Quinta-feira, 5 de novembro de 2020 - 10h23
A agricultura
brasileira é um gigante. O Valor Bruto da Produção Agrícola, que mostra o
tamanho do negócio dentro da porteira, atingiu R$ 520 bilhões em 2020, segundo
o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), com crescimento
de expressivos 13,6% sobre o ano passado. A expectativa para 2021 é de novo
aumento de dois dígitos, a partir da previsão da próxima safra recorde de
grãos.
O agricultor
brasileiro é a peça principal dessa engrenagem. Ele trabalha de sol a sol, reza
para a chuva, planta, colhe, prepara o solo, planta novamente. E, dessa forma,
cumpre o papel essencial de produzir alimentos para atender às necessidades dos
brasileiros e de outros 180 países espalhados pelos sete continentes – as
exportações agrícolas devem superar US$ 70 bilhões até o final do ano.
Um profissional
anônimo, da linha de frente da agricultura, também tem importância vital na
cadeia da produção de alimentos: o responsável técnico. É o engenheiro
agrônomo, o engenheiro florestal e também o técnico agrícola. Eles merecem todo
o nosso reconhecimento e respeito.
Sua função é vital
para o sucesso do agronegócio. Esses especialistas são verdadeiros consultores
de campo, fontes técnicas preparadas para atender às necessidades dos
agricultores, orientar, capacitar, dar sua contribuição ao ciclo completo da
produção de alimentos de origem vegetal.
Especificamente em
relação aos defensivos agrícolas, eles são os únicos legalmente habilitados a
prescrever o receituário agronômico, procedimento obrigatório para a
comercialização para os agricultores.
A prescrição segue
regras rígidas. Os engenheiros (agrônomos ou florestais) e técnicos agrícolas
somente podem receitar produtos para as culturas e/ou os problemas para os
quais os produtos fitossanitários estão indicados, segundo as recomendações de
rótulo e bula aprovadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento, Anvisa e Ibama.
E isso é muito sério.
Afinal, o receituário representa uma autorização por escrito para o agricultor
aplicar determinado agroquímico nos seus cultivos. Assim, antes da elaboração
da receita, os responsáveis técnicos precisam avaliar todos os fatores
envolvidos no uso dos defensivos agrícolas. E fazem isso com muita competência.
Essa responsabilidade
pelo uso seguro e responsável dos agroquímicos e pelas boas práticas agrícolas
é de um exército. Segundo estimativas de instituições de classe, são mais de
200 mil engenheiros agrônomos e florestais, além de técnicos agrícolas, no
exercício dessa função essencial.
O trabalho desse
grupo seleto contribui decisivamente para proteção e controle de doenças,
pragas e ervas daninhas, inimigos que podem derrubar quase pela metade a
produção do campo no país.
Nesse sentido, aliás,
o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal coloca à
disposição dos responsáveis técnicos e demais envolvidos na cadeia da produção
de alimentos dois materiais muito importantes. Um deles é o conteúdo “10
Regras de Ouro do Uso Correto e Seguro de Defensivos Agrícolas”, que facilita
o acesso às boas práticas agrícolas. As recomendações envolvem
planejamento, certificação de produtos, transporte adequado, proteção
individual, aplicação fiel às doses recomendadas e descarte correto das
embalagens utilizadas e de sobra de produtos. O outro é um detalhado manual de
segurança para a aplicação de defensivos agrícolas. O documento foi elaborado
em parceria com o Centro de Engenharia e Automação (CEA), do Instituto
Agronômico (IAC), vinculado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado
de São Paulo.
Defensivos agrícolas
são produtos essenciais que requerem cuidados especiais. Usá-los da forma
correta e segura é benéfico para o agricultor, o meio ambiente, as plantações e
a sociedade. Com essa premissa, o Sindiveg desenvolveu uma plataforma digital de
treinamentos sobre produtos fitossanitários, sua importância e uso correto e
seguro no campo. A proposta é compartilhar conhecimentos com produtores –
especialmente os pequenos e médios –, técnicos e demais interessados. São
quatro conteúdos no primeiro módulo, com os seguintes temas centrais: O que são
defensivos agrícolas e quais os cuidados a ser tomados no seu uso; Controle de
riscos; Equipamentos Individuais de Segurança (EPIs); e Como colocar e retirar
os EPIs de forma correta. A ferramenta é totalmente gratuita e gera um
certificado ao final do módulo. As inscrições podem ser feitas em
treinamentos.sindiveg.org.br.
Fica aqui nossa
homenagem aos responsáveis técnicos, homens e mulheres que amam o campo e se
dedicam a cumprir o seu relevante papel na cadeia da produção de alimentos de
origem vegetal. Cumprindo bem o seu papel, vocês ajudam a agricultura
brasileira a bater recordes de produção e produtividade ano após ano.
*Fabio Torretta é engenheiro
agrônomo especialista em marketing e gestão, diretor do Sindicato Nacional da
Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg) e presidente da UPL
Brasil.
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