Quarta-feira, 15 de janeiro de 2025 - 15h34
“O Brasil
precisa aceitar a soberania relativa sobre a Amazônia".
François
Mitterrand / Presidente da França – 1991
“Só
a internacionalização pode salvar a Amazônia”.
Grupo
dos Cem / México - 1996
Em
1621, Felipe IV, na ocasião rei de Espanha e Portugal, criou o Estado do
Maranhão, compreendendo o Grão Pará, o Maranhão e o Ceará, de limites não muito
definidos com o Estado do Brasil, ao Sul. O novo estado ficaria diretamente
subordinado à Lisboa até 1808, quando D João VI chegou ao Brasil e integrou
todo território ao seu governo, no Rio de Janeiro. A indiferença e o
desconhecimento atual sobre a região Amazônica pelo restante do país não
nasceram à toa. E para muitos dos que vivem hoje no país, a Amazônia continua
tão distante quanto o Grão Pará ou a Groelândia, porque os brasileiros de modo
geral não recebem informações suficientes sobre a região. Mas, o Brasil precisa
entender que é questão de honra e de sobrevivência como nação a plena soberania
sobre a totalidade de seu território.
A
Amazônia brasileira foi conquistada com grandes sacrifícios, a partir da
célebre expedição de Pedro Teixeira a Quito, no Século XVII, e das providências
de delimitação das nossas fronteiras pelo Marquês de Pombal, no Século XVIII, além
da obstinada preocupação dos governos coloniais com a defesa militar daquela
região. Ao longo de toda a fronteira noroeste, os restos dos antigos fortes do
período colonial, e os atuais Pelotões de Fronteira do Exército Brasileiro, são
testemunhas da consciência de nossos militares em preservar esse legado histórico,
assim como de assegurar que os nossos direitos estejam ali mantidos, até o
presente.
Fronteiras
adentro, contudo, madeireiros, garimpeiros e comerciantes inescrupulosos,
muitos associados aos índios e a estrangeiros, continuam devastando a floresta,
espoliando seus recursos e poluindo suas águas, como sempre fizeram, sem que os
governos tenham presença institucional capaz de coibir tais abusos. As 102.080 ONGs
existentes atualmente na Amazônia (IPEA-2019), quando não se encontram
diretamente subordinadas aos financiadores estrangeiros, são grupos parasitas
que vivem do dinheiro público. De fato, as queimadas da floresta e os índios da
Amazônia somente despertaram os corações e mentes dessas ONGs durante o governo
Bolsonaro. Os indígenas de Mato Grosso do Sul estão se suicidando, morrendo de
doenças banais e de desnutrição, enquanto esses abnegados filantropos sequer ali
aparecem, ou lancem um alerta na imprensa.
A
preocupação em assegurar aos índios o espaço para o exercício de sua cultura ancestral,
de coletores, caçadores e agricultores primitivos é tardio e perverso. Não é
possível acreditar que, no mundo da informação de hoje, os indígenas de Roraima
ou do Pará irão pescar e caçar com dardos e flechas, ou que não se utilizem de
panelas e utensílios de cozinha, porque a FUNAI não os disponibiliza, visando
preservar “hábitos culturais”. Muitos deles pilotam aviões, estudam em
universidades estrangeiras e exercem atividades econômicas complexas, enquanto
outros se associam aos madeireiros e mineradores clandestinos, ou sobrevivem de
esmolas nas cidades. Só seria admissível que continuemos a lhes reservar
espaços imensos, se ainda estivessem na idade da inocência. Em pleno Sec XXI, é
estupidez econômica e crueldade, manter cerca de 800 mil seres humanos “preservados”
na idade da pedra, como em um parque temático. Por
que não estão gerando riqueza e bem-estar para suas etnias, trabalhando em
projetos sustentáveis na exploração dos recursos sobre os quais estão
assentadas suas reservas de 1,3 milhões de Km2 (14% do território
nacional)?
As
antigas salvaguardas constitucionais ao menos garantiam às Forças Armadas a
missão de penetrar nas áreas demarcadas, sem a necessidade de dar satisfação à
FUNAI ou às ONGs, o que assegurava a plena soberania do Estado sobre o solo e o
subsolo, inclusive submetendo a entrada de estrangeiros a uma licença prévia, e
apenas durante tempo determinado. O Governo Lula III retirou dos militares o
Programa Calha Norte, que tinha como objetivo inibir a proliferação de ações
ilícitas, com a implantação de núcleos de colonização e apoio às comunidades
carentes da Amazônia, o que abriu mais ainda a possibilidade de infiltração criminosa
nas fronteiras. O Presidente do Brasil já declarou publicamente que a Amazônia
não é só do Brasil, e seu governo tem se esmerado em desqualificar a capacidade
profissional de suas Forças Armadas, retirando-lhes inclusive responsabilidades
sobre atribuições constitucionais, além de abrir temerariamente seu
conhecimento militar sobre a selva aos “países amigos”.
Essa
ameaça estrangeira é real, mas além da hipótese de intervenção política
militar, hoje ela está camuflada pelo marketing dos “bem-intencionados”
projetos de sustentabilidade, além da hipócrita pressão internacional pela
preservação da floresta, por parte de países europeus, iniciativas que não
passam de loby econômico de seus agricultores prejudicados pelo
agronegócio brasileiro. Não podemos esquecer o ocorrido na região no século XIX,
quando um agente inglês disfarçado de cientista, com a ajuda dos índios
Macuxis, fincou a bandeira britânica em território nacional, o que mais tarde
permitiu que Londres ampliasse a sua colônia, às custas da nossa negligência.
Sabidamente,
países não tem amigos e sim interesses. Estamos assistindo a expressão da crua
realidade geoestratégica mundial, materializada em assaltos à soberania de
nações seculares, em nome de interesses atuais das superpotências. Interesses semelhantes
já foram inúmeras vezes externados quanto à internacionalização da Amazônia
brasileira – e acreditem – não estão longe de se concretizar, como no inesperado
ataque à Ucrânia, ou nas atitudes hostis contra o Canadá e a Groelândia. Quando
isso acontecer, espero que o Presidente da República e as ONGs sejam capazes de
empunhar armas e dar a vida na defesa da Amazônia, como fizeram nossos
antepassados.
Gen Marco
Aurélio Vieira
Foi Comandante da 12ª Região Militar do Exército Brasileiro
(Roraima, Amazonas, Acre e Rondônia)
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