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Crônica

A janela da culpa


Por William Haverly Martins - Gente de Opinião
Por William Haverly Martins

Na janela da culpa não há vistas que denunciam os culpados. A culpa é interior, mas nunca é nossa, somos mestres em colocar a culpa nos outros, Sartre sabendo disso imortalizou a frase o inferno é o outro. Por outro lado, o sentimento de culpa, se não for bem administrado, pode nos levar a situações de difícil trato, sendo necessário a ajuda de um profissional especializado.

Esta foi uma falha de criação, o dosímetro do criador não foi vistoriado pelo anjo da guarda e o diabo aproveitou a oportunidade:  foi barro demais em alguma parte do sistema límbico do cérebro, exagerando na função da culpa que deveria ser própria da natureza humana, ou o sopro foi um pouco mais forte na hora de precisar a dose de egoísmo, necessária a cada ser em processo de criação.

O fato é que todo ser é egoísta, mas nem todos maximizam o eu a ponto de se tornarem egocentristas, o acirramento das falhas variou no espaço e no tempo, conforme a origem genética e o meio em que cada um evoluiu, culminando em várias doenças, inclusive a psicopatia. Psicopata/Sociopata é aquela pessoa que não tem empatia pelo outro, que não sente remorso por ter feito algo ruim. Eles são juízes deles mesmos e não se preocupam com a opinião alheia. Não sentem culpa e são egocêntricos.

O sentimento de culpa não é de todo ruim, quem sente culpa tem maior capacidade de empatia e conexão com o outro. Difícil é assumir a culpa, mesmo sabendo-se parte dos seres humanos ditos normais, sem sentir vergonha, raiva e remorso. É comum apontar o outro, transferindo a negatividade.

A culpa pode ser preocupante, e merece tratamento, quando você fica paralisado, remoendo os pensamentos, se punindo, tornando-se vulnerável a outros sentimentos negativos.

A janela da culpa costuma mostrar vistas em sentido contrário, para dentro de si mesmo, feito flechas atiradas ao âmago, tensionadas pelo sistema nervoso, forçando um diálogo autocrítico para escapar da culpa, justificando os erros, sem jamais admiti-los. A raiva sobre si mesma, pode levar uma pessoa a perder o controle e tornar-se vulnerável, ingerindo álcool, drogas; pode descambar para a depressão e até mesmo para o suicídio.

É um processo difícil mas fique atento à forma como você reage ao sentimento de culpa, não deixe que as vistas da janela da culpa se voltem contra você, seja como a gota de chuva que jamais se culpa pela inundação. Errar é humano, ninguém tem o controle total sobre a vida. Somos seres imperfeitos por natureza! Apesar dos pesares não fuja à responsabilidade de reconhecer que você é o responsável pelos seus atos. Pare de se agredir. Autoaceite-se!!! 

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