Terça-feira, 25 de janeiro de 2022 - 15h03
As raízes escravocratas e
absolutistas do colonialismo contribuíram para a duração da mentalidade
patrimonialista no governo brasileiro, que não acompanhou as revoluções
antiabsolutistas, ao longo do mundo. A conveniente confusão entre o público e o
privado acompanha a cultura política brasileira, há muito tempo. O fundão
eleitoral, a resistência dos políticos em prestar contas à população do que
fazem com o dinheiro público e o jeitinho brasileiro diante da corrupção, são
partes desta prática danosa à democracia, enfraquecedora dos princípios sociais,
políticos e econômicos, conquistados na Revolução Francesa.
Ainda
existem ministros que acham que os cartões corporativos lhes pertencem e
deputados que se ofendem, quando são questionados sobre o uso que fazem da
verba de ressarcimento. A sociedade ainda pensa, inocentemente, que pelo voto
pode operar grandes mudanças na administração pública. Entra um e sai outro
e a merda continua. O
voto nada mais é do que um expediente para legitimar e perpetuar o crime,
afinal os eleitos não representam o eleitorado, mas os seus próprios interesses
e os interesses dos grupos econômicos que os patrocinam. Admirável Mundo
Velho!
Rouba, mas faz é uma cilada que turva a implementação do
estado social e democrático de direito. O Brasil estacionou num patamar político,
conveniente a classe alta, de tal forma, que, aparentemente, só pela força
conseguiremos operar mudanças radicais na administração pública, acabando com o
jeitinho brasileiro, a jerarquia, o familismo, o patrimonialismo e demais
adjetivos, onde se encaixa o atraso social.
Por outro lado, a gente percebe que o
brasileiro ama o Estado, intuindo que é ele quem deve fornecer todas as
condições para o progresso das pessoas e, se isso não ocorre, a culpa é do
Governo e não nossa. É importante ressaltarmos que o aumento da escolaridade da
população é a melhor forma de resolvermos tais problemas. Se queremos mudanças,
primeiro vamos implementar educação de qualidade, só assim corrigiremos nossos
equívocos, consequentemente a qualidade de nosso voto. Todavia a quimera da
educação de qualidade a mim me parece a ponta de um iceberg de uma velha utopia.
Os brasileiros querem o Estado,
independentemente de seu desempenho… Vale aqui fazermos uma distinção: “Estado
é uma instituição criada para definir a soberania e o conjunto de regras de um
território definido, enquanto o Governo é o gestor do Estado”. Estado é mais
duradouro, mais fixo, Governo é efêmero, varia conforme a forma de governar,
como nas democracias, nos regimes autoritários, ou no totalitarismo,
propriamente dito.
Felizmente a
mentalidade política do brasileiro nunca foi unânime, ela é visivelmente,
profundamente, dividida! O Brasil é composto por dois países culturalmente distintos,
o que, de certa forma, fortalece o eco às reformas, porém falta vontade,
interesse e força para as mudanças. Enquanto a classe baixa defende valores que
tendem a lentamente se enfraquecerem, a classe alta mantém-se alinhada à
princípios sociais dominantes nos países já desenvolvidos. Não vejo horizontes que
aproximem as distâncias sociais.
As eleições
representativas são realizadas de modo a institucionalizarem o crime, com a
velha prática do toma lá dá cá, tornando a política um extraordinário atrativo
para os criminosos profissionais, geralmente burocratas medíocres,
desqualificados moral e tecnicamente, sem perspectiva fora da política. Os
partidos políticos são quadrilhas institucionalizadas e é comum a gente vê políticos,
constantemente, mudando de partido, como que perguntando: quem dá mais? no
leilão da hipocrisia, da demagogia e da imoralidade.
Bem que eu gostaria
de ter a solução, mas vejo a democracia desgastada, num Estado excessivamente
burocrático, demagógico, que tudo pretende resolver por meio de leis,
imaginando que multiplicar leis vai evitar novos crimes, esquecendo do que
Montesquieu nos ensinou − leis desnecessárias enfraquecem as leis necessárias.
Mais leis, mais juízes, mais tribunais, mais conselhos, mais prisões, mas não
necessariamente menos delitos, mesmo porque, no Brasil, o crime compensa.
Quando se trata do
uso de verbas públicas aconchavadas, para permanecer ou tomar o poder, fica
difícil dizer o que é e o que não é crime. De que adiantou prender parte da
quadrilha do PT, gastar milhões nas investigações para devolver bilhões aos
cofres públicos, se depois de anos e anos de trabalho investigativo, o ministro
chefe das investigações, no STF, volta atrás e diz: − eu estava enganado, os
culpados são todos inocentes…! Foi como se o Comandante Fachin dissesse ao Zé
povo, cabisbaixo: − Meia volta, volver! O capitão/centrão está inoperante e
os generais estão na moita, batendo continência ao nada, esperando a banda
passar.
O
Brasil é e continuará sendo um país corrupto, com enormes distâncias sociais,
um país em que impera o jeitinho e a lei de Gerson, no enfrentamento de
situações formais e rígidas, simplesmente porque foi estruturado pela
Constituição Federal de 1988, para ser um país corrupto! Nós, brasileiros,
somos os mais espertos do mundo, tiramos vantagem em tudo, logo não podemos reclamar
da qualidade de nossos políticos. Chore, cidadão sonhador, chore! Tome a dose
de reforço de sua vacina, vote e aguarde mais do mesmo, nas próximas eleições, pois
amanhã não vai ser outro dia!
Vocês que fazem parte dessa massa
Que passa
nos projetos do futuro
É duro
tanto ter que caminhar
E dar
muito mais do que receber
Ê, ô, ô, vida de gado
Povo
marcado, ê!
Povo
feliz!
Ê, ô, ô,
vida de gado
Povo
marcado, ê!
Povo
feliz! (Zé Ramalho)
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