Terça-feira, 29 de junho de 2021 - 13h51
Esta semana a mídia se despediu de dois
ícones da imprensa: Xexéo, há mais de 20 anos alimentava a crônica social, nas
páginas do segundo caderno do jornal de domingo, com a capacidade da sua vasta
cultura; Lázaro, por 20 dias, numa versão moderna de Lampião, esteve no topo de
todas as página policiais, abriu o Fantástico da Rede Globo e deu asas ao drama
das diferenças sociais, pelas câmaras do Domingo Espetacular, da Rede Record,
mediante presença marcante de Roberto Cabrini, entrevistando parentes e
conhecidos do famoso facínora nordestino. Como se a sociedade estivesse
dividida em dois grupos que não dialogam, fechados em suas convicções, onde o
jocoso toma partido.
Nestas situações extraordinárias, os diferentes
arregimentam o maior número possível de admiradores, fascinados pelo poder da
pena magistral do notável jornalista ou pela popularidade daquele que, ao
desafiar as polícias unidas, esteve na ordem do dia de todas as mídias sociais,
foi o centro de todas as atenções e de todos os memes, com milhares de
seguidores/torcedores, sedentos de sangue, como se participantes de um jogo
eletrônico titulado A Caçada a Lázaro. Ganhava o jogo aquele que mais
tiros acertasse no corpo do lazarento. O secretário de Segurança de Goiás disse
em entrevista que foram 38 os tiros que mataram Lázaro, tamanho era o medo da ressureição.
Parece brincadeira, mas a morte de ambos
despertou em muita gente a velha e conhecida inveja, que acompanha o homem desde
o princípio, com Caim matando Abel, ou com a rivalidade entre os grupos de
sapiens, pelo alimento, pela escolha de suas fêmeas ou pelo comando de suas
tribos, até que a evolução cerebral mostrou outras saídas, que arrefeceram a
violência, mas não eliminaram a inveja inerente. Se
a arena dos diferentes estivesse montada no terreno movediço da política
partidária e para a sua sustentação dependesse de argumentações sólidas, os
prós e contras estariam, sempre, movimentando a estabilidade da nação. Poder é sempre perigoso. Atrai o pior e corrompe o melhor.
Em assim sendo, ser diferente
é uma atitude, um destino, que vem acompanhado de uma sensação estranha de
tolerância, culminando com a aceitação de uns e a contrariedade de outros,
polarizando as atenções, conforme o estigma da diferença. Todas as lideranças passaram/passam
pelo processo da polarização à lealdade de princípios, uns mais outros menos,
notadamente quando está em jogo o poder, a independência de um país, a
exploração das minorias, a corrupção material e de princípios morais, a
evolução ou involução da espécie humana, o conservadorismo ou o progressismo
das sociedades. Tudo na vida
tem o poder e a importância que a gente dá.
Foi assim com os Hebreus no
Egito, com Buda, no Oriente, com Jesus e a propagação do amor ao próximo, com
César e Brutus, com Constantino I e o concílio de Nicéia, com Lutero e Calvino,
com Benjamim Franklin, Thomas Jefferson, Churchill, Hitler, Marx, Lenin/Stalin,
Mao, Patton, Mandela, Luther King, Zumbi dos Palmares e tantos outros líderes,
espalhados pela História, e muitos que a todo momento estão surgindo no cenário
político mundial, quer seja pela força ou pelo voto, pela ditadura ou pela
democracia.
Imaginem Galileu na Idade
Média, enfrentando a opinião pública, a igreja e Deus, para não morrer na
fogueira da inquisição, simplesmente porque queria dividir com o mundo suas
descobertas científicas. De lá pra cá, não mudou muita coisa. A briga pela
mudança de comando da nave Terra continua exacerbada. Alguns tripudiam dos
horizontes, se aproveitando da visão embaçada da maioria dos passageiros.
Galileu disse, sabiamente, durante a Inquisição, quando teve que negar a
movimentação da Terra em torno do sol: “Não me sinto obrigado a
acreditar que o mesmo Deus que nos dotou de sentidos, razão e intelecto,
pretenda que não os utilizemos".
Não é difícil entender porque as
lideranças, nos regimes democráticos, sujeitas à polarização de ideias,
são/estão vulneráveis. Para governar com a maioria do Legislativo
multipartidário, o líder é obrigado a tolerar a escória da classe política,
mesmo correndo o risco de retrocesso, no combate à corrupção, num país com
fracas fronteiras político/partidárias e cheio de interessados no retorno ao
tempo das propinas, do caixa 2, da corrupção em larga escala, que já chegou,
num passado recente, a um valor equivalente ao PIB da Bolívia. É muito melhor administrar
um país, pela força da ditadura totalitária esquerdista, sem liberdade, sem
informação, com a Internet controlada, onde os divergentes são simplesmente
eliminados ou presos, como na China, na Coreia do Norte, em Cuba, etc. Um povo sem educação e sem informação torna-se
refém da retórica populista, que prega o retrocesso e não tolera comparações
com outros países.
Nem tudo que vem do Planalto,
do Legislativo ou do Judiciário merece aplauso, mas pelo critério simples e
racional, no quesito comparação, com os que já governaram este país, somos pela
permanênncia do status quo: por mais de 20 anos a esquerda teve a chance
de modificar nossa Pátria, inclusive com o nosso voto, mas só admministrou as
conveniências petistas. Estamos cansados de tanta safadeza corruptória em nome
dos eleitores. Como
simples homem do povo, dá vontade de vomitar, dá nojo ver a cara do STF,
decidindo pelo império da corrupção, enlameando o Judiciário de passado ilibado.
Só Deus sabe o custo à nação de cada decisão dessa.
Sabemos que em meio às decisões sensatas
do executivo, existe muita fantasia, muita irracionalidade e muita vontade de
interferir no destino das pessoas, porque, às vezes, o poder cega, e corremos o
risco dos descaminhos. Em contraponto, o Pe. Vieira nos esclareceu, há muitos
anos: “Sabeis porque vos querem mal vossos inimigos? Ordinariamente porque vêm
em vós algum bem que eles quiseram ter e lhes falta”.
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