Quinta-feira, 11 de julho de 2024 - 07h47
O aquecimento global é uma consequência direta do
modo de vida que os seres humanos impuseram ao planeta. O modo de produzir e o
modo/hábitos perdulários de consumo provocam, com maior intensidade e
frequência, catástrofes e eventos climáticos extremos em várias partes do
mundo, com ondas de calor e frio, chuvas torrenciais (desmoronamentos e
inundações), secas, incêndios florestais de grande magnitude e aumento do nível
do mar.
Do ponto de vista científico, não
existem mais
dúvidas que tais fenômenos ocorrem devido à ação humana, elevando o aumento
médio da temperatura do planeta. Principalmente pelo uso de fontes energéticas
fósseis (petróleo e derivados, carvão mineral e gás natural), desmatamento
desenfreado e da agropecuária extensiva.
Se não evitarmos as causas do aquecimento nos
próximos anos, as mudanças no clima continuarão a causar catástrofes, colocando
em risco a própria sobrevivência da vida na Terra. Banir os combustíveis
fósseis e conter o desmatamento são tarefas prioritárias. A natureza nunca foi
inimiga, e sem ela não existirá vida em nossa Casa Comum.
No Brasil, um dos mais ricos países em abundância
de fauna e flora, avançamos na geração de energia elétrica com fontes
renováveis (sol, vento, biomassa), mas infelizmente ainda não adotamos as
medidas necessárias para conter o desmatamento em todos os biomas. A ganância
incentivada pelo capitalismo, pelos meros interesses econômicos, tem reduzido
drasticamente a vegetação e as florestas.
Logo mais teremos eleições que vão escolher novos
prefeitos (as) e parlamentares, para compor os legislativos municipais em mais
de 5.000 municípios. É um momento propício para a reflexão acerca das questões
ambientais e para debater propostas de como enfrentar os desafios da crise
climática. Sem a consciência das pessoas sobre a importância da conservação e
da preservação ambiental, estamos fadados à derrota.
A Constituição Cidadã de 1988 estabelece que todas
as esferas do Poder Público – federal, estadual, municipal - devem promover o
equilíbrio ambiental como garantia para as gerações futuras. O papel dos
municípios é fundamental no desenvolvimento e implementação de políticas
públicas ambientais de enfrentamento às causas e efeitos das mudanças
climáticas.
Ninguém mora na União, nos Estados. As pessoas
moram nos municípios. É neles, que os serviços são prestados, as crianças
estudam, os adultos trabalham, os alimentos são produzidos, a vida acontece.
Daí a importância de comprometer as autoridades executivas e legislativas com a
defesa da Mãe Terra. Já os munícipes, precisam fazer a escolha certa dos homens
e mulheres que governarão pelos próximos 4 anos.
O Nordeste semiárido, o mais populoso do mundo, com
30 milhões de moradores, é um dos locais mais vulneráveis às mudanças
climáticas. Estudos, com o uso de satélites, indicam a redução drástica da
vegetação no bioma Caatinga, que diminui de tamanho, ano a ano, favorecendo a
redução das chuvas, com diminuição da produção de alimentos e aumento das
temperaturas. Isto afeta diretamente seus habitantes.
Logo, nas eleições municipais é fundamental que o
debate também seja pautado na questão ambiental, pois a realidade do dia a dia
ocorre na esfera municipal. Um dos aspectos mais importantes para tornar uma
cidade saudável, sustentável, e assim melhorar a qualidade de vida das pessoas,
na área urbana e rural, é a participação social, que se dá também nas eleições.
A pergunta que não quer calar é “Até quando esperar
para começar as mudanças tão necessárias?
Escolher prefeitos (as) vereadores (as) comprometidos
em mudar a atual realidade contribuirá para melhorar a qualidade de vida nos
municípios, cujo papel é fundamental no enfrentamento da crise climática e
ambiental. Daí você eleitor (a):
- Procure conhecer o passado e a biografia do
candidato (a) e a trajetória de seu partido na defesa do meio ambiente e das
causas populares.
- Investigue as alianças do partido do candidato
(a) e seus projetos, quais os interesses que defende e quem financia.
- Confronte o discurso e a prática do candidato
(a). Não vote nos negacionistas que negam a crise climática. Nem naqueles que
usam as redes sociais para mentir e propagar o ódio. Não vote em mentirosos,
demagogos e postulantes burgueses, ou apadrinhados por bancos e latifundiários.
- Não se venda por nada. Analise a campanha do
candidato, não confie em palavras vazias. Olho nos oportunistas que fazem da
política trampolim para enriquecerem. Vote em candidatos a prefeito (a) e
vereador (a) comprometidos com as lutas populares.
- Fuja do cabresto. Não vote em quem o padre,
patrão, pastor manda votar.
- Não vote em quem ataca os grupos, associações,
sindicatos, organizações não governamentais que defendem os pobres.
- Procure conhecer as propostas. Se são factíveis,
ou meras promessas. No passado fez o que pelos pobres e vulneráveis/ Como
propõem estimular maior participação social no seu governo?
- Discuta com seu candidato (a) algumas propostas
que devem estar presentes no processo eleitoral e integrar o programa de
governo, sua atuação parlamentar. Sugestão:
· Promover
ações de prevenção, proteção e recuperação ambiental, como a criação e
incentivo a viveiros com distribuição de mudas nativas e frutíferas para a
população.
· Incentivar
a agricultura familiar no município, com distribuição de insumos
necessários no contexto de práticas agroecológicas.
· Combater
o desmatamento regional.
· Atender
às melhorias reivindicadas pelas populações rurais, incentivando a permanência
no campo (iluminação, recuperação de estradas, transporte, internet,
saneamento, ...).
· Fortalecer
e potencializar os Conselhos Municipais de Defesa do Meio Ambiente.
· Criar
os Conselhos Municipais de Educação Ambiental, instituindo nas escolas (urbanas
e rurais) temas relacionados às mudanças climáticas, à preservação e
importância da natureza na vida das pessoas.
· Combater
as “fake news”, o negacionismo ambiental, com estratégias institucionais de
checagem, além de informação direta em sites institucionais sobre a situação
climática e seus impactos.
· Fortalecer
a governança e a gestão dos bens comuns da natureza, do financiamento, proteção
e recuperação dos mananciais.
· Garantir
recursos no planejamento orçamentário para a gestão hídrica e do meio ambiente,
com ampla participação e controle social.
Recente pesquisa, promovida pela Confederação
Nacional dos Municípios, registrou que só 2 em cada 10 municípios estão
preparados para enfrentar os impactos das mudanças climáticas. Esta situação
impõe a intensificação de estratégias e ações urgentes para evitar que a população
sofra mais.
Devemos aproveitar o processo eleitoral em curso
como um momento auspicioso para a discussão, conscientização e proposição de
políticas públicas sociais, rumo a conquista de municípios sustentáveis e
resilientes diante do aquecimento global, maior desafio já enfrentado pela
humanidade!
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