Domingo, 11 de julho de 2021 - 11h14
Eu costumo dizer que um
confrade da Academia Rondoniense de Letras-ARL, além de imortal, pelas obras
deixadas à posteridade, ocupa, no panteão simbólico dos artistas, um nicho
especial, localizado num cantinho da memória, revestido do amor que jorra do
coração de cada membro da nossa confraria. Por mais que a vida insista em nos
afastar, por motivos, às vezes banais, não esqueçamos que o perdão é uma das
maiores virtudes do ser humano. Resta celebrarmos a vida e o companheirismo,
esquecendo o egoísmo, as divergências políticas e culturais, próprias de quem está
numa jornada pela perfeição. Não gosto de atividades virtuais, penso que adiar
a saudade e promover a presença com obras autorais deve ser a meta do
acadêmico. Felizmente o futuro aponta para um novo viver, onde o abraço,
carregado de pegadas sofridas, volta a ser o resplendor da vida.
No quadro das lembranças pós
mortem, sempre haverá uma esponja, apagando a dor revestida de saudade, mas,
para os mais próximos, ela se transforma em nostalgia e nunca poderá ser
apagada. A Pandemia tem nos afastado, ora pela tristeza da perda, só este ano
nos despedimos de três confrades, ora pelas insistentes badaladas de um sino
silencioso, que toca no íntimo de todos nós, durante o afastamento social, anunciando
mais um pedaço arrancado da humanidade. Foram muitos.
João Correia, ou carinhosamente
Joãozinho, como eu gostava de chama-lo é daqueles irmãos pegajosos, que grudam
na lembrança da gente, tão competentemente humano que era disputado por duas
academias, a ACLER e a ARL. Era comum, ao final do expediente, ele aparecer no
escritório da Editora Temática, na Marechal Deodoro, para um bate-papo gostoso;
na maioria das vezes, com a sua humildade característica, ele me mostrava um
texto novo e ficávamos, por um bom tempo, digladiando com as palavras. Ah!
Joãozinho, como você ficou em mim:
Fica
o calor, a ansiedade
E
a renovação.
Fica
um pouco de versos
De
poesia e animação.
Fica
um pouco de arte.
Ficam
as lembranças,
As
surpresas, a imagem,
O
poema e o amor.
Fica
um pouco de mim,
Um
pouco de ti,
Um
pouco de vida,
Um
pouco de dor!...
É
pouco,
Muito
pouco,
Mas
fica.
Fragmentos
do poema FICA POUCO, MAS FICA do poeta João Correia, no livro TEU SINAL/Editora
Brasil/2009. Até breve, meu nobre amigo, nos aguarde para novos papos letrados,
pode demorar um pouco, mas haveremos de nos encontrar, pois embora você já
tenha alcançado a glória, BUSCANDO CAMINHOS, nós ainda estamos perdidos
no meio da jornada, mesmo sabendo que existe um fim que agrega todos os destinos.
*Texto
feito para ser lido durante o lançamento póstumo da obra Buscando Caminhos, de
autoria do poeta João Guilherme Correia, Editora Temática 9/07/2021
Das nossas janelas víamos as janelas dos vizinhos, o muro era baixo e nossa casa foi construída no centro de três terrenos, num nível mais alto. A m
Os que se dedicam às letras, normalmente principiantes, mosqueiam a prosa de palavras "difíceis", rebuscadas no dicionário, e frases enigmáticas, pa
O valor das coisas depende de quem é
Possuía, no século passado, meu pai, na zona histórica, belo prédio barroco – que recebera dos avós, – mas, ao longo dos anos, se delapidara.Reforma
Um médico, ginecologista, instalou seu consultório no nosso bairro. Mulheres de longe, e até as que moravam perto e tinham alguma condição financeira,