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Crônica

As Ações do Ontem Justificam o Eterno Reconhecimento


As Ações do Ontem Justificam o Eterno Reconhecimento - Gente de Opinião

Se vivo fosse, o gaúcho Jorge Teixeira de Oliveira, completaria hoje, 1º de junho de 2024, 103 anos de idade. Morreu dois anos depois de cumprir a sua mais nobre missão, transformar o Território Federal de Rondônia no mais novo Estado da Federação. O último governador do Território Federal e o primeiro do novo Estado governou Rondônia por 6 anos e 33 dias, faleceu em 28 de janeiro de 1987, deixando um rastro de realizações e eterna saudade. Seu nome está eternizado em avenidas, municípios, bairros, instituições, tanto no Amazonas, onde fundou o CIGS (Centro de Instrução de Guerra na Selva), o município de Iranduba e foi prefeito de Manaus, quanto em Rondônia, onde são incontáveis seus feitos de verdadeiro estadista.

O exército é celeiro de homens íntegros, trabalhadores, acostumados a missões, mas, apesar da aparência, no íntimo, são tão frágeis e sensíveis como qualquer outro ser humano: acreditar era um verbo familiar a Jorge Teixeira − ele acreditava muito nele mesmo − o pior, é que também acreditava no outro, este foi seu grande erro. Não soube separar os aspones (assessores de porra nenhuma) dos asdreses (assessores de respeito e seriedade).

Assim que Teixeirão aportou em Rondônia mostrou ao povo, via improvisos, uma mala cheia de ideais e de vontades de concretizá-los, com as duas ferramentas que ele conhecia como ninguém: trabalho e amizade.

  Eu não sou demagogo, porque não aprendi a ser demagogo. Eu gosto das coisas com simplicidade, mas gosto das coisas dentro de uma direção. Eu tenho certeza de que nós teremos um Estado Forte”. (Parte de um discurso de improviso, em 1981)

Trabalho hercúleo na realização de grandes obras é coisa para deuses e ele era humano, tão humano que acreditou nos que se aproximaram dele, dizendo-se aptos para cerrar fileiras em prol do novo estado. Teixeirão não era psicanalista, psicólogo ou psiquiatra para atravessar os obscuros labirintos da mente humana, com a capacidade de desnudar corruptos, ou de retirar a máscara dos doentes pelo poder a qualquer custo.

O governador dispunha de pouco tempo, na administração como na vida, e ele, embora só declarasse isso aos amigos mais próximos, sabia que o fim do governo militar seria, também, o fim de seu governo, bem como desconfiava, que a dor lancinante que sentia no joelho direito, poderia ser o prenúncio da morte. Não havia tempo para demorada seleção de assessores: o povo precisava dele, o estado precisava ser libertado do Ministério do Interior.

Jorge Teixeira de Oliveira, nosso querido Teixeirão, foi tão importante para Rondônia que seus restos mortais deveriam estar sepultados no Cemitério dos Inocentes/Porto Velho RO, próximos ao povo que o venerava e não no Cemitério Jardim da Saudade, nos Campos dos Afonsos/RJ. Contudo, a gente até entende o porquê de isso não ter se concretizado: a família nunca perdoou as traições, foram tantas.

Comemorar os aniversários de vida e de morte do coronel Jorge Teixeira de Oliveira, ao longo dos anos, deveria ser obrigação do governo do Estado, da 17ª Brigada de Infantaria de Selva, do Memorial Jorge Teixeira, das escolas e do povo. O silêncio maltrata a história.

Mais do que nunca a gente lamenta a memória fraca de nosso povo e ratifica a máxima popular: “um povo sem memória é um povo sem história. E um povo sem história está fadado a cometer, no presente e no futuro, os mesmos erros do passado”. 

É tão raro festejarmos o aparecimento de um estadista, que recordar a trajetória de Jorge Teixeira de Oliveira (Teixeirão) no Amazonas e em Rondônia, é reviver, é exaltar as ações do gaúcho de ontem que dignificam os de hoje, tão celebrados na superação da terrível tragédia climática, que acometeu o Sul do Brasil. Salve, salve Teixeirão! Salve, salve o povo do Rio Grande do Sul! Parabéns, Jorge Teixeira de Oliveira, que nossos votos vençam as barreiras do tempo. 

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