Quinta-feira, 24 de abril de 2025 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Artigo

Há remédio para a violência contra os médicos


Há remédio para a violência contra os médicos - Gente de Opinião

A violência contra médicos e equipes de saúde em seus locais de atendimento precisa ser reconhecida como problema a ser combatido com seriedade. Neste sentido, urge a aprovação, pelo Congresso Nacional, de leis severas que punam agressores de profissionais da saúde. Há vários projetos tramitando com esse fim, o que sinaliza uma resposta legislativa em construção. Um exemplo é o PL n.º 4.002/24, que inclui atos dessa natureza no rol dos crimes hediondos.

Infelizmente, situações de agressão se tornaram tema recorrente em relatos publicados pela imprensa e em queixas que chegam diariamente às delegacias de polícia. As situações vão de ofensas verbais até agressões físicas.

Levantamento feito pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) junto às Polícias Civis de 26 estados e Distrito Federal registra um acúmulo de 38 mil ocorrências desse tipo entre 2013 e 2024. Em Rondônia, no período houve 277 registros, ou seja, em média, 27 casos por ano.

Em novembro, uma tragédia em Douradina (MS) revelou a que ponto essa crise pode chegar quando o marido de uma paciente, insatisfeito com o atendimento recebido pela esposa dois anos atrás, assassinou a facadas o médico Edvandro Gil Braz dentro do posto de saúde onde atendia.

Para enfrentar esse problema, antes de tudo é preciso entender suas múltiplas causas. Dentre elas, se destaca a precariedade do Sistema Único de Saúde (SUS), confrontado com uma demanda crescente e infraestrutura insuficiente.

Os usuários da rede pública são testemunhas da crise que afeta a assistência e sabem que frente à demora por atendimento, muitas vezes, pacientes e familiares direcionam sua frustração contra os médicos, que, por sua vez, também são vítimas desse enredo.

Também preocupa a ausência de segurança adequada em postos e hospitais. Quando existe, o foco recai sobre a proteção patrimonial, que não pode ser mais importante do que a segurança de médicos, demais profissionais da saúde e pacientes. Certamente, a presença de agentes treinados poderia evitar tantas agressões cotidianas.

Além disso, o silêncio de muitos médicos contribui para a sensação de impunidade. Descrentes da eficiência das autoridades, desestimulados pela burocracia e temerosos de retaliações, há profissionais que suportam insultos e agressões, perpetuando um ciclo de violência.

Entretanto, assim como o diagnóstico desse problema, sua solução também precisa ser multifacetada. A aprovação de leis não é suficiente para resolver esse fenômeno, cujo enfrentamento depende também de medidas de gestão para enfrentar a crise que afeta os serviços de saúde, em especial as emergências e prontos-atendimentos.

Essa responsabilidade recai sobre os gestores públicos. São imprescindíveis medidas como ampliação do número de leitos, compra de equipamentos e abastecimento de estoques de medicamentos e insumos, bem como o reforço de equipes de atendimento. Também é preciso criar fluxos de trabalho organizados e redes de proteção à integridade física e emocional dos profissionais.

A conscientização da sociedade sobre esse tema configura auxiliar importante nesse processo. Em Mato Grosso do Sul, uma deputada estadual apresentou projeto de lei que institui uma campanha de combate à violência contra médicos e profissionais da saúde. Iniciativas assim podem transformar o desrespeito em uma cultura de valorização.

Em conjunto, todas essas iniciativas são uma reação aos ataques aos médicos, celebrados como “heróis” durante a pandemia de covid-19, que se tornaram alvos de hostilidades, tendo seu valor ignorado diante de comportamentos violentos.

Para que esse cenário mude de fato e respeito e segurança prevaleçam nos ambientes de assistência, o CFM apela para que as ações apresentadas se transformem em fatos concretos, garantindo aos médicos a paz necessária para exercerem sua missão de cuidar da saúde e salvar vidas.  

Gente de OpiniãoQuinta-feira, 24 de abril de 2025 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

Brasil avança, mas cresce com o freio de mão puxado

Brasil avança, mas cresce com o freio de mão puxado

Nas últimas duas décadas, o Brasil construiu uma sólida confiança como celeiro de inovação na América Latina. É um dos maiores ecossistemas de finte

Mulheres no poder: Rompendo padrões ou repetindo a história?

Mulheres no poder: Rompendo padrões ou repetindo a história?

No dia 8 de março, celebramos mais um Dia Internacional da Mulher. Uma data de reflexão, conquistas e, principalmente, de questionamentos sobre o fu

Há ética na comunicação ou somos parte do erro?

Há ética na comunicação ou somos parte do erro?

Escrevo hoje para tentar aplacar algo que há muito me incomoda. Como ser humano mediano, acostumado a atuar na superficialidade das coisas e raramen

Experiências imersivas com LED e IA: o futuro do streaming

Experiências imersivas com LED e IA: o futuro do streaming

O setor de transmissão de conteúdo acompanha um momento de adaptação às novas possibilidades criativas. A combinação de displays LED com sistemas de

Gente de Opinião Quinta-feira, 24 de abril de 2025 | Porto Velho (RO)