Quarta-feira, 19 de julho de 2023 - 10h46
Desde as constantes viagens de
Lula pela Europa e Ásia, articulando maneiras de aumentar suas pretensões
corruptórias, que nós colocamos as barbas de molho, boa coisa ele não está
tramando. Em entrevista dada a um jornalista chinês, mostrando os custos da
democracia brasileira, comparados com o sistema político social, adotado na
China, Lula deixou o entrevistador boquiaberto, sem nada entender, quando falou
das emendas parlamentares bilionárias, usadas como moedas de troca. Mais
espantado ficou o jornalista com o silêncio e o sorriso sarcástico, usado como
resposta à pergunta sobre o significado do termo “orçamento secreto”.
Lembrei do Nordeste, nos
tempos dos coronéis, que multiplicavam seus votos, recolhendo os títulos de
eleitores de seus empregados e os da população ignorante do lugar, só
devolvidos depois das eleições. E se algum eleitor perguntasse ao coronel em
quem ele havia votado, recebia uma resposta chula e rasa: − eleição é
secreta, pra que é que você quer saber em quem votou?
Que jornalistazinho mais pretensioso
querer saber o significado do que é secreto. Corrupção, orçamento secreto,
emendas parlamentares direcionadas a um grupo ou a um partido, não podem ser
explicadas a quem não conhece como se faz política no Brasil. Infelizmente,
aqui, os sociais democratas do PT, PSOL, PSDB, PDT, PSB etc. ainda se inspiram
no comunismo/socialismo, num estado forte, autoritário, ditatorial, nos moldes
do Leviatã de Hobbes, que, numa versão regional, poderia ser comparado com o
nosso popular Mapinguari, dono de uma enorme boca na barriga, capaz de
alimentar, igualitariamente, todos os trabalhadores e um gigantesco olho na
testa, que tudo vê, tudo vigia, tudo controla, sem contar que, no tamanho, é um
monstro inviável, arrogante e de alto custo.
No embate entre liberdade e
igualdade, o gigantismo estatal já está ultrapassado. Grandes empresas estatais
rimam com corrupção. Hoje, quanto menor o estado democrático, maior o
progressismo. No Brasil, resta a privatização como forma de diminuir o Estado,
o contrário é mero devaneio, um retrocesso pacífico impossível. Imaginem se
fosse possível diminuir em 30% os custos com o Congresso, o Judiciário e os
Ministérios, quanto sobraria para ser aplicado no bem estar do cidadão…???
O assunto é extenso, porém,
para compreender melhor, recomendamos o estudo dos movimentos que surgiram pós
debacle econômica do EUA, em 1929; as teorias econômicas de John Maynard Keynes
e os planos de ajuda americana aos países europeus, pós 2ª Guerra Mundial,
lembrando que a Europa se dividiu, porque a Rússia, alimentando o sonho de
dominar o mundo, não aceitou ajuda americana (Plano Marshal), para reerguer o
Leste Europeu, daí o plano Marshal se transformou, na Europa Ocidental, em
Doutrina Truman, com orientação social democrata. A diferença entre as duas partes
da Europa mostrou quem tinha razão. Mas a esquerda insiste em não enxergar o
óbvio, nem a queda do muro de Berlim foi suficiente para abrir-lhe os olhos. E
não são poucos os que culpam Zelensky pela guerra na Ucrânia. O esquerdista,
ditador da Nicarágua, por exemplo é um ferrenho defensor de Putin e do
socialismo na américa Latina.
No Ocidente,
ao longo da Guerra Fria, as lutas sociais jamais cessaram, mas a revolução
proletária nunca ocorreu. A Social-democracia, enquanto modelo econômico e político,
concluiu sua ruptura com os comunistas, voltando-se para um programa de reforma
do capitalismo: uma reação liberal, ignorada no Brasil, organizada sob o
estandarte do “Estado mínimo”, difundiu-se pela Europa e conseguiu, no
século XX, estrondoso sucesso, principalmente nos países nórdicos, diminuindo
as desigualdades sociais, sem aderir ao socialismo cientifico, mas se
aproximando de um Estado de bem estar social democrático, com
incorporações de elementos tanto do socialismo quanto do capitalismo, dentro de
uma perspectiva política e econômica, visando promover o progresso social.
