Sexta-feira, 15 de julho de 2022 - 09h55
Muitas
vezes, quando estou na Povoa do Varzim, vejo passar peregrinos, que se dirigem
para Santiago de Compostela.
Alguns
são idosos, outros, bastante jovens – quase adolescentes, – que caminham aos
pares ou isoladamente, levando, em regra, a tradicional vieira.
Admiro
a coragem dessa gentes – quase todos estrangeiros, – que se aventuram a
percorrer caminhos quase desertos, expondo-se à intempérie, aos salteadores e
às frias Nortadas, por lugares ermos e perigosos.
O
governo da Galiza, a bem da sua terra, tem realizado convincente propaganda,
difundindo e reavivando os antigos caminhos, que levam à catedral do Santo.
Certa
ocasião, estando na esplanada de bar, em, A – Ver – o – Mar, ouvi conversa do
proprietário com um desses peregrinos, que vinha pedir a colocação de carimbo
da firma, garantindo, assim, que passou por ali.
Admirei-me
que os "peregrinos" estejam interessados em tais carimbos!...
Admirei-me,
mas rapidamente me informaram estar na moda, e até é chique fazer tais
"peregrinações."
Soube,
também, por jovens, que alguns fazem o percurso de carro, atravessando apenas
as povoações, a pé.
Onde
chega o snobismo a vaidade ou a ânsia de ser importante! - Como se isso desse
alguma importância!...
Bem
diferente são os peregrinos de Fátima, que caminha em grupo, rezando e
cantando, palmilhando por atalhos e estradas, e muitos chegam ao Santuário em
lamentável estado de saúde.
São
devotos de Nossa Senhora. Não colhem carimbos, nem se hospedem em hotéis, nem
comem em restaurantes elegantes, nem intercalam etapas, de carro e a pé.
Uns
vão a Compostela para fazerem turismo, por estar na moda; outros vão a Fátima
para cumprir promessas e pedir graças.
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