Terça-feira, 20 de dezembro de 2022 - 16h15
Naquele
tempo disse Jesus: "Não há profeta sem estima, senão na sua pátria e
na sua casa – Mt1:57. Provérbio, provavelmente, corrente em Israel, no
Seu tempo, que recorda o fenómeno psicológico, e sempre actual, que consiste
admirar o que é dos outros, em detrimento do que é nosso.
Jesus
ensinava na sinagoga da Sua terra. Os concidadãos que conheciam sua ascendência
humilde, comentavam varados, entre si: " Não é filho do carpinteiro?
Não se chama Sua Mãe Maria; e Seus parentes não estão entre nós ?" -
Mt15:55.
Os
judeus – incluindo muitos rabis, – admiravam-se, igualmente, que não tendo
estudado, conhecesse profundamente as Escrituras.
Se
essa ocorrência tivesse acontecido nos nossos dias, diríamos, certamente: Como
pode falar com tanta autoridade senão cursou a Universidade?!
Seus
patrícios conheciam perfeitamente Sua mãe e parentes próximos, que eram simples
boçais, quase todos ignorantes, e custava-lhes acreditar no que Ele dizia;
reconheciam, porem, Seu talento e sabedoria; porque lhes falava com autoridade.
No
tempo que correm, diríamos desdenhosamente: Não passa de labrosta ou caipira;
filho de rústicos ignaros, e ficaríamos deveras perplexos; " De onde Lhe
vem tudo isto?!"
No
início deste século, entrevistei figuras públicas para jornal local. Entre
eles, talentoso deputado.
Após
ter desligado, a seu pedido o gravador, confidenciou-me, quase à puridade:
"
Quando cheguei ao parlamento senti-me descriminado pelo facto de não possuir
licenciatura. Pensavam – pelo menos assim julgava, – até os da minha bancada:
" Como pode opinar, com acerto, senão andou na Universidade?!"
Devo
esclarecer, em abono da verdade, que o jovem deputado, mais tarde – para ser
respeitado, – cursou certa Faculdade.
Jesus
era pobre e não frequentara nenhuma escola rabina. Nasceu no seio de família
modesta, numa cidade insignificante.
Não
disse Natanoel: " De Nazaré pode sair alguma coisa boa? –
Jo1:46.
Agora
muitos diriam: Do interior, de um camponês, de um saloio. boia-fria ou simples
pedreiro, pode sair alguma coisa boa?
Daqui
se conclui: quem não possuir fartos bens, curso universitário ou sobrenome
importante, será sempre cidadão de segunda, como diziam certos portugueses,
despeitados, que viviam nas Províncias Ultramarinas.
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