Terça-feira, 15 de abril de 2025 - 13h25
Em 1956, quando Juscelino
Kubitschek resolveu erguer Brasília, realizou uma cerimônia no local onde hoje está o Memorial dos Povos
Indígenas. Com uma pá dourada, cavou a primeira vala enquanto recitava versos,
invocando proteção divina para a cidade. O ato reproduzia o ritual maçônico de
lançamento da pedra fundamental, ou pedra angular, onde o líder usa ferramentas
simbólicas para consagrar o terreno. Juscelino,
maçom iniciado em 1936, na Grande Loja Comércio e Artes, de Minas Gerais, não
estava apenas transferindo a capital do Brasil para o cerrado, estava
materializando um projeto de nação, inspirado no simbolismo maçônico, na
grandiosidade egípcia e na utopia de um país integrado e justo. Brasília nasceu
para ser mais que uma cidade: um templo cívico, onde os três Poderes
coexistiriam em harmonia, guiados por princípios éticos e uma espiritualidade
laica. Seu traçado, comparado ao de Akhetaton — a cidade solar do faraó
Akhenaton —, revelava a ambição de criar um centro de poder iluminado, distante
da corrupção e do sectarismo do litoral.
Brasília é uma cidade de
linhas limpas e horizontes amplos, onde a arquitetura modernista de Oscar Niemeyer
que, embora ateu e comunista, seguiu com seus traçados que dialogavam com o
simbolismo ancestral, idealizados por JK. O plano piloto de Brasília foi
descrito pelo arquiteto francês Leon Pressouyre, relator da candidatura de
Brasília ao título de Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO, como
"um pássaro gigante com asas abertas voando para direção sudeste",
reforçando a interpretação simbólica da renovação e, não um avião, como os
neófitos conseguem reproduzir. A Catedral Metropolitana, com seus vitrais azuis
filtrando a luz do sol, remetia aos templos de Heliópolis, dedicados ao deus
Rá. A Praça dos Três Poderes, organizada em triângulo, ecoava a tríade egípcia
(Osíris, Ísis, Hórus), Liberdade, Igualdade e Fraternidade, e o equilíbrio
maçônico entre razão e espírito. Até a data de inauguração, 21 de abril,
carregava significado: homenageava Tiradentes, mártir da Inconfidência e maçom,
reforçando o ideal de libertador. JK, via na capital um laboratório para um
Brasil novo, onde a política seria exercida como arte nobre, não como comércio
de interesses.
Mas o que restou desse
projeto? Sob Lula, Brasília tornou-se palco de um espetáculo de autoritarismo e
hipocrisia. O Judiciário, que deveria ser guardião da lei, age como braço
político do governo. O caso do ex-deputado Daniel Silveira é emblemático:
condenado a 8 anos de prisão por críticas ao STF sob a Lei de Segurança
Nacional — uma herança da ditadura militar —, sua pena desproporcional revela o
uso seletivo da Justiça para calar opositores. Enquanto isso, aliados do
governo envolvidos em escândalos de corrupção, como os irmãos Rodrigues (do
MDB), escapam ilesos, protegidos por acordos políticos. A Operação Lava Jato,
que expôs esquemas bilionários sob governos petistas, foi enterrada em nome da
"reconciliação nacional", enquanto investigações contra adversários
são aceleradas com vazamentos estratégicos à mídia.
A Praça dos Três Poderes,
desenhada para ser um espaço de diálogo, hoje é um campo de batalha. Os ataques
de 8 de janeiro de 2023, quando manifestantes invadiram prédios públicos, foram
seguidos de uma repressão que misturou criminosos reais com cidadãos pacíficos,
muitos presos sem provas. O governo Lula, em vez de buscar a pacificação, alimenta
a narrativa de "golpe", usando o episódio para justificar censura e
perseguições. Enquanto isso, esquemas como o orçamento secreto — que canalizou
R$ 20 bilhões em emendas parlamentares obscuras em 2022 — continuam intactos,
financiando aliados em troca de apoio. A corrupção, longe de ser combatida,
tornou-se moeda de troca.
JK sonhava com uma capital
onde não houvesse lugar para elites segregadas. As superquadras, sem muros ou
grades, simbolizavam essa utopia. Hoje, Brasília é uma cidade partida: o Plano Piloto,
hoje, uma ilha de privilégios, contrasta com as periferias esquecidas, como
Ceilândia, onde falta saneamento e segurança. Um parêntese, para brincar. Outrora vivi,
durante 24 anos, com uma mulher que tinha o seu nome homenageado numa cidade. Cêila!
Bons tempos! Só pra relaxar...
O Memorial JK, que deveria ser
um farol da história, está abandonado, visitado mais por turistas estrangeiros
que por brasileiros. Enquanto isso, o Congresso Nacional, cujas cúpulas
representavam abertura ao diálogo, o simbolismo do masculino e do feminino
sagrado, transformou-se em um balcão de negócios, onde projetos de lei são
barganhados por cargos e verbas.
O mais trágico é a perda do
sentido espiritual que JK imprimiu à cidade. Brasília foi concebida para ser um
centro de energia cósmica, como as pirâmides do Egito ou os templos maçônicos.
O Templo da Boa Vontade, com sua pirâmide de cristal, ainda atrai peregrinos em
busca de paz, mas o mesmo não se pode dizer dos corredores do poder. Lula, que
se diz "escolhido por Deus", e, depois, cai na macumba, apropria-se
de retórica religiosa enquanto promove políticas que dividem o país. Seu
governo, marcado por alianças com milícias digitais e grupos radicais, enterrou
o ideal de conciliação.
JK, o visionário que mudou a capital
em menos de quatro anos, certamente se horrorizaria com o que Brasília se
tornou. Em vez de uma cidade que olha para o futuro, é um espelho das piores
ambições humanas: poder pelo poder, corrupção sem vergonha, Justiça seletiva.
Seu projeto, que unia razão e transcendência, foi substituído por uma máquina
de tráfico de influência.
Resta a pergunta: há como
resgatar o legado de JK? A resposta exige coragem. É preciso devolver à
política seu caráter sagrado — não no sentido religioso, mas como missão de
servir. Rejeitar a polarização, punir corruptos de todos os lados e restaurar o
Judiciário como instituição neutra. Brasília ainda pode ser a "capital da
esperança", mas apenas se lembrarmos por que foi construída: não para
celebrar homens, mas para honrar ideais. Como escreveu JK: "Brasília
é um desafio ao eterno e ao infinito". Caberá a nós, homens livres
e de bons costumes, e às novas gerações, decidir se esse desafio será vencido —
ou se perderemos, para sempre, a última centelha do sonho que um maçom ousou
tornar realidade. Nós, com a força fraternal que nos une, precisamos resgatar
esse legado, como assim escreveu o jornalista e maçom Ozório Duque Estrada, a
frase que está gravada no Hino Nacional Brasileiro, "Mas, se ergues
da justiça a clava forte. Verás que um filho teu não foge à luta!
Rubens Nascimento é
jornalista, formado em Direito, Mestre-Maçom- GOB e ativista do
desenvolvimento.
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