show o show na CPI.
Daquele espetáculo típico de boteco quem mais perdeu foi a sociedade: pagou o preço da reunião e não tem certeza de que a Câmara tenha condição de investigar, sem pressões externas, o abusivo uso do dinheiro do cidadão numa programação cujo interesse maior, pelas denúncias, pode ter sido apenas beneficiar algumas pessoas.
Considere-se dito!
Fonte: Jornal Alto Madeira
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