Terça-feira, 27 de maio de 2014 - 12h11
Prof. Edilson Lobo
Em seu livro O que é o Brasil, Roberto da Matta traça um mosaico de várias manifestações que estão presentes no dia a dia do cidadão e cidadã, que vão das coisas mais simples como por exemplo o ato de comer, passando pela cultura, economia, política e o Estado, para definir o que é o Brasil.
A cultura sem dúvida alguma, é um dos aspectos mais reveladores para por em evidência a identidade do brasileiro.
Manifestações como o carnaval, o futebol o samba e tantas outras, guardam singularidades que as tornam representativas de um povo. Tal como a tourada na Espanha, o futebol americano, o tango argentino ou o fado português.
Infelizmente o complexo de cachorro vira-lata do brasileiro de que falou Nelson Rodrigues, faz com que ele, se envergonhe, de algumas manifestações populares, vista como coisa menor.
O carnaval e o futebol por exemplo, sempre que queremos relativizar e colocar para baixo nossa estima, dizemos que este é o País do carnaval e do futebol, como se essas expressões não pudessem como nos exemplos dos países citados, ser orgulho de uma identidade cultural.
Esta é uma questão da qual não temos como fugir. O carnaval e o futebol já fazem parte do nosso universo e povoa a mente de todos os brasileiros. Faz parte e está enraizado na nossa cultura.
Qual a intencionalidade de colocar esta questão?
É o uso político que estão fazendo justamente num período que convergem, sucessão política e o campeonato mundial de futebol que ocorrerá em nosso País.
Toda instrumentalização que estão fazendo com uma manifestação tão identificada com o povo brasileiro e que tantas alegrias proporcionou e ainda proporciona ao sofrido povo brasileiro, tem se configurado como algo muito nefasto.
A tentativa de manipulação vem de todos os lados. Não tem santos nessa história.
No meio, um contingente de desavisados que se torna, pela incapacidade de pensar por si, presa fácil nesse redemoinho de interesses.
A copa é uma realidade. O que tinha que ser feito para impedi-la no tempo propício, não tivemos capacidade para fazê-lo.
Agora é ficar atento para não permitirmos que o governo tire proveito disso como cortina de fumaça aos graves problemas existentes em nosso País, tão pouco como instrumento de manipulação na mão dos que apostam no quanto pior melhor.
Uma postura consciente, crítica, reivindicadora das questões que realmente interessa à população, é a tomada de atitude mais acertada.
Quem quiser curtir seu futebol, vibrando pela seleção, que o faça, sem perder de vista a dura realidade que o cerca.
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