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Crônica

We the People


We the People  - Gente de Opinião

Na semana comemorativa pelos 200 anos da Independência brasileira, a Rede Globo tem apresentado, no Jornal Nacional, programação específica sobre a data. Ontem, 31/08, o assunto foi a Constituição Americana e sua influência nas demais constituições do mundo democrático e capitalista.

We the People é a frase de abertura do Preâmbulo da Constituição dos Estados Unidos e da Índia. Ontem, após a leitura da frase, a vice presidente dos EUA completou: Nós o povo temos o poder de construir um mundo melhor. Que pena, pelo menos aqui no Brasil as coisas foram e são diferentes. O povo não passava (não passa) de massa de manobra; o voto, por muitos anos, foi manipulado pelos governadores, destaque para São Paulo e Minas Gerais, na famosa política Café com Leite, que matou o candidato a Vice Presidente, João Pessoa, na chapa encabeçada pelo gaúcho Getúlio Vargas. Foi preciso um baixinho, um gaúcho arretado sair de seu estado pra acabar com as mordomias dos políticos de SP, MG e RJ. Àquela época coronelista, os verdadeiros donos da nossa democracia.

 A Constituição Federal que mais vantagens, direitos e garantias deu aos brasileiros foi outorgada por um ditador, Getúlio Vargas, em 1937. A Era Vargas (1937-1945) criou a CLT, o salário mínimo, a carteira de trabalho, com semana de 48 horas, direito a férias remuneradas, etc. Foi Vargas quem criou a Petrobrás, mais tarde dilapidada pela quadrilha do PT. Em 1938, criou o IBGE, a Companhia Siderúrgica Nacional, em 1940, a Vale do Rio Doce, em 1942, e a Hidrelétrica do Vale do São Francisco, em 1945. O voto feminino foi autorizado em 1932, incorporado à Constituição de 1934 e regulamentado pelo código eleitoral de 1965 (em plena revolução). Foram tantas conquistas sociais, que esse é um caso de se dizer − os fins justificaram os meios.  

Ainda que Getúlio tenha sido deposto pelo Exército Brasileiro, em 1945, foi na Era Vargas que o povo se sentiu verdadeiramente representado por um presidente, o pai dos pobres, tanto isso é verdade que nas Eleições de 1950 ele volta ao Palácio do Catete pela força do voto popular. Foi o primeiro presidente a desmascarar o voto de cabresto. E foi, novamente, a classe política brasileira, as raposas do sistema, manipulada por Lacerda, quem colocou a arma na mão de Getúlio, deixando órfão, o povo varguista, sem consulta-lo num referendum. O capital voltava ao poder, patrocinando a corrupção; o comunismo mostrava sua cara, ávido por uma ditadura de esquerda, usando a mesma demagogia de sempre: diminuição das distâncias sociais, igualdade, etc. a mesma lenga lenga já tão explorada e sem nenhum resultado prático. Vide pobreza em Cuba!

O mal do Brasil foi querer se comparar à democracia presidencialista dos EUA e dos demais países desenvolvidos da Europa; à ditadura da Rússia e ao parlamentarismo da Grã-Bretanha, sem uma educação forte, com níveis alarmantes de analfabetismo, com a demagogia e o populismo sendo usados, como disciplinas obrigatórias no currículo da classe política. Uma República Vira Lata em que os três poderes tripudiam um da cara do outro. Onde um ex-presidente reconhecidamente corrupto, condenado em duas instâncias, recebe o aval da Corte Maior, para possivelmente retornar ao poder e aos esquemas de corrupção, que tanto mal fizeram a esse país. Tudo isso com o aval do Estado Democrático de Direito.

Por mais que os políticos tenham cara de pau, notadamente os corruptos, durante o horário político, dá pra perceber, no olhar, a vergonha que estão sentindo. Dá pena ver o Alckmin se esforçando para ser um homem sério, depois de tudo que ele disse do Lula. A maioria deles enchem a boca com a frase Estado Democrático de Direito, sem ao menos conhecer a amplitude significativa da frase. A experiência e a história confirmam não será pelo voto que mudaremos esse país.

A palavra crise, em época de campanha política, nos seus mais variados sentidos, sempre me inspirou temor, não pelo significado embutido em si mesma, não pelo que ela acarreta de problemas às classes mais necessitadas, mas, e principalmente, no que ela atrai de oportunistas, de sofistas, de desconstrucionistas, gente que só quer se locupletar, feito aves de rapina, hienas em busca de repasto, e se apresentam como salvadores da pátria. Velhos lobos chegam a retirar do armário suas fantasias de cordeiro, a armar a face com sorrisos plasmados na hipocrisia, com o intuito único da enganação, em busca dos inocentes votos que lhes possibilitarão o retorno, a permanência, ou a chegada ao poder.

Não sei como resolver a absurda crise dos três poderes, que chafurdam diuturnamente na lama da corrupção e das agressões mútuas, sem dó nem piedade do povo brasileiro. Isso porque não acredito na solução advinda do voto, sem o adjutório da educação e da instrução. A história nos ensina que neutralizar a classe política sem a força é praticamente impossível. Sem querer humilhar os cachorros, lembro que “o político corrupto não larga o osso sem receber uma paulada na cabeça”.  Getúlio usou a força para ignorar a classe política, depois recebeu o apoio maciço do povo, em eleição popular. Getúlio, na política, é como Pelé, no futebol, só nasceu um.

A desapiedada classe política vem aí, amparada por 32 partidos legalizados. Bons e maus, gente de toda espécie, velhos e novos canalhas, profissionais ou não, a maioria, armada com os tradicionais argumentos convincentes, forjados na demagogia e no populismo, financiados por bilhões dos nossos preciosos impostos, que deveriam ser aplicados na educação, na saúde e na segurança de nosso povo. Infelizmente os políticos de boa cepa não usam um selo de honestidade e boas intenções na face. São poucos, mas existem.

Hoje, nem a PF merece confiança: um diretor geral disse, publicamente, que uma mala de dinheiro não prova nada. O apartamento de Geddel Vieira Lima, lotado de dinheiro público, foi miragem, não eram reais as filmagens feitas pela TV. Geddel é aquele político baiano corrupto, que agora apoia Lula, rindo da cara do eleitor.

We the people brasileiro queremos o poder dos super-heróis americanos para procedermos as mudanças institucionais que a nação precisa. Shazam!!!

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