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Crônica

Guerra e paz - russofobia


Guerra e paz - russofobia - Gente de Opinião

Longe de mim fazer uma análise crítica sobre a volumosa obra de Liev Tolstói, titulada Guerra e Paz que, segundo ele mesmo, “não é um romance, muito menos uma epopeia, menos ainda uma crônica história, no acompanhamento que faz ao percurso de cinco famílias aristocráticas russas, no período de 1850 a 1820, vivenciando as atrocidades do império de Napoleão Bonaparte. Tomara que a russofobia, estimulada por Putin, não alcance grandes escritores, como Tolstói, Dostoievsky, Tchekhov, Gogol, Puchkin, Nabokov e tantos outros. Lê-los ainda vale a pena, a ficção serve de contraponto às desumanidades reais dos autocratas russos da atualidade.

A guerra, a disputa, a briguinha de vizinhos, toda e quaisquer contendas entre seres humanos nasceram com o homem. As evidências violentas demonstram, sem nenhuma dúvida, que o homem não tem origem divina, basta ver quantas guerras são relatadas na Bíblia. A evolução mudou algumas tribos e vem mudando, uns mais do que outros. Há quem diga que os humanos do norte da Europa são neandertais, os do sul e oeste, sapiens. O fato é que os locais onde os humanos nasceram e evoluíram serviram de base para que dali surgissem grandes guerreiros, grandes guerras.

A guerra também evoluiu, antes era entre as tribos, por alimentos, pela posse de mulheres, depois por ampliação de espaço, entre nações. As religiões como passaportes para o post-mortem, acrescidas de vaidade e egoísmo também serviram de motivação, para grandes contendas. Até hoje a gente treme quando ouve o nome de Gengis Khan, o flagelo humano. Os Vikings apavoraram os normandos e os saxões. Os romanos deixaram rastros de sangue por todos os lados, Napoleão, Alexandre Magno, em qualquer época da história, vamos encontrar uma guerra. Pela conquista do Novo Mundo, muitos foram sacrificados. Na América, foram exterminadas nações inteiras de indígenas e suas respectivas civilizações. Na África muitas tribos foram extintas, em nome da escravidão e da mão de obra barata.

Para onde quer que você olhe, você encontrará o sangue de inocentes, derramado por uma guerrinha ou por uma guerrona mundial. E a gente que achava que a 2ª Guerra Mundial, depois do sacrifício de milhões de judeus e demais minorias, seria o limite dos limites das guerras entre os povos. E a gente que achava que não havia, nem haveria mais humanos desumanos, cegos pelo poder, dispostos a sacrificar vidas inocentes por um punhado de ideias absurdas, esbarra novamente nas teorias do filósofo inglês Thomas Hobbes, dizendo que o homem, na sua essência não é um ser do bem, ele é mau, perverso, egoísta. Parece que o homem nunca vai aprender a perder para ganhar socialmente. Eu sou, eu quero!!! É meu!!! Quando o eu substitui o nosso, algo está errado…

Segundo Rousseau, o homem nasce bom e a sociedade o vicia, o corrompe. Santo Agostinho dizia que sendo o homem a imagem e semelhança do Criador, deveria ser essencialmente bom e capaz de amar, mas não explicava a morte de Abel. Na visão de Nietzsche, o conceito de bom ou mau, na esfera moral, não possui sentido em si mesmo, sendo assim, nada, em sua essência, é objetivamente bom e tampouco mau.  

A psicologia analítica de Jung defende que a psique humana é composta simultaneamente de luz e sombra, sendo a sombra a parte mais obscura da nossa psique, onde depositamos o que não aceitamos como parte de nossa personalidade. Para os estudiosos da psicologia, a sombra é difícil de ser percebida se estivermos olhando sempre pra frente, na direção da luz. Também não a vemos se tudo está escuro a nossa volta. Para os psicólogos otimistas, somos luz e sombra: a todo momento fazemos a escolha do que queremos colocar para fora. Escolhemos quem queremos ser diante da vida.

Infelizmente, a vida não se apresenta da mesma forma pra todo mundo, nos mais variados lugares da terra. A escolha não é a mesma para quem está na Croácia, vivendo a guerra, ou para quem está em Dubai, ignorando as ameaças de Putin, ou em alguma ilha do planeta, alheio às ameaças de uma guerra nuclear. As escolhas estão, de certa forma, ligadas a inúmeros outros fatores, nem sempre condicionadas as atitudes de auto ajuda, muito menos sujeitas a crenças variadas. Às vezes as escolhas são forçadas por situações inusitadas que nos arrastam para outros caminhos, outras experiências, jamais imaginadas.

Mais tarde, diante dos resultados, geralmente concluímos: não era isso o que eu queria, mas a vida quis assim, fui forçado. Imaginem a situação de um refugiado da guerra: nem sempre suas escolhas são tomadas por ele. Feliz daquele que encontra um lar amigo, uma mão estendida, direcionando suas novas escolhas, quiçá para o bem, longe da sombra das bombas e próximas da luz, da paz e do amor entre os povos.

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