Sábado, 3 de dezembro de 2022 - 09h10
Mesmo sem ter consciência
disso, o invisível deseja, com as forças do seu coração, se tornar visível, mas
ele faz parte de minorias que precisam ser lideradas, orientadas, jamais
manipuladas. Quando você nasce preto, indígena, mulher, trans etc., para
conquistar um centímetro de visibilidade, precisa focar na educação, mediante
um esforço sobre-humano. Para galgar os degraus da pirâmide social, além da
educação, precisa contar com a ajuda imprevisível da sorte. A voz dos excluídos
não tem eco, nem significado para a elite que manda. São poucos, mas não podem
ser ignorados.
A janela dos invisíveis, nem é
janela, é um buraco numa parede de taipa, num pedaço de papelão de um morador
de rua, no madeirite dos favelados, logo não gera vistas razoavelmente racionais:
são dependentes, volúveis, comprometidas com o fracasso, com o abandono, com a sujeição
ao tráfico, ou estão no escopo de políticos corruptos, acostumados à
manipulação das estatísticas. As vistas da janela de um invisível só existem no
invisível Castelo do Reino da Esperança, cuja entrada é comandada
pela morte.
Os invisíveis, aqueles abaixo
da linha da pobreza, são cerca de 27 milhões de infelizes, 12,7% da população
brasileira, são os “sem noção”, os que não possuem uma consciência crítica da
própria existência. A educação, o emprego, a instrução, as políticas públicas,
são meras visagens, perambulam feito zumbis na boca dos gestores, que veem a
educação como uma ameaça aos seus cargos, conquistados a base de demagogia e
populismo.
Mais de três milhões de
brasileiros, a maioria analfabeta, sequer possuem uma certidão de nascimento. Existem
de fato, mas não de direito. Segundo estimativa do Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE), em uma sociedade rasgada pela desigualdade
social, que se materializa na fome e na miséria das ruas, a ausência de papéis,
que atestem um mínimo de dignidade, até aparece com frequência no debate
político, mas sempre como promessa, nunca como solução. Os indígenas, com uma
população de menos de 800 mil pessoas, estarão representados no pomposo
Ministério do Povos Originários, como se existissem, para os problemas sociais
brasileiros, dois pesos e duas medidas.
Sem um RG e um CPF, um brasileiro não
consegue se matricular numa escola, não tem acesso a benefícios sociais do
Governo, não pode ir ao sistema público de saúde fazer consultas, é um mero indocumentado,
nem é cidadão, nem pode aspirar a evoluir na vida. Que tal criarmos o Ministério
dos Invisíveis, mesmo correndo o risco de termos mais um cabide de empregos
para petistas e de vermos verbas desaparecerem, no gabinete dos mágicos
gestores públicos da esquerda.
A gente sabe que, diariamente, dezenas
de pessoas adultas vão em busca de documentos que comprovem suas existências,
ainda assim, por razões absurdas, advindas da burocracia, do racismo e do
machismo, o número dos miseráveis indocumentados só cresce, aumentando a culpa
dos que não têm um documento: chegam a se considerarem seres humanos de quinta
categoria, excluídos do mundo dos direitos. “Conheci uma mulher que não foi
registrada porque o pai disse que não tinha filha ‘muito preta’ e outra cujo
progenitor só registrava os filhos homens, porque ‘mulher não precisa disso’”.
Quem vive no aconchego de seu lar,
alheio aos problemas sociais do país, não acredita que essas pessoas existam,
mas elas existem aos milhões, infelizmente são invisíveis, mais invisíveis do
que 15 mil indígenas, escondidos na imensidão das terras Raposa Serra do Sol
− 1.743.089 hectares e 1.000 quilômetros de perímetro − agora comandados pelo
Ministério dos Povos Originários. Se fossem administradas com mais rigor, as
imensas áreas de terras destinadas aos indígenas, ao longo do Brasil, gerariam
recursos suficientes, para uma vida muito mais digna. A experiência de outros
países já demonstrou que isolar os indígenas não é uma boa solução.
Aos mais de 20 milhões de pseudo
cidadãos, resta a fome, a invisibilidade, a prisão ou a morte, administradas
pelos demagógicos marxistas do poder, teóricos utópicos do fim das distâncias
sociais, da inexistência da fome e da pobreza do proletariado. Infelizmente o
comodismo dos poderosos, a inexistência de consciência, do senso de justiça, dos
que podem mudar o status quo dos miseráveis é uma doença contagiosa, nem
Jesus conseguiu popularizar o amor ao próximo, foi mais fácil ao cristianismo/islamismo
imaginar um céu, onde ricos não entram e os miseráveis são tratados com mesa
farta e dignidade. Quem vai se preocupar com os necessitados, se eles serão
agraciados pelo criador, com vida eterna, no Reino da Esperança, com
toda a sua legião de anjos??? Minhas
espadas, forjadas no universo materialista das palavras, jamais alcançarão os
objetivos, mas é a parte que me cabe nesse mundo desigual.
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