Sábado, 20 de abril de 2024 - 08h15
Durante
longos anos ouvi diariamente: comentários e pareceres de amigos e conhecidos e,
frequentemente escuto na cafetaria, onde todas as tardes tomo o reconfortante
cafezinho, conversas sobre os mais diversos assuntos.
De
tudo que ouvi e escuto, conclui: a maioria das pessoas são como dizia o mendigo
de Joracy Camargo: " Pensam que pensam, mas não pensam".
São
simples repetidores do que ouvem ou leem dos fazedores de opinião.
Os
pareceres variam, em norma, consoante a posição que se encontram no xadrez da
vida: alteram-se com a situação económica do momento.
Poucos
são os que possuem convicções e certezas fundamentadas – ainda que asseverem
que as têm...
Se
perguntarmos a ferrenho torcedor a razão de ter aderido a certo clube
desportivo, não saberá, por certo, responder.
"
Sou, porque sou." - Argumenta; ou porque o pai já o era; ou simplesmente
para ser do contra: a família torcia por outro clube.
Acontece,
igualmente, na política. Poucos militantes conhecem a ideologia e os estatutos.
Basta-lhes repetirem o que diz o líder; os mais fanáticos, mesmo reconhecendo o
erro, são incapazes de o reconhecerem.
Infelizmente
o que se passa no desporto e na política, ocorre algumas vezes, na religião:
Se
perguntarmos a crente, porque permanece nesta ou naquela denominação, por certo
não saberá responder. Talvez declare: Que é a Igreja da maioria; porque gosta
do sacerdote; ou era a da sua meninice.
Também
na Igreja, como na política, há infelizmente, quem busque interesses
financeiros ou projeção social:
Conheci
homem que frequentava Igreja Evangélica, porque recebia, algumas vezes um
queijo flamengo!...
Conheci,
igualmente, escritor, amigo de meu pai, cujas obras alcançaram importantes
prémios. Uma vez confidenciou-lhe:" No início da carreira tive que aderir
a partido político de esquerda, para conseguir editor!..."
O
mesmo aconteceu a intelectuais, na época da ditadura...que mais tarde
inscreveram-se em partidos de esquerda, após haverem recebido benesses do
antigo regime.
Tenho,
portanto, sempre reservas quando ouço ou leio comentários na média, porque é
raro ser-se imparcial. Todos sofremos influencias. Poucos são verticais e
honestos. Mas ai de quem lhes diga isso!...
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