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Crônica

Um Amor à Beira Mar


Fátima Ferreira Santos  - Gente de Opinião
Fátima Ferreira Santos

Quando cheguei à praia naquela manhã de verão abri os braços e respirei o cheiro das ondas. Tão intensamente me entreguei àquele suspiro que me perdi numa doce, terna e lúdica visão. O céu era puro azul; às ondas do mar pareciam neve - nesse pais tropical - que se espalhavam pela areia da praia limpa e repleta de pequenas conchas que me alegraram à alma. Ao longe divisei pequenas embarcações que traziam o sustento do povo simples dali. Andei chutando as espumas das ondas, catei conchas, cantei para à vida e para Yemanja - a deusa mãe do mar. Como criança rolei meu corpo na areia e me entreguei à essa alegria que a natureza do mar nos proporciona.  Foi então que me lembrei de uma bela história de amor que passo a narrar. A personagem e protagonista dessa e de outras narrativas chama-se Dorothy Labelle. Foi seu grande amor que me narrou o que segue.

"Quando vi Dorothy pela primeira vez ela era um botão de rosa desabrochando para vida.  Cabelos longos e cacheados, pele fresca como o vento, olhos lindos cheios de esperanças,  alegria e luz. Uma cena me chamou atenção: ela abriu os braços frente ao sol e rodopiou de olhos fechados e lábios em sorriso. Que coisa mais linda eu pensei!!!!! Dorothy Labelle era a perfeição para meus olhos. Era um dia de verão qualquer em frente ao mar. Labelle chutava as ondas e corria. Eu me encantei. Jamais poderia supor que Dorothy seria para mim uma inspiração. No decorrer de anos vi e pensei na Dorothy menina e imaginava como estaria ela, Dorothy mulher. Numa noite dessas que o destino articula, na mesma areia salgada eu duvidei do que vira. Era ela chutando as ondas como fizera quando menina flor. Os cachos ainda estavam soltos ao vento, o corpo agora era formosura em forma de mulher. A lua gorda e cheia no céu me impulsionou sem pensar para Dorothy. Quando percebi já caminhávamos de mãos dadas e os anos já haviam passado mais uma vez. Olhei para ela. O olhar de menina era o mesmo, a pele com as rugas do tempo ainda era fresca e suave. Os cabelos brancos revelavam a minha Dorothy mais mulher do que nunca. Mas, a criança/menina estava ali, presente em cada fio branco, em cada ruga, em cada olhar. O silêncio era nosso parceiro e nossas mãos cúmplices do tempo, do amor imenso que vivemos cada um em sim, e cada um no outro. Dorothy, sempre foi minha luz e inspiração. Ela vive em mim e eu nela. Somos um no outro para sempre". Suspirei novamente e olhei para imensidão azul do mar. Que lindeza da natureza!!! E por onde andaria Dorothy Labelle? Talvez aqui bem perto, pensei.

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