A
Social-democracia implantada nos países nórdicos da Europa, que defende as
liberdades civis, os direitos de propriedade e a democracia representativa, com
eleições regulares e competitividade entre partidos políticos, também é bem
vinda por aqui, desde que o país adquira os requisitos necessários a sua
aplicação – analfabetismo zero e educação coletiva de qualidade – para
não cair na armadilha dos argumentos falsos, das promessas de palanque, do
populismo, nem permitir que o custo da máquina do estado chegue a níveis
absurdos e irreversíveis. Os poderes republicanos brasileiros foram inchando ao
longo do tempo, hoje custam mais caro do que qualquer outro país, se tomarmos o
PIB como referência.
Não sobra
verbas suficientes para aprimorar a educação, melhorar o atendimento na saúde e
promover a segurança do cidadão, muito menos para obras de infraestrutura. Além
dos altos salários, o governo, para governar, precisa aceitar a corrupção, em
todos os níveis. Não é fácil alimentar a ganância ideológica “corruptória”
de mais de trinta partidos políticos.
O máximo que
conseguimos dentro da ótica social, a partir do século XX, foi a implantação de
algumas garantias trabalhistas e assistencialistas de péssima qualidade, como o
salário mínimo, o INSS, o Bolsa Família e o SUS, um mero remendo, uma
enganação. Ainda assim, bem-vinda! É claro que o aprimoramento dessa ampla gama de serviços e tarefas do
Estado necessita de recursos, por isso aplaudimos a reforma tributária em
curso. Tomara que dê tudo certo! Que o desastroso artigo 20, solução dos que
não se conformam com pouco, não atrapalhe o bom senso de alguns parlamentares,
na hora da votação da PEC da reforma.
"Art. 20 - Os Estados e o Distrito Federal poderão
instituir contribuição sobre produtos primários e semielaborados, produzidos nos respectivos
territórios, para investimento em obras de infraestrutura e habitação, em
substituição a contribuição a fundos estaduais, estabelecida como
condição à aplicação de diferimento, regime especial ou outro tratamento
diferenciado, relacionados com o imposto de que trata o art. 155, II, da
Constituição Federal, prevista na respectiva legislação estadual em 30 de abril
de 2023.
Parágrafo único. O disposto
neste artigo aplica-se até 31 de dezembro de 2043."
Os nórdicos,
oriundos da monarquia e hoje parlamentaristas, conseguiram misturar a economia
capitalista com valores socialistas e se transformaram numa alternativa
plausível ao capitalismo puro. Lá costumam estar inclusos, entre os serviços
públicos promovidos pelo Estado, assistência médica ampla e gratuita, programas
habitacionais, educação infantil, básica e superior gratuita, segurança,
infraestrutura, justiça, etc. Contudo a carga tributária geral (como porcentagem
do PIB) está entre as mais elevadas do mundo: Suécia 44,1%, Dinamarca 45,9% e
Finlândia 44,1%. No Brasil a carga tributária é de aproximadamente 33,58% e
a do Reino Unido é
de 32,6%. Os países nórdicos têm alíquotas de impostos relativamente
fixas, o que significa que mesmo aqueles com renda média e baixa são tributados
em níveis relativamente altos. Todo mundo paga satisfeito, porque o governo é
solidário, existe retorno, não há o que reclamar, não existe a Lei de Gerson e
muito menos corrupção. Com a diminuição do custo Brasil e o fim da
corrupção, tudo o que eles conseguiram lá, também seria possível aqui. Sonho
meu! Sonho meu!
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