Quinta-feira, 19 de janeiro de 2023 - 12h35
Depois de um descanso merecido
aos meus neurônios, volto a atividade cronista, em respeito aos meus inúmeros
leitores, daqui e d’alhures. Todos nós sabemos que a vida é feita de escolhas,
nosso futuro depende delas, contudo as estratégias políticas resultam de
escolhas diferenciadas, nem tão certas, nem tão erradas, o que aparenta, para o
público, como decisão errada, se pensada de forma unilateral ou partidária, poderá
ser certa.
O presidente Bolsonaro fez uma
campanha escorada na Lavajato, nas igrejas evangélicas e na força simbólica do
Exército Brasileiro, como se ele fosse o elemento novo que mudaria o país, e
enganou quase todo mundo. Hoje o que se sabe é que ele foi um “bobo da corte”, um
pseudo Messias, manipulado pelo Centrão, mentor de uma família problemática e
sem condições morais, para realizar as mudanças que ele prometeu. Nem seu vice,
agora senador, nem o EB lhe renderam apoio político.
Nós, os eleitores sérios,
preocupados com o progresso do país, ficamos com cara de besta. Ninguém, nem o
general Heleno queria Bolsonaro nos braços do Centrão, comprometendo o futuro econômico
do país. O resultado disse é que estamos à deriva, no meio do temporal das
conveniências, entre a esquerda que não é esquerda e a direita, que não é
direita, regulamentadas pelas raposas do TSE/STF, que ajudaram, mais do que
nunca, no retorno do patrão. Até Sérgio Cabral, o político mais condenado da
história política brasileira, mais de 390 anos de prisão, foi solto pelo STF,
sob os aplausos das esquerdas brasileiras. Por essas e por outras é que a velha
máxima – O Brasil não é um país sério − volta ao noticiário
internacional.
São muitas encruzilhadas
políticas, sujeitas a discursos demagógicos e ao velho fantasma do populismo, reforçando
o conceito deturpado de democracia, mediante distribuição de vinténs verbais,
jogados do alto do palanque. Salve, salve o rei Lula III. Viva a nova
república! O número de ministérios quase que dobrou, o emprego público
e as propinas são moedas de troca bem conhecidas do patrão. Logo logo vamos
estar como a Argentina, com a cuia na mão, tendo que imprimir moeda sem lastro,
para pagar as dívidas internas e externas.
Só os analfabetos políticos
aplaudem movimento estúpido, como o de 8 de janeiro/23 que culminou com a
invasão das sedes dos três poderes republicanos. Foram atitudes violentas que
não levarão a nada, visto que não contaram com o apoio maciço da população. No
passado, já tivemos passeatas pacíficas, com mais de um milhão de pessoas,
comandadas por líderes civis, referendados por forças militares, sem ter que
invadir prédios ou depredar patrimônios públicos. Bons tempos!
Essa eleição, validando a
expressão “o crime compensa”, como bem disse o jurista Ives Gandra Martins, nem
era pra ter sido realizada, com os conhecidos protagonistas. Não é difícil
concluir que teremos mais do mesmo: corrupção, corrupção, corrupção! Na
verdade, o segundo turno nos reservou os dois piores candidatos: votar em
qualquer um dos dois, era como trocar seis por meia dúzia. Continuo insistindo na mudança do nosso
formato de democracia representativa – o poder do povo para o
povo já não está funcionando, com o Congresso viciado em corrupção. Alguma mudança
precisa ser feita.
Ao fim das jornadas eleitorais,
concluímos que, na política brasileira, a
soma das nossas escolhas, não foi lá grande coisa, isto, porque o caráter do político depende de uma sociedade
consciente, instruída e sólida, o que não é o nosso caso. Continuamos a ser um
gigante de Gibi, dorminhoco, manipulado e preguiçoso. Já fomos vítimas de
Sarney, Collor, de Lula, de Dilma, de Bolsonaro e, por falta de opção, voltamos
a Lula. Até quando vamos fazer parte desta cabala demoníaca? Quando conheceremos
à verdadeira cabala, orientada pelo Livro da Luz? As qualidades divinas da árvore
da vida necessitariam abandonar o discurso vazio e ingressar no íntimo dos
nossos políticos, retomando o amor ao próximo, diminuindo as distâncias sociais,
consequentemente melhorando o tripé de sustentação de uma nação: educação,
saúde e segurança. Entremente, seria preciso reinventar o político, mostrar-lhe
um novo caminho, derivado da sua capacidade humana de evolução, fruto de uma
relação consigo mesmo e não com Deus, numa viagem desafiadora do
autoconhecimento pela reflexão. Sonho meu?!
Pelo andar da carruagem, no
Brasil de 2023, os militares vão voltar a bater continências pra “esquerda barbuda”,
o Congresso, o velho e o que vai assumir em fevereiro, será agraciado com novos
Ministérios, o centro esquerda vai se aliar com o centro direita e todos
mamarão nas tetas da porca que nós alimentamos com nossos impostos. Pela
qualidade da maioria dos políticos, que poderiam fazer a diferença, tão cedo
não teremos mudanças constitucionais estruturais. Logo mais, seremos o reduto
mais sólido das esquerdas sul-americanas: República Democrática do Brasil.
Eu já disse em outra crônica e
volto a dizer: se não fizermos mudanças sérias na Constituição, se não
alterarmos a forma de atuação do STF, se não mudarmos a organização da nossa
estrutura política, utilizando, por exemplo, o sistema semipresidencialista, se
continuarmos aplaudindo essa República Vira-lata, que troca de presidentes sem
o mínimo pudor, explorando a boa-fé e a ignorância do eleitor, seremos vítimas
de uma pandemia de corrupção, com sérios reflexos na credibilidade do político
e na democracia representativa brasileira.
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