Sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022 - 16h33
Quando cheguei à praia naquela manhã de verão abri os
braços e respirei o cheiro das ondas. Tão intensamente me entreguei àquele
suspiro que me perdi numa doce, terna e lúdica visão. O céu era puro azul; às
ondas do mar pareciam neve - nesse pais tropical - que se espalhavam pela areia
da praia limpa e repleta de pequenas conchas que me alegraram à alma. Ao longe
divisei pequenas embarcações que traziam o sustento do povo simples dali. Andei
chutando as espumas das ondas, catei conchas, cantei para à vida e para Yemanja
- a deusa mãe do mar. Como criança rolei meu corpo na areia e me entreguei à
essa alegria que a natureza do mar nos proporciona. Foi então que me lembrei de uma bela história
de amor que passo a narrar. A personagem e protagonista dessa e de outras
narrativas chama-se Dorothy Labelle. Foi seu grande amor que me narrou o que
segue.
"Quando vi Dorothy pela primeira vez ela era um botão
de rosa desabrochando para vida. Cabelos
longos e cacheados, pele fresca como o vento, olhos lindos cheios de
esperanças, alegria e luz. Uma cena me
chamou atenção: ela abriu os braços frente ao sol e rodopiou de olhos fechados
e lábios em sorriso. Que coisa mais linda eu pensei!!!!! Dorothy Labelle era a
perfeição para meus olhos. Era um dia de verão qualquer em frente ao mar.
Labelle chutava as ondas e corria. Eu me encantei. Jamais poderia supor que
Dorothy seria para mim uma inspiração. No decorrer de anos vi e pensei na
Dorothy menina e imaginava como estaria ela, Dorothy mulher. Numa noite dessas
que o destino articula, na mesma areia salgada eu duvidei do que vira. Era ela
chutando as ondas como fizera quando menina flor. Os cachos ainda estavam
soltos ao vento, o corpo agora era formosura em forma de mulher. A lua gorda e
cheia no céu me impulsionou sem pensar para Dorothy. Quando percebi já
caminhávamos de mãos dadas e os anos já haviam passado mais uma vez. Olhei para
ela. O olhar de menina era o mesmo, a pele com as rugas do tempo ainda era
fresca e suave. Os cabelos brancos revelavam a minha Dorothy mais mulher do que
nunca. Mas, a criança/menina estava ali, presente em cada fio branco, em cada
ruga, em cada olhar. O silêncio era nosso parceiro e nossas mãos cúmplices do
tempo, do amor imenso que vivemos cada um em sim, e cada um no outro. Dorothy,
sempre foi minha luz e inspiração. Ela vive em mim e eu nela. Somos um no outro
para sempre". Suspirei novamente e olhei para imensidão azul do mar. Que
lindeza da natureza!!! E por onde andaria Dorothy Labelle? Talvez aqui bem
perto, pensei.
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