Quarta-feira, 8 de maio de 2024 - 15h04
No cenário contemporâneo, as
relações no mercado de trabalho têm sido marcadas por uma diversidade de
gerações coexistindo. Entre elas, a Millennial se destaca não apenas por sua
presença significativa, mas também por desafios singulares.
Para compreender esse fenômeno, é
essencial examinar as características das diferentes gerações. Desde os Baby
Boomers, passando pela Geração X e chegando à Geração Z, cada uma possui
valores, expectativas e estilos de trabalho distintos.
A geração X é considerada
independente, empreendedora e adaptável, mas também cética, individualista e
desmotivada. A geração Y é percebida como inovadora, colaborativa e flexível,
mas também impaciente, instável e exigente. A geração Z é apontada como
conectada, diversa e engajada, mas também distraída, imatura e superficial.
Contudo, é na Geração Millennial
que observamos um fenômeno: um aumento significativo nos casos de Burnout, que
se reflete em problemas mentais e dificuldades de interação.
A jornalista americana Anne Helen
Petersen aborda esse tema em seu livro “Não aguento mais não aguentar mais:
Como os Millennials se tornaram a geração do Burnout”. Ela argumenta que eles
são uma geração que cresceu sob pressão para ser produtiva, competitiva e
bem-sucedida.
Eles foram educados para acreditar
que poderiam alcançar qualquer coisa se trabalhassem duro. Porém, se depararam
com um mercado de trabalho instável, competitivo e precário, que exige deles
habilidades, qualificações e disponibilidade constantes.
Além disso, vivem em uma sociedade
que valoriza o consumo, a imagem e a felicidade, mas que também cobra
responsabilidade, sustentabilidade e propósito. Eles são bombardeados por
informações e estímulos o tempo todo, mas também sofrem com a solidão, a ansiedade
e a depressão. Eles têm acesso a inúmeras oportunidades, mas também enfrentam
inúmeros obstáculos.
Essa combinação de fatores os leva
a um estado de Burnout crônico, que afeta não só o trabalho, mas também a
saúde, relacionamentos e autoestima. Eles se sentem cansados, frustrados e sem
perspectiva. Não conseguem relaxar, se divertir ou se cuidar. Não aguentam mais
não aguentar mais.
Uma pesquisa realizada pela
Universidade de Oxford em 2022 revelou que 72% dos Millennials relataram
sentir-se esgotados no trabalho. O levantamento também mostrou que esses
profissionais são mais propensos a trocar de emprego do que as gerações
anteriores, o que pode ser um sinal de que estão procurando melhores condições
de trabalho.
A falta de compreensão mútua é agravada
pela dificuldade de comunicação. A Millennial, acostumada à comunicação
instantânea e à troca de ideias em um ambiente digital, muitas vezes é
interpretada como impaciente e avessa à hierarquia. Por outro lado, os mais
velhos podem ser vistos como rígidos e pouco abertos à inovação. Para superar
essas barreiras, é essencial promover a empatia e a compreensão mútua.
As empresas precisam criar
ambientes inclusivos, onde as diferentes gerações possam compartilhar suas
perspectivas e aprender umas com as outras. A promoção de programas de mentoria
inversa, onde os Millennials podem compartilhar seus conhecimentos tecnológicos
com os mais experientes, é uma estratégia eficaz para criar sinergia e
fortalecer as relações interpessoais.
A geração millennial tem muito a
contribuir para o mercado de trabalho e para a sociedade. Mas ela precisa de
apoio, de compreensão e de oportunidades para realizar o seu potencial. Ela
precisa de mais sinergia e menos Burnout.
*João Roncati é diretor da People + Strategy, consultoria de
estratégia, planejamento e desenvolvimento humano. Mais informações em site
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