Domingo, 21 de junho de 2020 - 11h06
A
semana passada, aventurei-me a sair, para um longo passeio, na minha cidade.
Passeio a pé, porque ainda não frequentei o transporte público.
Sai
mascarado. Mal tinha percorrido um quarteirão, deparei com outro mascarado, meu
velho amigo.
Ao
cumprimentá-lo, à “cotovelada”, ele disparou, apontando para o periódico que
comprara na banca da esquina:
-
“Não sei para que ainda o compro… Aliás toda ou quase toda, a mass-media, anda
“mascarada”. Tanto dão no cravo como na ferradura…”
Como
percebesse, pela minha expressão, que não atingi, onde pretendia chegar,
acrescentou:
-
“ Como sabes, há países, como os Estados Unidos, onde os meios de comunicação,
têm ideologia politica e religiosa ou ambas. Noutros, preferem serem
neutrais…Como se fosse possível – ao articulista de opinião, – não ter opinião!
…
“
Atiram para o ar ou escrevem em letra de forma, pareceres, fazem comentários, a
favor ou contra, de harmonia com os interesses de ocasião ou de indivíduos.
“
Deste modo, enganam os leitores desprevenidos, que são a maioria, que chegam,
na sua inocência, afirmar: “ É verdade! … Li no jornal! …”
Betrand
Russell, duvida, in: “ A Conquista da Felicidade”, que haja, nos USA,
jornalista, que acredite na independência do seu jornal.
Parecia-me
mais honesto, tirarem a “ mascara” e dizerem: somos de: Direita, Centro ou
Esquerda; que parecerem, o que não são.
E
o mesmo se passa em alguns jornais religiosos, quer sejam: católicos,
evangélicos ou de crença não cristã, vestindo máscaras, para não mencionarem a
denominação.
Certa
vez fui a Florianopólis, e fiquei estupefacto: entrando na Catedral, vi, sobre
os bancos, jornalzinho de certa seita!
E
no adro, duas gentis meninas, distribuíam, com sorrisos felizes, a publicação!
…
Não
me deveria espantar, porque, na cidade do Porto, encontrei, numa igreja da
baixa, sobre mesinha, montão de jornalequinhos de seita ortodoxa. Nem Igreja
Ortodoxa – que merece a minha simpatia e respeito, – eram! …
E
mais atónito fiquei, ao verificar, sobre os altares, “ santinhos”, com a direção
da seita e local de culto! …
Na
política, como na religião, é preciso separar as águas, não se vá beber
inquinada, pensando potável! …
Em
democracia – se a há, – cada um deve ter a liberdade e segurança, de dizer o
que pensa, desde que não ofenda.
Só
há democracia plena, quando há opiniões e pareceres divergentes, que se escutam
e se respeitam. Caso contrário, é: democracia” camuflada” ou “ditadura
democrática”, como dizia, a rir, antigo condiscípulo, já falecido.
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