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Crônica

A janela do destino


A janela do destino - Gente de Opinião

De todas as janelas abstratas da vida, a do destino é a que se apresenta com o maior número de vistas enigmáticas, que vão sendo desvendadas paulatinamente, ao longo da viagem da vida, como se fossem vários destinos dentro de um só. O sucesso, mesmo o oriundo de vias tortuosas, é construído com atitudes, caráter e uma boa pitada de sorte. O destino só vem pronto para aqueles que nascem com a bunda virada pra lua.

Há quem acredite que nada acontece por acaso, como que sugerindo que, no fundo, todos os acontecimentos tem um plano secreto, com entendimento inalcançável ao ser humano.

Acreditar que o destino já vem determinado não é uma boa, como não é sensato colocar seu destino nas mãos de Deus. Se assim fosse, pra que livre arbítrio, se Deus já sabe antecipadamente seu futuro? O porvir só a você pertence.

A materialização do destino é pessoal, o será depende de suas escolhas, de sua coragem em identificar, passo a passo, a estrada certa, diante das encruzilhadas. Não é fácil! Vale lembrar que o favorecimento de Deus se confunde com a autoajuda.

Melhor é avançar, desconsiderando os percalços e as pedras no caminho. A literatura e a filosofia nos ensinam que é doloroso viver pelo amanhã, assim, a alternativa é viver pelo hoje, tomando como base o passado e ignorando o porvir, sem desprezar os empurrãozinhos da sorte, ainda que inexplicáveis.

A janela do destino, que pretende desvendar vistas longe demais, é míope, experimente lentes para mais perto, como a educação, o esforço do aprendizado, a ajuda de terceiros, assim você pode produzir vistas de qualidade, o que equivale a puxar, na corrente da roda da vida, um elo de cada vez.

Por outro lado, se o destino se confunde com a esperança, pode tornar-se doloroso, incerto, sujeito ao martírio do tempo de espera. Depois de uma longa evolução dos sapiens, vários conceitos, como o céu e o inferno e o espírito imortal do pós mortem, foram gerados pela vaidade, teimosia e irracionalidade dos seres humanos, por não se conformarem com a morte absoluta, como acontece com os demais animais e os seres vivos vegetais. Só a morte, como um fim absoluto, nos libertaria definitivamente da esperança, mas materializar a esperança faz bem ao existencial.

Infelizmente ou felizmente, o princípio da morte absoluta está fora do nosso conhecimento empírico. As vistas calmantes e vaidosas da janela do destino/esperança, enquanto transcendentes, pairam absolutas, prioritárias. Fodam-se as vistas materializadas pela janela da razão!!!   

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