Sexta-feira, 26 de agosto de 2022 - 12h29
Quanto mais de aproximam as
eleições, mais a polarização vai tomando corpo, delineando o nome dos dois
candidatos que pretendem a maioria dos votos para ocupar a Presidência da
República. Pouco falam nos nomes dos parlamentares que ocuparão a Câmara de
Deputados e o Senado.
A força da tradição
presidencialista é tão grande, que ofusca os nomes dos candidatos ao parlamento.
Ontem o Lula disse em entrevista à Rede Globo, que o Bolsonaro, sem ajuda do presidente
da Câmara era um bobo da corte, situação também sentida por ele,
antecipadamente, já que vivemos num semiparlamentarismo ou
semipresidencialismo, ou seja, não somos nem uma coisa nem outra, muito pelo
contrário. A verdade é que vivemos um presidencialismo de araque, devido
as brechas constitucionais da Carta Magna de 1988.
A História, velha mestra
da vida, nos esclarece que, embora o artigo 76 da nossa Constituição Federal
diga que o Brasil adota o sistema presidencialista, quase fomos
parlamentaristas. O debate começou na Assembleia Nacional Constituinte de 1987,
responsável pela elaboração do texto da nova constituição. Deputados de peso
como Mário Covas, Roberto Freire e Fernando Henrique Cardoso eram
parlamentaristas, no entanto, grupos capitaneados por Lula e Sarney eram
favoráveis ao presidencialismo. Após deliberações de toda ordem, a comissão de
sistematização aprovou o parlamentarismo, como sistema de governo que deveria
ser aprovado na nova Constituição Federal de 1988.
Todavia, antes da
deliberação da comissão chegar ao Plenário, as velhas raposas da política
entraram em cena, especialmente o presidente José Sarney que era contra o
parlamentarismo, porque o seu mandato seria reduzido de 6 (seis) para 4
(quatro) anos. Por esta razão, Sarney jogou duro, usando o poder político a seu
bel prazer: distribuiu cargos, emendas parlamentares, concessões de rádios e
TVs às lideranças políticas, etc. etc. formando uma base aliada no Congresso, o
que mais tarde foi apelidada de “Centrão”. Nascia ali a prática do
toma-lá-dá-cá e também o Presidencialismo de Coalizão, caracterizado
pela troca de favores, para se conseguir maioria no Congresso Nacional.
Infelizmente, o sistema
de governo aprovado no plenário da constituinte foi o semipresidencialismo,
mesmo com toda a base da formatação política da nova Constituição ter sido
preparada e construída para um regime parlamentarista. E o pobre povo
brasileiro continua à mercê dos políticos oportunistas e dos discursos demagógicos,
além das velhas campanhas, centradas no populismo e nas promessas de palanque,
hoje, elevadas as redes de TV e demais mídias.
Com a aprovação do
“orçamento secreto” ou emendas do relator, o Executivo cada vez mais depende da
Câmara e devido à falta de regras pré estabelecidas, para o encaminhamento dessas
verbas, não há fiscalização, facilitando a corrupção. O presidente eleito será
um mero fantoche, se não conseguir base parlamentar suficiente para aprovar
projetos de peso ou modificar a Constituição, devolvendo ao povo um verdadeiro
sistema presidencialista, não muito à mercê do Congresso Nacional; ou
parlamentarista com uma responsável fiscalização ao trabalho do 1º Ministro.
Chega dessa indefinição, desse famigerado sistema de troca de favores ou de
toma-lá-dá-cá.
De que adianta campanhas
e debates na TV dos presidenciáveis se são os deputados e senadores que terão o
poder decisório. Os candidatos a deputados federais aparecem pouco, quase não
fazem campanha, a maioria do eleitorado só vai conhecê-los no dia da eleição. Difícil
entender uma República, onde o Executivo e o Legislativo se digladiam pelas verbas
do orçamento (diretas e indiretas), sem visibilidade alguma. Por outro lado, a
gente já nem sabe quem manda nesse país, onde membros do STF ditam novas normas
constitucionais, ameaçam a população com o poder de polícia e estampam nas carecas
um complexo narcisista inadmissível numa Democracia. Quem quiser viver em paz
que viva em silêncio. E ainda dizem que só nas ditaduras a liberdade de
expressão é proibida. Salve-se quem puder.
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