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Crônica

As escolhas na política


As escolhas na política - Gente de Opinião

A vida é feita de escolhas, a cada milésimo de segundo nós temos de tomar uma decisão, e não temos como fugir disso! Tudo na vida é determinado pelas escolhas, e como é difícil acertar. O sucesso pessoal ou da vida em grupo dependem das nossas decisões. Segundo os gregos, somos animais políticos, portanto, às vezes, a escolha é ter que dar um voto num político que vai governar a nação por 4 ou 8 anos, e em outros que nos representarão nas Assembleias, Câmara e Senado; são muitas encruzilhadas partidárias e estamos sujeitos ao discurso convincente, às vezes demagógico, do político. Não é raro uma escolha, presumidamente certa, tornar-se errada pelas atitudes do político escolhido, como se a nossa opção, o nosso desejo, aparentemente certos, estivessem sendo anulados por decisões e atitudes do escolhido. A validação de nosso voto, depende da atitude do outro. Assim são as escolhas, no mundo da política, uma espécie de loteria.

Ao fim da jornada existencial, concluímos que, na política, a soma das nossas escolhas, não foi lá grande coisa, isto porque o caráter do político depende de uma sociedade consciente, instruída e sólida, o que não é o nosso caso.

Mais uma eleição se aproxima. Nesse formato democrático, de quatro em quatro anos somos chamados a opinar no difícil jogo da escolha política, mas o pior é saber que a escolha singular não é decisória, dependemos do coletivo, do efeito do discurso, da propaganda, do legado, da ideologia, enfim são inúmeros fatores a influírem no resultado da eleição. Muitos são chamados, mas poucos, escolhidos! É um versículo Bíblico que poderia se aplicar à política, contudo, os escolhidos, mesmo poucos, nem sempre correspondem às expectativas.

Bem que gostaríamos de saber, para divulgar aos demais, a fórmula para escolher o político certo. Infelizmente “a corrupção da democracia começa com a corrupção do homem” e em países terceiro mundistas, como o nosso, ela é viciante e contagiosa, a ponto de um leitor meu, ex-morador de Brasília, se indignar com meus textos, pedindo para não votarem em corruptos: Em Brasília, no Brasil, todo mundo é corrupto, todo político pratica “as rachadinhas”, não sobra nenhum honesto. Não adianta escolher muito, são todos iguais. Concluiu, como se dissesse: o defeito não é da política, mas do político brasileiro ou, mais profundamente, do ser humano. É bom que se diga que o leitor referido é evangélico.

Às vezes o eleitor quer tanto a mudança, que, sem perceber, personifica o voto e escolhe o político, como se fosse ele próprio. Quando percebe o erro, já é tarde demais. Foi o que aconteceu, por exemplo, com a Lavajato e Bolsonaro, todo mundo queria o fim da corrupção e o Capitão, portando a cor do glorioso exército brasileiro, apareceu como o Salvador da Pátria, e foi eleito, contrariando as pesquisas, que, no início da campanha, lhe davam 3% da preferência popular. Votei nele e achei que ele teria o apoio do colégio de generais, para as mudanças necessárias, mas o que estamos vendo é o apoio do Centrão, reduto dos maiores corruptos desse país, afastando o voto sensato de quem conhece essa corja. Na mão e contramão polarizadas, prefiro subir a ladeira pela 3ªVia.

Pelo andar da carruagem, os militares vão bater continências pro “Sapo Barbudo” e pela qualidade dos homens que poderiam fazer a diferença, sabemos que, tão cedo, não teremos mudanças estruturais, capazes de acabar com as interferências do STF e a timidez do Congresso. Logo mais, seremos o reduto mais sólido da esquerda, na América do Sul: República Democrática do Brasil.

Não é à toa que o STF é tão odiado pela população, foi ele quem acabou com o sonho do brasileiro, de pôr um fim na corrupção no Brasil, jogando por terra anos de gastos com investigações, ignorando bilhões de reais devolvidos aos cofres públicos e centenas de páginas de confissões, pomposamente chamadas de Delações Premiadas. O STF, capitaneado pelo ministro Fachin, passou uma simples borracha na Lavajato, anulando todas as condenações da Justiça Federal do Paraná e autorizando o retorno de Lula à campanha/2022, pela presidência do país, o que significa dizer: no Brasil, o crime compensa! Seremos novamente a pátria dos crimes de Corrupção, Peculato, etc.

Infelizmente, diante do quadro negativo que se avizinha e do acabrunhamento dos militares, somos obrigados a concordar: isso só mudará com a política atuando como instrumento modificador e transformador da sociedade. Os erros estão nos meios para se chegar aos fins, as democracias, ao longo do universo, precisam de reformas constitucionais, que alterem a estrutura das democracias representativas, para não serem engolidas pelas chamadas “ditaduras democráticas de esquerda.”

O esforço de Joe Biden, reunindo, nos EUA, os países com democracias representativas mais sólidas, vai nessa direção. Até o povo americano, tradicionalmente democrático, está se deixando levar pelo aparente sucesso da economia, na República Democrática da China. Seria como jogar fora todas as conquistas centenárias, em torno do Estado Democrático de Direito. Imaginem os países tradicionalmente democráticos, desrespeitando, à base da força, como faz a China e demais países esquerdopatas, os direitos fundamentais dos cidadãos. Seria um retrocesso impensável.  Na nossa democracia a soberania popular é que legitima o corpo de leis que norteiam as ações dos cidadãos. Sem liberdade, sem leis confiáveis, sem a diminuição das distâncias sociais, não há como compartilhar a vida pública e muito menos os princípios democráticos.

Contudo, as democracias terceiro mundistas estão cometendo erros gravíssimos, aceitando passivamente ou legalizando o exercício da corrupção, como faz o Congresso e o STF no Brasil, a ponto de ela estar se tornando endêmica. Já que o nosso modelo de democracia não está dando certo, mesmo com a péssima qualidade de nossos parlamentares e para fugirmos de uma possível ditadura, poderíamos tentar o Parlamentarismo.

Se continuarmos aplaudindo essa República Vira-lata, seremos vítimas de uma pandemia de corrupção, com sérios reflexos na credibilidade do cidadão e na democracia representativa brasileira. Outra mudança de direção plausível só se fosse nos padrões da Social Democracia dos nórdicos da Europa, para tanto teríamos que ser neandertais e somos sapiens. Lá, os altos impostos retornam em forma de benfeitorias, educação, segurança e saúde, não existe corrupção, e muitos parlamentares e juízes concordam prazerosamente em usar o transporte público ou uma bicicleta, para chegar ao local de trabalho. Sonho meu, vai busca a social democracia dos nórdicos, sonho meu! 

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