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Áreas de integração nacional


Bruno Peron

Há um tipo de integração entre os estados brasileiros que visa à degradação. Declaram-se “guerras fiscais” entre eles para atrair empresas transnacionais e empregar o excesso de mão-de-obra ociosa e desqualificada, enquanto alguns estados crescem em função da insustentabilidade ambiental na exploração de borracha (Amazonas), minérios (Pará) e pecuária (Mato Grosso).

A maior decepção é saber que nossa integração nacional tem-se feito para cumprir ciclos econômicos e exportar aquilo que temos de mais rudimentar (ferro, açúcar, soja e bois). Não tarda muito para que logo compremos de empresas estrangeiras ligas metálicas complexas, ovos de Páscoa da Nestlé e alimentos processados em restaurantes gringos de comida rápida.

Evidentemente o Brasil assiste estarrecido ao resultado de cálculos históricos que têm resultado em suas mazelas sociais (aumento de violência, empregos temporários, manifestações nas ruas, etc.). Quase R$ 50 bilhões se investiram em infraestrutura para jogos de futebol da Copa do Mundo mais R$ 2 bilhões para garantir a segurança de turistas. Enquanto isso, meninos brasileiros capturam caranguejos nos mangues de Recife para ganhar alguns trocados.

Não hesito, portanto, em garantir que os brasileiros continuamos famintos de algum legado que deponha os caprichos das elites e espante os políticos vende-pátrias, como “nunca antes na história deste país”. Somente com uma mudança substantiva em nosso sistema político, o Brasil se reorganizará e reeducará sua gente. Assim urge uma democracia direta gerida por conselhos de intelectuais que não ganharão um centavo para ter funções públicas porque o farão pelo bem coletivo e sem o desejo de ocupar cargos (muitas vezes vitalícios) como vemos na política.

Neste novo cenário de gestão pública, haveria outro modelo de integração nacional através do qual se criem identidades regionais nos desenvolvimentos do Brasil. Teríamos, assim, estados que concentrem investimentos e negócios em arquitetura, botânica, engenharia naval, física nuclear, pesquisa espacial, pesquisa com produtos químicos, e assim por diante. Naturalmente algo já ocorre neste sentido, mas haveria esforço maior de planejamento do Estado para que cidades brasileiras concentrem certos eventos e atividades em cultura, ciência e tecnologia.

Dessa forma, Manaus poderia ser capital da botânica em vez de aumentar a degradação ambiental com seus bairros industriais. São Luís poderia ser a capital da pesquisa aeroespacial. Natal, da pesquisa geológica. João Pessoa, dos estudos sobre o mar e a meteorologia. Palmas, do turismo de aventura. Estas cidades seriam nacional e internacionalmente reconhecidas nestas áreas. A finalidade deste novo perfil regional é investir em eventos, formação técnica, universidades, museus, ciência e tecnologia em áreas específicas e definir assim suas identidades.

Haveria uma grande mudança que valorizaria cada rincão do Brasil. O que temos hoje é um tudo (eixo Rio de Janeiro – São Paulo) ou nada (restante do país). Portanto sugiro que se criem identidades infraestruturais regionais em cada cidade e região do Brasil que envolvam investimentos em áreas que agreguem valor aos empreendimentos e à mão-de-obra.

O Brasil não poderá concorrer, por exemplo, com os Estados Unidos enquanto não mudar seu perfil de desintegração nacional. Em nosso país, há desestímulo ao empreendedorismo e dependência exagerada do Estado, um Pai Santo que abençoa seus filhos sem ensiná-los a merecer o pão que eles comem. Enquanto isso, nos Estados Unidos, jovens criativos saem do nada para fundar empresas bem-sucedidas como Facebook, Google e Twitter.

Um mundo de competitividade acerba não é o ideal para seres que desejam fraternidade e solidariedade. No entanto, estímulos ao trabalho são importantes para que as pessoas entendam que o mérito é a recompensa daqueles que se dedicam e perseveram em seus projetos.

Tais estímulos passam pelos esforços em prol da integração nacional.

Temos que reformar o Brasil para que nosso país avance de verdade.

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