Segunda-feira, 6 de setembro de 2021 - 10h20
Desde o Barão de Montesquieu e
a sua histórica separação dos poderes públicos, que o funcionamento do Estado
adquiriu uma conotação ainda maior, quanto às suas responsabilidades frente às
demandas populares. Com a aproximação das eleições e a possibilidade de o poder
trocar de mãos, ou não, buscam-se fórmulas, conchavos, cpis e atitudes que credenciem a tomada do poder, pelo poder. Para a
esquerda o propósito é sustentar os parasitas nacionais e internacionais, os
profissionais da política, que iludem a população, prometendo igualdade de
direitos e solidariedade coletiva: justiça social! Se bem intencionadas, as
políticas públicas são ferramentas importantes aos poderes republicanos, visto
que elas são o elo mais importante entre o governo e a população. Resta ao zé
povo confiar na missão de cada poder e ter a certeza de que tudo o que se faz
na esfera pública tem como finalidade o bem estar do cidadão. A teoria
faz-me rir: Ahahah!
São poucos, muito poucos os
que usam o poder para servir ao povo e a nação. Fazem da vida pública uma
facilidade e não uma missão. O último homem que eu ouvi falar em
“missão”, como sinônimo de servir ao povo e a Pátria foi o Coronel Jorge
Teixeira de Oliveira, que, por ser um homem de visão e valores, cumpriu a sua
missão com extrema competência, mas foi traído e enxotado de Rondônia pelos
políticos profissionais, os mesmos canalhas do poder pelo poder, que se renovam
a cada quadriênio. Do Teixeirão pra cá a “coisa” vem se arrastando, com o poder burocrático estatal sendo
controlado, por quem tem o poder econômico e parte do poder ideológico, o
IDH é o que menos importa.
A “cultura do poder”, na forma
como é explorada no Brasil, acarreta mais problemas do que benefícios, no dizer
da socióloga Clara Costa: “a cultura do poder tem reflexos em diversos aspectos,
no nosso país, desde a instabilidade provocada por uma constante queda de braço
entre os três poderes constitucionais, até a maneira como as políticas públicas
são formuladas e como são prestados os serviços básicos à população”. Daí
porque muitas mudanças precisam ser feitas, principalmente se continuarmos com
uma Constituição que privilegia o parlamentarismo, retirando poderes ao
presidente. Presidente de araque! A gente sabe, pela qualidade dos políticos,
que parlamentarismo puro, no Brasil, vai ser uma farra total, com o dinheiro
público.
A Netflix lançou em 2016 um
seriado titulado Designated
Survivor (O Sobrevivente Designado), ficção que explora a administração de
um governo provisório após um ataque terrorista que destruiu o prédio do
Capitólio, enquanto abrigava o presidente e o vive, todos os membros da Suprema
corte e todos os membros do Congresso. Mais de mil mortos.
Para administrar o Executivo,
estava previsto na Constituição, um ministro denominado “Sobrevivente Designado”
e a partir dele seriam reconstruídos os outros poderes constitucionais, sem
agredir a Constituição e muito menos a Democracia. Para quem gosta das relações
entre os poderes, o envolvimento da família do presidente, as relações com os
governadores, etc. etc., vale a pena assistir as duas primeiras temporadas,
principalmente para quem aprecia comparar a democracia americana com as que existem
no resto do mundo. Após as duas temporadas, o seriado cai na apelação sexual e
no progressismo.
Às vésperas do Dia da Pátria e
com tantos movimentos marcados para esta semana, vale observar as lições da
ficção, para o caso de o Brasil ter que enfrentar uma situação similar. Vai que
a atuação dos caminhoneiros descambe pra algo mais grave, vai que o Ministro da
Aeronáutica, em momento de loucura autoritarista, autorize o bombardeamento dos
prédios que abrigam os poderes constitucionais, exatamente no momento de
reunião de todos os membros.
Seria empolgante conviver, no
Brasil, com as tramas paralelas em um drama político de tamanha proporção,
imaginem os momentos de catarse. Só a ficção alheia e a imaginação nos
proporcionam momentos assim, pois ainda não idealizamos um herói com poderes
para tanto, a não ser Macunaíma, o herói sem nenhum caráter. Iguais a ele temos
muitos. O herói de Mário de
Andrade é cheio de contradições − assim como o país que lhe serve de berço. É
adoravelmente mentiroso, safado, preguiçoso e boca-suja. Será que existe o herói mítico salvador do povo brasileiro? Para
quem ainda se ilude, convém lembrar o que diz o narrador do romance: “Herói?
Tem mais não”.
Na aventura real da atualidade, o que se
vê é a luta pelo poder a qualquer custo, todos querem tomar o poder,
independente do que seja preciso fazer. Esquecem que o filme dos poderes
constitucionais embute a responsabilidade do diretor, em administrar mais de
200 milhões de protagonistas! A maioria deles com direito a voto, sem
noção, todavia, do que isso representa.
“Todo o poder emana do povo”. Infelizmente
os herdeiros de Macunaíma, seduzidos pela linguagem artificiosa dos políticos,
não sabem como utilizar essa mentira a seu favor. Lamentável, no 3º mundo o
herói e o poder são paralelas.
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