Terça-feira, 8 de outubro de 2019 - 11h44
Daniela Generoso*
Captar a dor humana é algo que apenas o silêncio pode alcançar. No entanto, essa dor pode fugir das percepções humanas, principalmente quando uma criança é abusada. A sociedade de um modo geral precisa estar atenta, já que as crianças são extremamente vulneráveis a qualquer tentativa de maldade humana.
É importante ressaltar que elas sofrem como um adulto no conceito de dor. O que muda é a forma que percebemos isso. Há alguns indicadores psicológicos muito comuns, quando uma criança é violentada, inclusive as menores de três anos de idade.
As principais características são os transtornos alimentares, irritabilidade, alterações no nível de atividade junto com condutas agressivas ou regressivas, uma compreensão precoce da sexualidade e atividades sexuais inadequadas, a mentira como artifício frequente. Além de crueldade contra os outros e os animais e sentimentos profundos de tristeza e desesperança.
Algumas ainda desenvolvem transtorno de atenção, síndrome da acomodação e da vitimização, Jogos sexuais persistentes e inadequados com crianças da mesma idade, como também a insistente desconfiança das figuras significativas, mau relacionamento com seus pais e dificuldades em fazer amizades dentre outros.
Esses sintomas isolados podem caracterizar muitas outras questões. Porém, para análise correta temos que correlacionar a observação clínica, os dados coletados em anamnese pelos pais, testes psicológicos e a escuta ativa. Na abordagem existencial humanista, não olhamos para criança como diagnóstico e, sim, como um ser que precisa ser visto e a sua alma tocada.
A criança que é abusada seja por tortura psicológica, física ou sexual, tem sua infância roubada e sua alma dilacerada aos poucos. Geralmente, elas conseguem se refazer de forma mais rápida que um adulto. Porém, quando crescem, acabam remoendo sua dor e seu algoz por diversas vezes pela lembrança de sua mágoa.
É fundamental protegê-las de possíveis predadores. Pais, precisam saber quem se aproxima de seus filhos, por onde andam. Esse cuidado é importantíssimo, pois a dor do abuso perdura por anos e anos e alguns, quando chegam na adolescência ou na fase adulta, chegam até a desenvolver pensamentos suicidas.
Em todo caso de dúvida, se uma criança foi abusada ou não, procure um profissional de psicologia infantil ou converse com pediatra, porque através de testes psicológicos e a observação clínica é possível identificar.
(*) Daniela Generoso é Psicóloga e presidente da Ong é Possível Sonhar que atende crianças, adolescentes e mulheres vítimas de violência doméstica.
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