Segunda-feira, 27 de janeiro de 2025 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Crônica

Beradeiros e beradeiras! O caminho de Dom Rey


Beradeiros e beradeiras! O caminho de Dom Rey - Gente de Opinião

Sou um cronista, com o olhar atento para tentar traduzir através da “arte da palavra” alguns traços do cotidiano dos beradeiros e beradeiras do Berço do Madeira. Confesso! De tão cansado, nosso olhar não vê, as coisas parecem que vão acontecendo no automático, e para ver além do cotidiano, é preciso exercitar o olhar, “aprender a olhar de novo”, assim como quem deixa de consumir açúcar, vai paulatinamente recuperando o sabor ancestral dos alimentos. 

O cronista opera nesse mesmo diapasão, recuperar o olhar ancestral do cotidiano. A propósito, Otto Lara Rezende escreveu uma belíssima crônica (Vista Cansada) sobre a importância de exercitar o olhar. “Parece fácil, mas não é. Há pai que nunca viu o próprio filho. Marido que nunca viu a própria esposa. Nossos olhos se gastam no dia a dia, opacos. E é por aí que se instala no coração o monstro da indiferença”. 

Vocês beradeiros e beradeiros, o que veem quando passam muitas as vezes apressados em seus veículos, ou caminhando indiferentes pelo centro da cidade do Berço do Madeira, quando “olham” para a praça da matriz? Conseguem “enxergar” de verdade, mais de verdade mesmo a grandiosidade e a robustez da construção do prédio da matriz da Paróquia São Francisco de Assis?

Podem ter certeza, voltando à crônica do Otto Lara Rezende “uma criança vê o que o adulto não vê”, e as crianças do Berço do Madeira devem olhar para a construção do templo católico e apontarem o dedo maravilhados: “Meu Deus mãe Parece um castelo de fadas!”, é isso mesmo beradeiros e beradeiras, as crianças param demoradamente e olham para além da construção e veem castelos, fadas, gnomos, anjos e querubins povoando a praça e enchendo de bençãos o centro do Berço do Madeira. 

Vejam Beradeiros e beradeiras!  Mas vejam de verdade, “com os olhos atentos e limpos”, a grandiosidade e a robustez da construção do tempo católico. É católico, mas não importa, poderia ser o templo de qualquer outra denominação religiosa, o que importa é a mensagem de paz que irmana, envolve e abraça a todos nós, independentemente da religião que professe. “Senhor, fazei de mim um instrumento de vossa paz”. 

O templo, quando finalizado, será uma conquista de todos do Berço do Madeira. A glorificação da fé de um povo beradeiro e beradeira, que migrou de Vila Murtinho e da Colônia Agrícola do IATA, para em meados de 1978, lançar os alicerces da comunidade católica no centro do Berço do Madeira.

Beradeiros e beradeiros!  Oficialmente, a Paróquia São Francisco de Assis, foi instalada no dia 26 de dezembro de 1982. Mas, vejam que beleza, que encanto, as primeiras celebrações católicas ocorreram embaixo de um gracioso e elegante pé de Acácia com suas flores amarelas perfumadas caindo sobre as vestes dos celebrantes e devotos, que nasceu espontaneamente bem no bico da praça, voltado para Vila Murtinho, onde a Igreja de Nossa Senhora Terezinha do Menino Jesus, reverenciava a todo com devoção e alegria. 
Beradeiros e beradeiras!  Finalizo essa crônica domingueira com um chamado especial do Otto Lara Rezende: “Experimente ver pela primeira vez, o que você vê todo dia, sem ver. Parece fácil, mas não é. O que nos cerca, o que que nos é familiar, já não desperta curiosidade”. Eu por exemplo, vejo e revejo todo as vezes que passo pelo centro do Berço do Madeira, aquela “igreja da minha infância, de arquitetura ovalada, e tijolos à mostra, com uma inscrição na fachada “O caminho de Dom Rey”. Mas o campo visual da minha retina agora é outro, e vê um majestoso templo católico sendo erguido e dialogando   religiosamente com o templo da minha infância. Sou grato! 

Gente de OpiniãoSegunda-feira, 27 de janeiro de 2025 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

Por que os brasileiros mudaram de opinião

Por que os brasileiros mudaram de opinião

Tinha vinte e poucos anos quando a aldrava da porta da casa paterna soou três rijas pancadas. Era casal com sotaque carioca. Meu pai recebe-os de br

O primeiro livro de Júlio Dinis

O primeiro livro de Júlio Dinis

Recentemente narrei o grande amor de Júlio Dinis, pela menina Henriqueta, companheira de folguedo do escritor, e pupila do Senhor Reitor de Grijó (G

A ambiguidade criativa

A ambiguidade criativa

Certa vez, padre Vitor Ugo, que já não era padre, mas dizia que uma vez padre, sempre padre, durante uma exposição do VII Salão de Artes Plásticas d

Chupa-Cabra

Chupa-Cabra

Se existe ou não é questão de cada um acreditar, mas há alguns anos rondou por aqui um personagem estranho. Muitos disseram tê-lo visto, enquanto ou

Gente de Opinião Segunda-feira, 27 de janeiro de 2025 | Porto Velho (RO)