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Crônica

Q.B. Quociente de Burrice


Q.B. Quociente de Burrice - Gente de Opinião

Não se trata de uma atitude alarmista, mas já há algum tempo venho escrevendo sobre o emburrecimento da juventude, parece que o excesso de informações via internet, além da substituição da memória e do raciocínio humanos, pelo Google e demais vertentes da Inteligência Artificial (IA)., estão provocando um verdadeiro retrocesso nas mentes humanas, isso sem contar a substituição de livros por podcasts. A Veja desta semana (6/10) trouxe na capa uma imagem de humanos em evolução, seguidos de outro em involução, alardeando a manchete: O avanço da estupidez. É verdade que nunca na história da humanidade houve um declínio tão marcante, nas habilidades cognitivas.

Ninguém é bronco a ponto de condenar a evolução tecnológica, o que se condena é o excesso, parece que estamos viciando o nosso cérebro, a ponto de nos tornarmos, num futuro não muito distante, num ser híbrido (metade humano, metade máquina), basta observar a importância e o tempo gasto pelas crianças diante dos celulares, tablets, etc. etc. Com a Pandemia esse tempo mais que dobrou. O caminho para a Inteligência Artificial (IA) está se alargando.

A matéria da Veja está escorada em vários cientistas, entre eles o francês Michel Desmurget, autor do livro A Fábrica de Cretinos Digitais, já lançado no Brasil. O neurocientista referido, diretor de pesquisa do Instituto Nacional de Saúde da França, nos apresenta em sua obra a síntese de vários estudos que confirmaram os perigos reais das telas no desenvolvimento cerebral e nos alerta para as graves consequências, se continuarmos a promover, sem senso crítico, o uso dessas tecnologias.

A gente sabe que o cérebro se exercita, daí porque precisa de estímulos e a ciência já listou vários caminhos para afiar a capacidade intelectual, entre eles, se exercitar fisicamente, praticar algum tipo de arte, optar pela escolha mais difícil, cultivar boas relações, etc. Deixei para o fim aquela que para mim é a melhor recomendação: devorar livros. Os romances, a história narrada a partir da criatividade do escritor, ainda que água com açúcar, são os melhores. Pergunte a um jovem conhecido quantos livros ele leu em 2020/21 durante a quarentena obrigatória. As respostas são constrangedoras e preocupantes.

O nível de leitura das crianças, adolescentes, jovens e adultos vem caindo assustadoramente, principalmente se o livro é de ficção. Na minha juventude, estou com 73 anos, a gente lia muito mais, os professores recomendavam a leitura de livros conforme a idade e o nível de instrução. Entre os colegas havia o costume de se trocar livros e o de se comentar a leitura. Lembro de uma revista chamada Seleções que trazia o resumo de vários romances de autores americanos e europeus. A gente lia tudo e buscava o texto completo daquele que mais nos havia atraído. Era comum testes para se detectar o Q.I., hoje está mais fácil medir o Q.B.

A leitura ficcional diverte e multiplica o poder imaginativo do jovem, é mais forte do que assistir um filme baseado numa obra qualquer. O livro dá a chance de se parar para pensar, acariciar e cheirar as páginas, além de opinar intimamente sobre o assunto que está sendo lido. Na minha infância, as professoras repetiam diuturnamente: quem não lê, mal fala, mau ouve, mal vê, mal escreve. Lendo você acabará tendo a certeza que você é do tamanho dos seus sonhos.

Mesmo contestado, todas as vezes que me deparo com estudos, como esse do Michel Desmurget, aumento minha certeza de que a revolução tecnológica, no futuro, será democratizada, não sem dor, mas sem volta. A evolução da IA é a revolução da própria inteligência humana, é a oportunidade que temos de acabar com a estupidez, que nos deu inúmeras guerras, duas mundiais, uma com utilização de bombas atômicas, além de organizações como Talibam, Al-Quaeda e gente que promove o distanciamento social no Planeta e nega o avanço da ciência, como a recusa pelas vacinas. O comportamento humano com o meio ambiente, por exemplo, só aumenta a necessidade de soluções advindas da IA. 

Neste século, o impacto da inteligência artificial (IA) para as próximas décadas será tão grande quanto foram a eletricidade, o motor a combustão, o microprocessador e a internet para o século 20. Fica difícil imaginar como a robótica evoluirá e até onde poderemos chegar??? Eu acredito em criação artificial independente, ou seja, a própria IA construindo a IA, para o bem do que restar da humanidade híbrida.

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