Segunda-feira, 27 de janeiro de 2025 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Crônica

Achegas sobre a emigração portuguesa no Brasil


Humberto Pinho da Silva - Gente de Opinião
Humberto Pinho da Silva

Em meados do século XIX, o Rio de Janeiro, fervilhava de emigrantes portugueses, esperançados de encontrarem a: " árvore das patacas".

Os mais pobres, iam em navios negreiros, na condição de pagarem a viagem ao engajador, com dinheiro obtido no trabalho que conseguiam em fazendas.

Muitos morriam devido a maleitas; outros, por excesso de trabalho, quase escravo.

A deplorável situação chegou a ser ventilada, na segunda metade do século XIX, em Pastoral, escrita pelo Arcebispo de Braga, avisando os mancebos do perigo de serem enganados pelos angariadores; mas, raros foram os que escutaram os sensatos conselhos.

Em 1879, narra Silva Pinto, que encontrou Rafael Bordalo Pinheiro, junto do teatro D. Pedro, no Rio, em que o notável artista contou os horrores que passou no Brasil.

Embarcara cheio de ilusões em 1875, na época era ilustrador do " Lanterna Mágica", publicação lisboeta.

Regressou três anos depois, descorçoado, com mulher e filha, após ter sido injuriado, e ver o gabinete de trabalho, na Rua do Ouvidor, assaltado por populares, sem ter recebido proteção da polícia, nem do Consulado Português!

Segundo a " Caixa de Socorros de D. Pedro V", fundada no Rio de Janeiro, de, 1861 a 71, havia no Rio 49.610 emigrantes portugueses. A "Caixa" repatriou 4.000, e faleceram, durante esse período, 11.000. É desconhecido a situação dos que foram trabalhar para o interior.

Os repatriados chegavam a Portugal, desiludidos ainda mais pobres do que partiram.

No livro " No Brasil", Silva Pinto, relata a chegada de paquete francês, a Lisboa, com vinte passageiros, vindos do Brasil: " Só dois obtiveram fortuna – o primeiro alugando escravos ao mês; o segundo (uma mulher,) alugando-se diariamente. Os restantes (...) chegaram doentes, arruinados e cheios de dívidas"

O invés, parece acontecer agora, aos imigrantes que chegam a Lisboa, com a cabeça cheia de fantasias, (alguns de dupla nacionalidade).

Vasco Malta, Chefe da Missão em Portugal, da Organização Internacional das Migrações (OIM), tem ajudado muitos imigrantes a regressarem à terra natal. Brasileiros foram, 1831, desiludidos por não terem conseguido trabalho, nem casa. Alguns encontravam-se na mais esquálida miséria.

Repete-se, infelizmente, em pleno século XXI, a História e as histórias, dos portugueses, no século XIX e XX, no Brasil.

 

Gente de OpiniãoSegunda-feira, 27 de janeiro de 2025 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

Sustança

Sustança

O Brasil é, realmente, um país onde as diferenças regionais são gritantes. Com exceção do que existe em comum em todo o Território Nacional, como o

Por que os brasileiros mudaram de opinião

Por que os brasileiros mudaram de opinião

Tinha vinte e poucos anos quando a aldrava da porta da casa paterna soou três rijas pancadas. Era casal com sotaque carioca. Meu pai recebe-os de br

O primeiro livro de Júlio Dinis

O primeiro livro de Júlio Dinis

Recentemente narrei o grande amor de Júlio Dinis, pela menina Henriqueta, companheira de folguedo do escritor, e pupila do Senhor Reitor de Grijó (G

A ambiguidade criativa

A ambiguidade criativa

Certa vez, padre Vitor Ugo, que já não era padre, mas dizia que uma vez padre, sempre padre, durante uma exposição do VII Salão de Artes Plásticas d

Gente de Opinião Segunda-feira, 27 de janeiro de 2025 | Porto Velho (RO)