Quinta-feira, 18 de agosto de 2022 - 13h53
Meu
pai era jornalistas.Às sextas-feiras, publicava a secção “ Apontamentos “, in:
“ O Comércio do Porto”.
Certa
vez, jovem liceal – assíduo leitor, – escreveu-lhe, interrogando: " Por
que emprega pontuação, que meu professor de português, considera
imprecisa?"
Respondeu-lhe, mais ou menos, deste moda:
" Cada qual tem seu estilo, escreve, muitas vezes de modo que o gramático
taxa abstruso." - Como os textos de Saramago, – digo eu.
Antero de Quental considerava, que se devia
escrever com simplicidade e clareza. Ter estilo – a seu parecer, – é descobrir
ideias. Não ter estilo, é nada dizer: encher de palavras folhas de papel...
Geralmente quem critica – excepto o critico
honesto, – move-se pela inveja. Dizia Cruz Malpique, em 1991:" A
crítica entre nós, é a impressão escrita sobre o joelho, com a pressa de quem
vai salvar o pai, da forca; escrita por amizade, ou por antipatia; nem sim nem
sopas; a de ajustes de contas (agora é que ele vai saber de que força é o filho
de meu pai!); a de ciúmes recalcados..."
Helena Sacadura Cabral, teve parecer
semelhante, no: " Diário de Noticias": " Em Portugal há
uma longa tradição de murmúrio. De inveja. De cobiça. E de preguiça também. Os
valores raramente são reconhecidos, e os mais inteligentes constituem o pasto
ideal para calúnia."
Quantas vezes o sucesso do escritor não é
devido, também, à ideologia que professa?
Certa ocasião participei num colóquio
entre Joaquim Paços d'Arcos e Óscar Lopes, onde este teceu, com mestria,
desagradáveis comentários ao escritor. Estranhei, o parecer do crítico, mas não
percebi os velados remoques.
Manuel António Pina, em: " Por Outras
Palavras" (JN. 26/01/2012) esclareceu-me, o: " (...) Suplemento
Literário dirigido por Nuno Teixeira Neves (acabou) por não ter sido
devidamente louvado um medíocre romancista do regime, Joaquim Paços
d'Arcos." – opinião do autor. Daqui se conclui: o crítico – em
geral, – encontra-se encantoado em capelinhas politicas, louvando ou botando
abaixo, o que não é da sua devoção.
Poderia citar outros casos, assim como são
atribuídos, alguns prémios literários... e " muchas otras cosas más",
como disse, com graça, Cruz Malpique.
Reis Brasil, na comunicação que fez no III
Congresso de Escritores Portugueses, afirmou: " (...) A grande
maioria dos críticos lusos peca por crassa ignorância, por inconsciência, por
falta de honestidade."
Sem " padrinhos" ou "
pistolão", como dizem os brasileiros, é difícil fazer carreira em qualquer
profissão.
Por detrás do mérito, há quase sempre,
razões que a razão, por vezes nunca conhecerá.
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