Segunda-feira, 8 de março de 2021 - 11h55
No início a vida era
unicelular, foram várias etapas, com espaçamento de bilhões de anos, para que a célula única, estressada com a
solidão dos oceanos, se dividisse e se reproduzisse, a partir do encontro com
outra célula, oriunda do seu próprio tronco, produzindo, biologicamente, a
simbiose. Antes mesmo do surgimento dos mamíferos, há cerca de 125 milhões de
anos, quando a vida era apenas marítima, a gênese embutia trocas e cooperação,
contrariando o posterior entendimento de luta competitiva pela sobrevivência. A
ciência não contesta, o “feminino veio primeiro e é básico”, respondendo
à máxima popular: quem nasceu primeiro o ovo ou a galinha? Cai por terra o mito
de Adão.
No
começo dos ajuntamentos, as sociedades eram matriarcais, só com o advento das
civilizações, advindas do Crescente Fértil, há cerca de 12 mil anos, é que as
religiões passaram a fortalecer o patriarcado, fundadas no criacionismo
masculino, relegando a mulher a uma categoria secundária, resultante da
observação dos animais irracionais: o macho é mais belo e forte que a fêmea. O
dono do pedaço, líder e protetor do conjunto.
O império do patriarcado
começou com o Torá e a Bíblia, seguidos pelo Alcorão, atacando a Grande Mãe, a
Suprema Divindade. Gn3;16: À mulher, Ele declarou:
"Multiplicarei grandemente
o seu sofrimento na gravidez;
com sofrimento você dará à luz filhos.
Seu desejo será para o seu marido,
e ele a dominará".
Com
este preâmbulo celebro o Dia da Mulher, primeira e única, geradora de todos os
humanos, sem esconder, no entanto, que a diferença de gênero propicia a
sexualidade, culminando na procriação, na exacerbação do amor, a força mais
poderosa que move não só o céu e a terra, mas também os nossos corações. És
arma, fogo, terra, chão, és mulher.
A
sábia natureza estabeleceu a diferença para que houvesse reciprocidade,
mutualidade, mas não imaginava que o sequenciamento da paridade desaguasse em competividade,
preconceito, discriminação, violência, fenômenos tipicamente humanos, mas
irracionais! Daí que a celebração do Dia da Mulher ocorre, estupidamente, num
contexto de conscientização mundial, sobre a violência que elas sofrem dos
homens, sejam pais, maridos, amantes ou parentes. Entre muitas pautas
significativas, o 08 de março simboliza também a luta contra o machismo e a
violência.
A
forma de corrigir o absurdo passa pela educação em massa e por uma revolução de
hábitos: o companheirismo, a parceria e a isonomia salarial, já seriam um bom
começo na reparação do mal milenar; afinal as mulheres são a maioria da humanidade.
O homem é o mesmo antes e depois do primeiro encontro de amor, ainda que o
prazer e a arritmia da expectativa por um novo encontro nunca mais o abandonem;
contudo, a mulher recebeu da natureza o dom múltiplo de ser feliz, genitora e
guardiã da vida, única criatura capaz de ser forte, sem perder a ternura e o
amor. Momentos de reflexão masculina…
Depois
de escrever sobre ciência, religião, matriarcado, patriarcado, machismo, rendo-me
à sensibilidade de um pensamento das entranhas, verdadeiramente brega: o mundo
sem as mulheres seria como um jardim sem flores, logo, sem suavidade, sem cor,
sem cheiro e sem graça, arriscando-me a receber delas, o troco: o que vocês
fariam sem a gente?
Parabéns
a você que é anjo e feiticeira, mãe, filha, irmã, esposa, companheira, tia,
avó, que se ama e cobra amor, se respeita e exige respeito, que está à frente
de seu tempo, abrindo caminhos sociais, enfrentando o ultrapassado e
construindo sua própria história. Salve, salve a mulher!!!
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