Sexta-feira, 30 de maio de 2014 - 08h15
Ariel Argobe
No dia 25 de julho de 2010, desembarcou no porto do Cai N’Água, em Porto Velho, vinda direto da ilha de Tupinambarana, a encantadora e novíssima alegoria que magistralmente representava o bumbá de Dona Georgina Costa. Tratava-se de uma verdadeira escultura articulada, confeccionada pelo genial artista parintinense Marcos Azevedo, o ‘Marquinho’, que oculta, sob segredo absoluto, sua formula para confecção do ‘Boi da Tradição’, o Caprichoso. Para o artista, contar detalhes e mostrar como se confecciona um bumbá, isto pode acabar com a magia do festival.
Naquela ocasião, Ariel Argobe teve a honra de recepcionar a nova alegoria e abrigá-la em sua residência, até sua partida para Guajará-Mirim, onde passou a morar no Bairro Tamandaré. O símbolo máximo da Nação Vermelha Branca ali residiu até a data de sua partida para Natal (RN), onde se apresentou pela última vez no dia 23 de maio, na Teia Nacional da Diversidade. Naquele dia aconteceu, literalmente, a matança e esquartejamento do boi de D. Georgina.
O Bumbá foi para Natal intacto e inteiro, mas voltou esquartejado. Isto mesmo! Segundo informações fidedignas, na hora do embarque, de Natal para Porto Velho, quando a dupla dublê de ‘Jack, o Estripador’, um renomado artista da agremiação e seu comparsa, que ocupa relevante posição no bumbá, souberam do valor a ser pago para transportar a alegoria - aproximadamente dois mil reais - então tiveram a infeliz ideia de fatiar, como se fosse bife, a mais relevante escultura da brincadeira de bumbá, objeto que na época custou cinco mil reais - inclusive preço de camaradagem, uma vez que o tripa do Caprichoso (Marquinhos), é muito amigo de Estelina Cunegundes e Ivete Manussakis, que encomendaram a peça para o Festival de Guajará de 2010, e que, nos dias de hoje, não sai por menos de quinze mil reais.
Um Festival que enfrenta problemas dos mais variados matizes, que não aconteceu em 2013 e que corre sério risco de não acontecer em 2014, tem em seu elenco de ‘artistas prata da casa’, gente desta ‘catigoria’, com ‘sensibilidade e perícia de um ‘Jack, o Estripador’.
Se por ventura o Festival Folclórico de Guajará-Mirim entrar realmente em declínio, vindo mesmo a desaparecer, deixando na orfandade e despregados diversos artistas, fica a certeza de que alguns deles serão absorvidos pelos açougues da cidade, onde poderão exercer a profissão de açougueiros.
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