Quinta-feira, 11 de abril de 2024 - 17h45
O título em epígrafe foi dito pelo atual presidente da Companhia Pernambucana de Saneamento (COMPESA), Alex
Machado Campos, em entrevista concedida ao tomar posse em 1 de setembro de
2023.
Também é de
conhecimento público que a governadora de Pernambuco, em 3 de maio de 2023,
assinou um contrato (de R$ 8.351.175,77) com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para que
apresentasse propostas de participação de investimentos privados, ou seja, a
concessão dos serviços específicos de saneamento, água e esgoto,
atualmente prestados pela Companhia Pernambucana de Saneamento (COMPESA). Este
contrato teve a chancela do Conselho do Programa de Parcerias Estratégicas de
Pernambuco (CPPPE), vinculado à Secretaria de Planejamento e Gestão.
Importante destacar que a promessa do presidente da
COMPESA, ocorreu mesmo antes dos resultados do estudo apresentado pelo BNDES,
que somente foram divulgados em 18 de março de 2024. No relatório final, o
BNDES apresentou 3 propostas. A de concessão total, a de concessão parcial, e a
de conceder ao capital privado somente os serviços de coleta e tratamento de
esgoto.
Se o compromisso assumido pelo presidente da
COMPESA for referendado pela governadora, que também tem afirmado ser contra a
privatização total da empresa, somente duas propostas serão analisadas. A de
concessão parcial dos serviços à iniciativa privada (uma privatização parcial)
no saneamento, água e esgoto. E a outra proposta seria a transferência para o
setor privado somente dos serviços de coleta e tratamento dos esgotos. O modelo
de privatização será tornado público, no mês de abril corrente, conforme
declaração recente da governadora.
A
discussão sobre privatização (transferência dos ativos da empresa pública para
a iniciativa privada, alienação dos bens) voltou à tona em Pernambuco com mais
intensidade no atual governo de Raquel Lyra (PSDB). E assim, depois da
privatização da Companhia Energética de Pernambuco (CELPE), no ano 2000, outra
grande empresa estatal, patrimônio do povo pernambucano, está na mira da
privatização.
As experiências
privatistas iniciadas nos anos 1990, como a das privatizações das
distribuidoras de energia elétrica, serviram para demonstrar que esse não foi
um bom caminho adotado pelo país. A realidade pós-privatização acabou
provocando um grande pesadelo nos consumidores de energia elétrica. O que era
(e é) propagandeado como benefícios da privatização não ocorreram, como a
modicidade tarifária, a melhoria na qualidade dos serviços prestados com
investimentos em tecnologia, inovação, e uma eficiente gestão empresarial da
empresa.
Nestes 24 anos, desde a privatização da Companhia
Energética de Pernambuco (CELPE), suas tarifas explodiram, e a qualidade dos
serviços prestados despencaram, segundo indicadores da própria Agência Nacional
de Energia Elétrica (ANEEL). Diante deste contexto, deveria existir um cuidado
especial do governo estadual ao falar em privatização, principalmente pelo que
ocorreu com a CELPE privatizada.
A população pernambucana tem sofrido com as
consequências de um processo que só tem beneficiado aos investidores privados,
cujo compromisso é somente com o lucro. E não beneficiar o povo e sua
soberania. E agora, diante de argumentos semelhantes que motivaram a
privatização da energia, a história se repete, com acenos a população da
universalização do acesso (água) e ao esgotamento sanitário até 2033, que
chegaria a beneficiar quase 8 milhões de pessoas, segundo o governo estadual.
O sinal de alerta foi aceso. Os processos de
privatização ocorridos no setor elétrico seguiram o modus operandi no
contexto reinante da lógica “sucatear para privatizar”. Assim, para ludibriar,
enganar as pessoas e convencê-las de que a única saída para os problemas nos
serviços públicos e nas empresas estatais seria privatizar; começam a cortar os
recursos financeiros, os orçamentos minguam, os investimentos são
insuficientes, redução do pessoal. Intencionalmente e propositalmente, os
governantes comprometidos em vender empresas estratégicas, reduzem a qualidade
dos serviços públicos, descredibilizando as empresas e seus funcionários junto
a seus clientes. Acabam facilitando a aceitação da privatização pela população.
O mesmo caminho segue a privatização da água e do saneamento.
No mundo, segundo um levantamento do banco de dados
Public Futures (publicfutures.org), coordenado pelo Instituto Transnacional
(TNI) da Holanda, e pela Universidade de Glasgow, privatizações realizadas nos
serviços de água e esgoto, foram revertidas em 37 países, devido a piora nos
serviços de água e esgoto. Essas reversões foram motivadas pela medíocre
qualidade dos serviços prestados, pelas tarifas abusivas cobradas, falta de
transparência, dificuldade em fiscalizar os operadores privados e investimentos
insuficientes. Exemplos não faltam. Por exemplo, em Paris (França), as tarifas
de água aumentaram 174% com a privatização; Berlim, subiram 24%; e em Jacarta,
capital da Indonésia, a tarifa triplicou.
A privatização (sob que forma for) da COMPESA é um
projeto que vai na contramão do mundo. Será ruim para a população, para os
trabalhadores (as) da empresa, e para o meio ambiente.
Resta à sociedade, os consumidores/eleitores
assumirem o papel de resistência às propostas contrárias ao interesse público,
ao interesse coletivo. Diga NÃO à privatização da COMPESA. Não acredite em
falsas soluções, nas falácias dos entreguistas do patrimônio público à
iniciativa privada. Água é um direito não é mercadoria.
Em recente pronunciamento, na véspera da reunião do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) em 10/12/2024, onde se decidiria pela conclusão,
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