Sexta-feira, 5 de agosto de 2022 - 12h17
Na voz de Ataulfo Alves, “laranja madura na beira da estrada tá bichada Zé ou tem marimbondo no pé”. Em Porto Velho, às
margens do majestoso rio Madeira, tem laranjas, mas são douradas, personificadas
e representam algumas autoridades dos três poderes. “Tem gente poderosa por
trás de toda essa sujeira, garantem os moradores do beiradão”. Os laranjas, pseudo/donos de dragas, dizem
que estão autorizados por um decreto governamental, que já foi contestado pelo
MP, que já foi parcialmente derrubado pelo TJ. Contudo as dragas continuam no
Rio, e o que é pior, bem em frente à capital do estado, na famosa Baía dos
Botos. Ah! se são autorizadas, por que só trabalham à noite? À noite, a Justiça
das conveniências dorme!
O Governador lava as mãos, o MP diz que já fez o que podia, o
TJ cancelou parte do decreto, a Marinha do Brasil faz vista grossa, mas as
dragas continuam trabalhando e jogando mercúrio na cara da população. Parece
que em Rondônia nós estamos nos especializando em variantes do absurdo, ou como
se diz nesses tempos de Bolsonaro, na banalização do absurdo.
Para quem gosta das coisas nos mínimos detalhes, esclarecemos
que o decreto 25.780/01-2021 do atual governador, revogou o decreto n°
5.197, de 29 de julho de 1991, que proibia extração de minério ou garimpagem no
Rio Madeira, na região compreendida pela Cachoeira Santo Antônio e a divisa
interestadual de Rondônia com o Amazonas.
Vale
salientar, que o decreto revogado concluía de forma preocupante: “o garimpo por
dragas, no leito do Rio Madeira, provoca poluição por mercúrio no ar, no solo e
na água, consequentemente nas mais de mil espécies de peixes que vivem ao longo
dos 1.380.000 km " do rio. E, de tabela, aumenta as taxas de várias
espécies de câncer, nos moradores das margens, inclusive nos mais de 700.000
moradores da capital. Vale reforçar que o mercúrio não só adoece a quem come
peixe do Madeira, mas também a quem o inala e a quem o absorve pela pele, vez
que ele evapora. É praticamente impossível extrair ouro do Madeira sem o uso do
azougue (mercúrio).
Em
época de eleição vale tudo, o governador, acobertado por meia dúzia de
cupinchas da AL, simplesmente passou a esponja no Decreto do Governador Osvaldo
Piana que já durava mais de 20 anos. Se bem que o Decreto de 1991 nunca foi
seguido à risca. Mas nós, o povo besta, que acredita na justiça, podia estufar
o peito e dizer: estamos morrendo de câncer, provocado pelo mercúrio, mas a
atividade garimpeira no leito do Madeira é ilegal. Cadê a Polícia Federal que
costuma queimar dragas ilegais? Se fôssemos índios, as dragas estariam todas
apreendidas.
Infelizmente
estamos à mercê do capital. Regra que não se modifica com ideologias, com
partidos da esquerda ou da direita, muito menos com meritocracia. A coisa é
antiga, capital e poder se irmanaram para explorar o povo. A busca pelo
dinheiro faz parte da natureza humana. Às vezes essa procura não tem limites,
aí aparecem as propinas, os conchavos, os laranjas. Difícil conscientizar que é
mais fácil evitar um câncer do que tratar ou curar. Pimenta nos olhos do povo
não arde nos olhos das autoridades.
O
voto seria uma arma poderosa, se fosse carregado com o cartucho da educação,
bom seria que fosse calibre 12, mas estacionamos no tempo das trocas indígenas:
um voto por um saco de cimento. No passo
do cágado, com o Estado Democrático de Direito, garantindo emendas
parlamentares comprometidas com corrupção, aceitando bilhões do dinheiro
público, para financiar campanhas políticas, vai ser preciso esperar milênios,
ou contar com a impaciência de russos, chineses e americanos. Aí, depois de uma
hecatombe nuclear recomeçaremos tudo de novo. Uma nova Era!
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