Domingo, 9 de julho de 2023 - 10h20
A
velha e revelha história do: " Rei Vai Nu", está sempre atual. Foi
recontada genialmente por Ramalho, e por outros conhecidos escritores:
Um
dia apareceu ao Rei, não sei se era do Oriente ou Ocidente, alfaiate
espertalhão, que tinha um tecido precioso. Tão especial, que só os inteligentes
podiam ver.
O
Rei e os cortesãos não queriam passar por ineptos, e não se cansavam,
copiosamente, louvar a fazenda.
Sua
Majestade mandou-lhe, então, confecionar vestidura, para deslumbrar a plebe.
Mas
certa vez, quando o monarca andava a passear, um rapazinho inocente, vendo o
rei em trajos menores, clamou: "O Rei vai Nu!..."
Por
encanto, como S. Paulo, em Damasco, caíram as escamas dos olhos, que não
deixavam o rei ver a verdade, por estupidez ou vaidade.
Envergonhado,
recolheu-se ao palácio e vestiu-se dignamente.
Francisco
Rodrigues Lobo, na " Corte na Aldeia", conta caso semelhante:
Foi
contactado El-rei D. João III por importante mercador, que lhe disse – que na
sua loja tinha tecido precioso, e que lho daria de graça, se lhe desse a honra
de o aceitar.
El-rei
recebeu o presente e mandou fazer vestimenta. Logo que apareceu em publico,
todos correram ao estabelecimento do mercador, em busca de igual fazenda.
O
referido pano era um mono, e não havia quem o comprasse.
Quantas
vezes não se vê senhores carregados de condecorações ou de elevado grau
académico, pasmados diante mamarracho, com a boca e. "Oh!" – "
Que maravilha!...Que talento!...Que genial!..."
No
íntimo todos sabem que nada vale, mas não têm a coragem de o afirmar, em
publico, para não passarem por néscios, perante os "entendidos".
Assim
acontece na Literatura, e em tudo. Ninguém quer ser o garotinho que bradou:
" O Rei Vai Nu!..."
E
não o diz, porque a coletividade pensaria, com soberba: "Como é
estúpido!...Ignorante!...Néscio!..."
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