Sábado, 31 de agosto de 2024 - 10h13
Lamentam, frequentemente, pais e educadores,
que as crianças são irrequietas e incapazes de brincarem como as de outrora.
Conheço vários professores que sentem
dificuldade a manterem-nas sentadas, durante uma hora – crianças e adolescentes
– dentro da sala de aula. A maioria são desrespeitadoras, e sem educação;
movimentam-se, conversam, e usam com frequência o telemóvel (celular).
Não estou a referir-me aos que insultam e
agridem os mestres. Inegumes, quantas vezes apoiados pelos progenitores.
Beltrand
Russel - conhecido filósofo e sociólogo inglês. Premio Nobel, que
faleceu em 1970, aborda, numa das suas obras, esse tema, e tenta explicar as causas
desse comportamento ignaro:
(...) " Os pais modernos são bastante
censuráveis; proporcionam aos filhos demasiados prazeres passivos, tais como espetáculos
e guloseimas e não compreendem a importância que tem para uma criança um dia
ser igual a outro dia, exceto, claro, nalgumas raras ocasiões. Em geral, os
prazeres da infância deveriam ser aqueles que a própria criança descobrisse no
seu ambiente por meio de algum esforço de imaginação. Os prazeres que excitam,
e ao mesmo tempo não implicam qualquer exercício físico, o teatro, por exemplo,
só lhes seriam facultados muito raramente. A excitação é da mesma natureza dos
narcóticos, que cada vez se tornam mais exigentes, e a passividade física
durante a excitação é contrária ao instinto. Uma criança desenvolve-se melhor
quando, tal qual como uma jovem planta, a deixam tranquila no mesmo solo.
Demasiadas viagens, demasiadas variedades de impressões, não são boas para as
crianças e tornam-nas mais tarde, quando forem crescidas, incapazes de suportar
uma monotonia fecunda. (...) Projetos construtivos não se formam facilmente no
cérebro de quem levar uma vida de distrações e dissipações, pois nesse caso os
seus pensamentos serão sempre orientados para os prazeres imediatos mais que
para realizações distantes. - " A Conquista da Felicidade”
Conclui-se, portanto o cinema, a Tv.,
frequentes imagens e jogos excitantes, em demasia, são narcóticos que
prejudicam o desenvolvimento natural do cérebro.
Pessoalmente não concordo. Inteiramente, com a
opinião do notável sociólogo, mas que tem carradas de razão, isso tem!...
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