Sexta-feira, 25 de novembro de 2022 - 17h29
A gente sabe, uma sociedade
justa, democrática, sem preconceitos e igualitária é uma utopia, mas daquelas
utopias necessárias, que de tanto serem almejadas, acabam deixando ver que
vivemos em uma distopia, um lugar de baixa qualidade de vida, marcado pela
conveniência das cortes do judiciário, pela opressão, pelos preconceitos e pela
desesperança, aniquilando, em parte, nossos sonhos. A gente também sabe,
diminuindo as diferenças, melhora a convivência. Diferenças
não significam divergências.
Os
preconceitos desvirtuam, inflamam as relações sociais, ainda assim os estigmas
psicológicos decorrentes vão sendo assimilados na consciência, plasmando novos
conceitos, novo jeito de ser. O racismo brasileiro, por exemplo, é o
preconceito que mais resiste às modificações, principalmente porque é
estrutural e o pardo tem vergonha de reconhecer a sua parte negra, se
ofendendo, quando alguém lhe retira a máscara branca.
Muita coisa
está mudando, as TVs e as mídias sociais passaram a dar mais visibilidade aos
negros, que agora aparecem, em destaque, nos noticiários e nas propagandas
elitizadas e não mais apenas nas páginas policiais. Ademais, Hollywood tem aumentado os
protagonistas blacks em quantidades surpreendentes. Aos poucos os
pretos e os pardos vão ocupando um espaço que já deveria ser deles.
Atualmente,
com ajuda das TVs, das redes e mídias sociais, o preconceito da moda
visa atingir a idade, daí os neologismos: etarismo, idadismo,
ageísmo ou etaísmo. Vale lembrar que julgar
alguém pela idade, cor de sua pele, por seu gênero, sexualidade, classe social, origem
geográfica, aparência física, religião, comorbidades e deficiências, ou
qualquer outro traço, são formas de preconceito prejudiciais à harmonia da sociedade.
Simone de Beauvoir já nos lembrava, desde a década de 1960: Viver é
envelhecer, nada mais.
Madonna aos
64 anos já é chamada, pejorativamente, de velha e gagá. O
mesmo se dizia de Erasmo Carlos, que nos deixou, recentemente, aos 81 anos, um
vasto e significativo legado. Esses
qualificativos reforçam o negativismo em relação à velhice, que não é vista,
pela juventude, como um processo natural da vida. O envelhecimento do outro
aparece como um mecanismo de defesa. Segundo os estudiosos, as bases do etarismo
estão fundadas no negacionismo, no sentido de não se conseguir lidar com a
alteridade, de não enxergar algum aspecto nosso no outro. O efeito do tempo no
ser humano obedece a um mesmo processo, as variações que determinam o tempo da
vida decorrem de escolhas individuais e dos relacionamentos com o espaço, com o
meio ambiente e, principalmente, com a evolução da ciência, além do poder
aquisitivo dos cidadãos de alguns países. Capital e saúde são velhos parceiros.
A
especialista em gerontologia social, Natália Carolina Verdi, afirma,
categoricamente, que “considerar a velhice do outro é considerar a nossa
própria. Considerar uma fragilidade e uma vulnerabilidade no outro é
integrá-las à nossa própria finitude. A questão da velhice está muito ligada à
finitude. Existe essa dificuldade da sociedade em lidar com a morte, conclui
Verdi." Tire o seu preconceito do meu caminho, eu quero
passar com meu amor.
O aumento
da longevidade, acompanhando os avanços científicos, tem influenciado
positivamente na produtividade do ser humano, pós setenta. Se fizermos uma
pesquisa rigorosa vamos encontrar inúmeros senhores (as) com um nível de
produtividade, hoje, maior do que certos jovens, além de serem dotados do
quesito experiência, esta longa e bela estrada da vida, que só se
mostra a quem a percorre. Um provérbio sueco diz: não jogue fora o balde velho até que você saiba se o balde novo
segura água.
Encerrando esta idiotice de
preconceito contra velhos, esta mania de dizer: “você não tem mais idade para
isso”, recorro aos avanços da Ciência, que confirma, do alto das suas
conquistas: as doenças, que mais matavam, estão sendo vencidas; as rugas e os
cabelos brancos já não nos apavoram tanto, a expectativa de vida vem aumentando
dia a dia. Ademais, interiormente, estamos sendo renovados, diuturnamente, vencendo
a intolerância.
Segundo Yokomizo, o etarismo não é intrínseco
ao ser humano e essas ideias preconceituosas podem ser desconstruídas.
"Isso pode dar uma abertura para o envelhecimento de forma plena, em que
há uma aceitação dessa fase, sem negações ou sofrimentos".
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