Terça-feira, 7 de janeiro de 2025 - 14h43
A violência contra médicos e equipes de saúde
em seus locais de atendimento precisa ser reconhecida como problema a ser
combatido com seriedade. Neste sentido, urge a aprovação, pelo Congresso
Nacional, de leis severas que punam agressores de profissionais da saúde. Há
vários projetos tramitando com esse fim, o que sinaliza uma resposta
legislativa em construção. Um exemplo é o PL n.º 4.002/24, que inclui atos
dessa natureza no rol dos crimes hediondos.
Infelizmente, situações de agressão se
tornaram tema recorrente em relatos publicados pela imprensa e em queixas que
chegam diariamente às delegacias de polícia. As situações vão de ofensas
verbais até agressões físicas.
Levantamento feito pelo Conselho Federal de
Medicina (CFM) junto às Polícias Civis de 26 estados e Distrito Federal
registra um acúmulo de 38 mil ocorrências desse tipo entre 2013 e 2024. Em
Rondônia, no período houve 277 registros, ou seja, em média, 27 casos por ano.
Em novembro, uma tragédia em Douradina (MS)
revelou a que ponto essa crise pode chegar quando o marido de uma paciente,
insatisfeito com o atendimento recebido pela esposa dois anos atrás, assassinou
a facadas o médico Edvandro Gil Braz dentro do posto de saúde onde atendia.
Para enfrentar esse problema, antes de tudo é
preciso entender suas múltiplas causas. Dentre elas, se destaca a precariedade
do Sistema Único de Saúde (SUS), confrontado com uma demanda crescente e
infraestrutura insuficiente.
Os usuários da rede pública são testemunhas da
crise que afeta a assistência e sabem que frente à demora por atendimento,
muitas vezes, pacientes e familiares direcionam sua frustração contra os
médicos, que, por sua vez, também são vítimas desse enredo.
Também preocupa a ausência de segurança
adequada em postos e hospitais. Quando existe, o foco recai sobre a proteção patrimonial,
que não pode ser mais importante do que a segurança de médicos, demais
profissionais da saúde e pacientes. Certamente, a presença de agentes treinados
poderia evitar tantas agressões cotidianas.
Além disso, o silêncio de muitos médicos
contribui para a sensação de impunidade. Descrentes da eficiência das
autoridades, desestimulados pela burocracia e temerosos de retaliações, há
profissionais que suportam insultos e agressões, perpetuando um ciclo de
violência.
Entretanto, assim como o diagnóstico desse
problema, sua solução também precisa ser multifacetada. A aprovação de leis não
é suficiente para resolver esse fenômeno, cujo enfrentamento depende também de
medidas de gestão para enfrentar a crise que afeta os serviços de saúde, em
especial as emergências e prontos-atendimentos.
Essa responsabilidade recai sobre os gestores
públicos. São imprescindíveis medidas como ampliação do número de leitos,
compra de equipamentos e abastecimento de estoques de medicamentos e insumos,
bem como o reforço de equipes de atendimento. Também é preciso criar fluxos de
trabalho organizados e redes de proteção à integridade física e emocional dos
profissionais.
A conscientização da sociedade sobre esse tema
configura auxiliar importante nesse processo. Em Mato Grosso do Sul, uma
deputada estadual apresentou projeto de lei que institui uma campanha de
combate à violência contra médicos e profissionais da saúde. Iniciativas assim
podem transformar o desrespeito em uma cultura de valorização.
Em conjunto, todas essas iniciativas são uma
reação aos ataques aos médicos, celebrados como “heróis” durante a pandemia de
covid-19, que se tornaram alvos de hostilidades, tendo seu valor ignorado
diante de comportamentos violentos.
Para que esse cenário mude de fato e respeito
e segurança prevaleçam nos ambientes de assistência, o CFM apela para que as
ações apresentadas se transformem em fatos concretos, garantindo aos médicos a
paz necessária para exercerem sua missão de cuidar da saúde e salvar
vidas.
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