Sexta-feira, 29 de setembro de 2023 - 13h44
As vistas
das minhas janelas, em todos os tempos, sempre tiveram vibes
positivas,
mas a vida me impôs marcas negativas, na pele, no bolso, no olhar distante de
quem está próximo, no acaso, no destino, que incomodaram/incomodam o meu viver.
Todavia
não me considero um revoltado, como não me vejo pregando o amor, a paz, o céu
como recompensa, o uso de drogas, para fugir às imposições existenciais
negativas. Apesar dos pesares, ainda acredito nos amigos, os vejo com o
coração, os antigos e os novos.
Bem que
eu tentei, bem que eu venho tentando, mas a filosofia das vibrações positivas,
a positive vibration de Bob Marley não entrou no meu
cardápio,
continuo me importando com bens materiais e com o que o dinheiro compra, e não
me visto com roupas simples, nem vejo a natureza
com olhos de cabra
morta. Ter ou não ter? Ter!
Minha
vibe positiva, meu estilo, minha filosofia de vida não combinam com impulsos
alucinógenos, sou o que sou, em busca de vitórias, com competência, vencendo os
muitos braços que me puxam pra trás, mesmo sabendo que minha competência possui
baixo valor de mercado. Ainda assim busco.
No
pântano dos relacionamentos doentios não consigo nadar, são tantos obstáculos a
serem dragados, tanta sujeira. Vou curtindo a minha alucinação controlada,
vivenciando o meu ser a meu modo, com a minha vibe própria, embora ciente de que
a experiência básica de ser quem sou, é
uma
construção frágil, em meio a uma sociedade hipócrita, onde a voz mais alta
sempre foi a do ter, a que reforça o poder. Mérito é detalhe.
A vista
da minha vibe pessoal, muito além da janela pós setenta, vem tumultuando meu
olhar, já nem sei se é uma vista me libertando ou a velha janela me iludindo,
confundindo meu discernimento e me obrigando a teclar, loucamente, como se
estivesse polindo o real significado das palavras, na tentativa de substituir a
vista da janela das minhas vibrações negativas.
Ser já
não importa, poucos me veem, o etarismo me discrimina, mas capengo entre vibes
positivas, na tentativa de mudar conceitos nietzschianos: a esperança deixaria
de ser uma sacanagem, para ser uma
“paciência inquieta”, um silêncio eloquente, quem sabe, um blefe,
agradável ou não. Tudo depende do enigma do baralho da vida e das cartas
deterministas que me foram dadas para jogar.
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