Segunda-feira, 31 de maio de 2021 - 09h06
Rondônia deve a sua
estruturação municipal à geopolítica de integração nacional, adotada pelo
Exército Brasileiro, representado por expoentes nacionais e regionais, ao longo
de mais de cem anos de história, produzindo, dessa forma, condições políticas
locais para a apropriação econômica do espaço, ocupando a fronteira e
contribuindo para o consequente surgimento de mais um estado na federação
brasileira. Contudo, nenhum militar foi mais decisivo, nenhum antecedente encarou
a gestão pública como Missão de Vida, nenhum foi mais estadista do que o
Coronel Jorge Teixeira de Oliveira, o fundador da Grande Loja
Maçônica do Estado de Rondônia – Glomaron!
Teixeirão, como
era carinhosamente conhecido, devido ao porte físico, nasceu na pequena cidade
de General Câmara-RS, em 1º de junho de 1921, se estivesse vivo completaria, agora,
cem anos de vida. Em 1966, já oficial do Exército, instalou e comandou, em
Manaus, o Centro de Instrução de Guerra na Selva – CIGS, denominado em 1999,
pelo EB, de Centro Coronel Jorge Teixeira de Oliveira; em seguida fundou o
Colégio Militar de Manaus e, após dar baixa do EB, com a patente de coronel,
assumiu a prefeitura da capital do Amazonas, nomeado que fora, pelo governador
Henock da Silva Reis, em abril de1975, completando o seu mandato em 1979,
literalmente nos braços do povo, devido ao sucesso da sua administração.
Teixeirão não escondia de ninguém a sua vontade de governar o estado do
Amazonas, Mas…
No
estertor de março de 1979, ele recebeu um telefonema do ministro Mário
Andreazza, dando-lhe conta de uma nova missão, desta vez ele iria governar o T.
F. de Rondônia, porquanto o Presidente da República, general João Batista de
Oliveira Figueiredo, pretendia extinguir aquele território e criar mais um
estado federativo. Morria ali o sonho de governar o Amazonas, nascia uma nova
empatia, dessa vez com o povo de Rondônia. “Aída, minha querida, nós
vamos pra Rondônia, uma nova missão nos espera”.
Em
10 de abril de 1979, o coronel Jorge Teixeira de Oliveira tomou posse, como
Governador do Território Federal de Rondônia. Mais uma tarefa encarada como
missão, desta vez a ordem era dar continuidade ao trabalho do coronel que o
antecedera no governo, ultimando os preparativos para a instalação de mais um
estado, mais uma unidade na federação brasileira. Ele sabia que o trabalho
seria intenso, mas não era homem de desanimar. “Aqueles que trabalharão
comigo terão que rezar pela mesma cartilha – Trabalho, trabalho e trabalho.
Vamos todos em frente que nosso objetivo é um só: o Estado de Rondônia!”
Foram
quase três anos de trabalho intenso, deixando marcas por onde passava,
repercutindo a imagem de administrador competente, construída em Manaus, até
que em 16 de dezembro de 1981 o Estado foi criado. Em 29 do mesmo mês e ano, foi
reempossado, agora em Brasília, para o cargo de governador nomeado do Estado de
Rondônia. A instalação do novo Estado ocorreu em 04 de janeiro de 1982, em
solenidade pública, com a presença de autoridades federais, nas escadarias do
Palácio do Governo, na Praça Getúlio Vargas, com a distribuição de cópias da
bandeira e CDs com o hino Céus de Rondônia.
Foi
Teixeirão quem instalou o TJ (Tribunal de Justiça) e o MP (Ministério Público),
além de ter comandado as primeiras eleições para formação da Assembleia
Legislativa, formando assim os três poderes do Estado de Rondônia: Executivo,
Judiciário e Legislativo. Quando ele deixou o governo, Rondônia contava com 15
municípios: Porto Velho, Guajará Mirim, Ariquemes, Jaru, Ouro Preto, Ji-Paraná,
Cacoal, Espigão do Oeste, Pimenta Bueno, Vilhena, Costa Marques, Colorado do
Oeste, Presidente Médici, Rolim de Moura e Cerejeiras.
Assim
que assumiu o governo revolucionou a agricultura e a pecuária com a implantação
dos projetos de colonização do Incra, ajudando no estabelecimento de uma
fronteira agrícola estratégica. Com ajuda do Polonoroeste e do Banco Mundial,
asfaltou a BR 364, criou o Banco do Estado de Rondônia e a Companhia de
Mineração de Rondônia; construiu o Hospital de Base Ary Pinheiro; iniciou a
construção da Hidrelétrica de Samuel, no Rio Jamari, e fez força junto ao MEC
para que fosse instalada em Rondônia uma Universidade Federal - UNIR, em 08
de junho de 1982. Seriam necessárias muitas laudas para enumerar os feitos
de Teixeirão, um homem chamado trabalho.
Ele deixou o governo
ovacionado pela maioria e apedrejado por uns poucos desafetos, radicalistas
cegos, políticos inescrupulosos que, mesmo saboreando, não enxergavam os frutos
consumidos. Jorge Teixeira governou o Estado até 1985 e faleceu dois anos
depois de deixar o governo, em 28 de janeiro de 1987, devido a um câncer ósseo.
D. Aída, sua querida esposa, faleceu em 28 de maio de 2020. “Confesso que
até hoje não aprendi a conviver com políticos, talvez por minha formação. Além
do mais eu acho que já cumpri a missão.”
Os tempos de hoje certamente
não acomodariam as “missões políticas teixeiranas”. Não haveria espaço para ele
se locomover, no jogo viciado da democracia contemporânea. Os conchavos pelo
poder, a título de governabilidade, alinhavados com ajuda de uma complexa
ideologia multipartidária, em que honestidade e decência são valores
inexpressivos, não seriam assimilados por quem cumpriu dois mandatos, com
poderes plenos, gerenciando milhões, sem órgãos fiscalizadores, sem Tribunal de
Contas e morreu pobre.
Jorge
Teixeira de Oliveira, o Teixeirão, foi o último governador do Território
Federal de Rondônia, o primeiro a governar o novo Estado e o único a permanecer
na memória do povo rondoniense, como exemplo de estadista, o que
pensa nas próximas gerações e não nas próximas eleições.
* Excertos do livro: Teixeirão
– um estadista a serviço de Rondônia de WHM
** Professor,
escritor e atual presidente da Academia Rondoniense de Letras ARL
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