Terça-feira, 1 de setembro de 2015 - 07h02
Por Humberto Pinho da Silva
Artur Magalhães Bastos foi professor da Faculdade de Letras do Porto, mas tornou-se notável, mormente, por se ter dedicado, de corpo e alma, ao estudo da História da sua cidade.
Entre as numerosas obras que publicou, há uma intitulada: “ Porto e Brasil”.
No capítulo XXXII, aborda o Imperador do Brasil e a viagem que realizou, em 1872, à cidade do Porto.
Para descrever minuciosamente a visita, utilizou livro impresso em Coimbra, em 1872 – “ Viagem dos Imperadores do Brasil em Portugal”.
O Imperador ficou hospedado no “ Hotel do Louvre”, que ficava na esquina da Rua do Rosário e a actual D. Manuel II.
Visitou a igreja da Lapa, onde se encontra, em mausoléu, o coração de D. Pedro I (Seu pai).
Assistiu, na Escola Médica Cirúrgica à aula do Prof. José Frutuoso Aires de Gouveia. Passou, em seguida, pelo Mercado do Bolhão e pela fábrica da Companhia Fiação Portuense, e mostrou, entretanto, interesse de visitar o romancista Camilo Castelo Branco.
Mandou dizer ao escritor que o desejava conhecer. Respondeu-lhe que estava doente. D. Pedro II pediu-lhe, então, para o visitar em sua casa.
O escritor, perante a humildade do Imperador, aceitou.
Foi então D. Pedro à Rua de S. Lazaro. Estamos a 2 de Março de 1878. Além de Camilo estavam presentes, o Dr. Fortes, o poeta Guilherme Braga e o sobrinho do escritor, aluno da Universidade de Coimbra, José de Azevedo Castelo-Branco.
Nesse encontro - escreve Luíz de Oliveira Guimarães, em “ O Espírito e a Graça de Camilo”, - D. Pedro condecorou o prosador com a Ordem da Rosa.
Conta-se que o Imperador ao examinar os retratos dos Braganças, que Camilo tinha no escritório, juntamente com o de Bérenger, virou-se para o escritor e disse:
- O poeta Bérenger parece mais feliz que os meus antepassados! …
- É natural… – respondeu Camilo. - É menos perigoso fazer versos do que decretos!
Mais tarde ao escrever:” O Livro de Consolação”, dedicado ao Imperador, Camilo escreveu:
- (…) Senhor, quando eu escrevia estas linhas, em frente da cadeira onde Vossa Majestade se assentou, no escritório do operário, esqueci-me de que é Imperador do Brasil. Aquele a quem as envio e vejo tão somente o sábio, o modelo de principies, que, ao descerem até aos pequenos, deixam o diadema e altura onde mais subidos vão os respeitos.
D. Pedro II e a Imperatriz D. Teresa Cristina Maria, filha de D. Francisco I, Rei das Sicílias, quando abandonaram a cidade do Porto, deixaram grande saudade entre os portuenses, que ficaram encantados com a simplicidade e a vasta cultura do Imperador.
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