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Crônica

Efeito avestruz


Efeito avestruz - Gente de Opinião

A História Política do Brasil registra vários bravateiros. Lembro de Jânio Quadros e sua vassoura que pretendia varrer a corrupção e a mediocridade do Brasil; lembro dos fiscais do Sarney; do estúpido e vaidoso Collor de Mello, que fazia questão do nome com dois eles e que se apresentava como o Caçador de Marajás; lembro do Lula, o sindicalista/trabalhador, alçado à presidência, pela esquerda, como a solução para os problemas do Brasil. Chegaram a compara-lo ao polonês Lech Walesa, prêmio Nobel da paz, mas o que se viu, na prática, foi um grupo de sedentos esquerdistas, com a missão de dilapidar as estatais brasileiras e o BNDES, sem escrúpulos, sem nenhum amor à Pátria, usando o dinheiro do povo em proveito próprio ou para resolver os problemas infra estruturais de outros países, em nome de uma ideologia que não era, nem nunca foi, consenso nacional. A nossa bandeira nunca será vermelha!

Lembro de Dilma, a primeira mulher a governar, por cerca de seis anos, envergonhando o Brasil, com suas tiradas anta-ológicas. Éramos vistos como um país medíocre, a verdadeira república de bananas. Aí apareceu uma possível esperança − verde. As propinas e a corrupção sem pudor ensejaram as investigações da Lavajato, que, associadas ao Exército Brasileiro, acabaram sendo os decisivos cabos eleitorais do futuro presidente: o discurso se aproximava das pretensões do eleitor, com um general como vice e a tão esperada ascensão do comandante da Lavajato ao posto de Ministro da Justiça.

E, neste contexto super otimista, surgiu Jair Messias Bolsonaro − um novo Messias ou um repaginado Macunaíma? Nem o livro sagrado nem a obra modernista de Mario de Andrade, merecem a comparação. Depois de quase três anos de governo e após os últimos acontecimentos, o “capitão morde e assopra”, na realidade, mais se aproxima do avestruz, que, quando se vê em apuros, enterra a cabeça num buraco e oferece o rabo aos perseguidores. Ah que vontade de dar um chute na traseira macia do avestruz. Diante da absurda corrupção dos esquerdopatas, as providências da direita conservadora e o voto do eleitor corresponderam às expectativas, só não esperávamos um fantoche se passando por herói. “O descontentamento é o primeiro passo na evolução de um homem ou de uma nação” (Oscar Wilde).

Se não podia com o pote, por que colocou a rodilha? Nós, falo como a parcela esclarecida do povo, não queríamos um golpe, nem uma ditadura, mesmo porque as Forças Armadas (leia-se Colégio de Generais) não aprovaram o jeitão destrambelhado dele governar, queríamos sim um presidente que desse apoio incondicional aos procuradores da Lavajato e ao Juiz Sérgio Moro, que os defendesse, com unhas e dentes, dos corvos de mau agouro do STF, a fim de que não se perdesse todo um serviço de investigação, como de fato ocorreu: o ministro Fachin jogou tudo na lata do lixo (só Deus sabe a que preço), mesmo depois de bilhões de reais serem devolvidos aos cofres públicos. Haja saco!!!

Claro que a gente sabe da dificuldade de modificar a Constituição Federal sem o apoio do Parlamento; claro que a gente sabe que a Suprema Corte envergonha o país, mas não se pode trocar ministros com movimento de caminhoneiros. Para trocar à força, só com um líder de pulso forte, sem telhado de vidro, mediante uma revolução, pacífica ou não, com apoio popular e das Forças Armadas. A gente sabe também que temos o Judiciário e o Legislativo mais caros do mundo e não se modifica dois poderes de tamanha importância, esperando que eles atirem nos próprios pés. A mudança, nos tempos atuais, é um sonho impossível, incompatível com movimentos pacíficos de rua. Melhor se conformar com o sentimento de inferioridade, com o complexo de vira-lata, construídos pelos “gênios democratas” da nova república, depois de 21 anos de progresso sem corrupção, e aceitar educação, saúde e segurança de 2ª categoria.

Desde o rompimento com o juiz Sérgio Moura, dos escândalos familiares, das bravatas do dia da Pátria, da aproximação com o Centrão, a parcela podre da política brasileira, que já desconfiávamos − ele é mais do mesmo. E não me venham falar da estratégia de dar um passo atrás para depois dar dois à frente, pois antevejo a derrota nas urnas eletrônicas, a imposição das vontades da toga, um parlamento viciado em corrupção, o retorno da esquerda ao executivo e o triunfo da Globo lixo, culminando com os três podres poderes, expondo ao mundo, a síndrome do escaravelho, rolando a bosta pra debaixo do tapete da nação, ignorando as carências do Zé Povo. E todos serão felizes para sempre, apesar do IDH comparável a países miseráveis. Este não é um país sério.

Como a corrupção de Lula e a inteligência de Dilma, além do estudo crítico sobre os parâmetros do socialismo/comunismo no mundo, já haviam me afastado da esquerda, acreditei no atual líder da direita, imbuído do pensamento de Fernando Teixeira: “Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos”.

Pois é, meu processo de travessia pra direita nem se completara e já me vejo, apoiando, no mundo da especulação, o espectro de outro líder − capitalista, caráter forte, competente, conservador e com traços de social democrata, inspirado nos governos dos países do Norte da Europa, embora saiba que falta ao Brasil o componente mais marcante desses países: a educação!!! Assim sendo teremos que nos conformar com a escolha da escória política para dirigir esse país. O brasileiro, mal informado e mal educado, não sabe votar.

Se você agir sempre com dignidade, talvez não consiga mudar o mundo, mas será um canalha a menos” (John Kennedy). Não me sinto confortável apoiando um líder sem hombridade, incompetente, que mal sabe limpar a própria sujeira.  A cartilha da presidência precisa ser lida com mais seriedade, sem fanfarronices. Eu e milhares de eleitores, ainda que incrédulos, estaremos aguardando outra opção, democrática ou não, desde que não seja Lula, nem o capitão Bolsonaro. Pelo bem do Brasil, os fins justificam os meios. 

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