Segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025 - 13h59
[...]
de fato, não se consegue imaginar, no seio de uma sociedade, enormidade maior
do que esta: a LEI
tomada como instrumento de injustiça.”
Frédéric
Bastiat, in A Lei, 1850
Existem
duas maneiras de ser imparcial: a do cientista e a do juiz. Elas têm uma raiz
comum, que é a honesta submissão à verdade dos fatos. Entretanto, no Brasil de
hoje vivemos um sistemático envenenamento da verdade, distorcida através da
rotina erudita, dos dados sem fontes de credibilidade, e das narrativas
ideológicas apresentadas como fatos, ou disfarçadas de senso comum.
Muitos de
nossos cientistas foram calados na pandemia, taxados de negacionistas porque –
mesmo munidos de dados científicos – ousaram discordar da versão alarmista
pregada pela ideologia do caos.
E os nossos
juízes descambaram para um legalismo ativista de ocasião, prendendo pessoas sem
respeitar o devido processo legal, perseguindo adversários políticos, e
impedindo a sustentação oral de advogados nos tribunais do júri. Eles estão “descondenando”
e libertando condenados em mais de uma instância, liberando traficantes presos
em flagrante, devolvendo recursos aos criminosos confessos, censurando redes
sociais por crime de opinião, cassando mandatos de parlamentares eleitos por milhares
de votos, vendendo sentenças. Alguns de nossos juízes já usam tornozeleira
eletrônica.
Nossos
juízes querem calar quem se sentir prejudicado pelas decisões em “defesa da
democracia”. Em resposta à enxurrada de manifestações contrárias às decisões
que restringem as operações de segurança pública nas comunidades do Rio de
Janeiro (ADPF 635), visando a “proteção da sociedade” contra os “abusos policiais”
no combate aos “cidadãos portando fuzis nas esquinas”, nossos magistrados sugerem
criminalizar quem criticar a corte ou a justiça.
O mau
real é que as pessoas não têm reagido com o peso da coletividade. E não há
manifestação individual que sensibilize uma “democracia relativa”, onde o lamento
costuma não passar de simples opinião, e a atenção oficial para opiniões anda escassa,
seletiva e perigosa. O que temos feito é reclamar nas mídias sociais, sem mover
sequer uma palha na direção de reagir às injustiças. Sem manifestações de
protesto, de fato, habituamo-nos a repassar fake news e acreditar
piamente em teorias da conspiração salvadoras da Internet. O escritor inglês G.K.
Chesterton costumava dizer: “Enquanto continuarmos amaldiçoando o sistema,
ele estará são e salvo.”
Em sua
obra “A Desobediência Civil”, o britânico Henry Thoreu ressalta que a
desobediência civil é o único caminho a ser tomado quando as leis existentes
são injustas, o que, por fim, faz o próprio Estado conduzir o homem ao crime,
ou ser conivente com as injustiças. Segundo ele, se a lei não for um
instrumento de realização da justiça, seu descumprimento é legítimo. Mas no
Brasil de hoje, é possível inclusive uma desobediência civil dentro da lei,
porque os atos de juízes estão – SIM – contrariando a lei. Exemplo: existem Oficiais
do Exército presos, fora do flagrante delito, e ao arrepio da Lei Nr 6.880 /9
dez 1980 (Estatuto dos Militares), em seu Artigo 74.
E se o brasileiro
comum tem desrespeitado as leis, é porque certamente elas o desrespeitaram
primeiro. Na verdade, vivemos um flagelo legal que afronta diariamente nossa inteligência
e nosso senso de justiça, ao criminalizar com base em leis inexistentes, censurar
“discursos de ódio” de velhinhas da Internet, aplicar penas absurdas aos “atentados
violentos contra o estado democrático de direito” com batom.
A
alegação de sempre é de que eles – os juízes – estão agindo com justiça.
Na
Bíblia, em Gênesis 18: 23-33, vemos Abraão discutir com Deus o destino de Sodoma.
Quantos justos haveria na cidade? Cinquenta? Vinte? Concluindo que não havia
nem cinco justos em Sodoma, Abraão não pediu perdão ao Senhor pela insistência
inconveniente, mas sim, com os olhos voltados para os céus, perguntou ao Pai: “Não
agirá com justiça o Juiz de toda a Terra? Na verdade, Abraão atreveu-se a questionar o
Senhor. Em outras palavras, o que Abraão disse foi: “O Senhor realmente é
o Juiz de fato e de direito de todo o Universo; mas, mesmo assim, me parece que
isso não o coloca acima da lei. Estou errado?”
O Senhor não
se ofendeu: Abraão não foi admoestado, castigado e nem fulminado por um raio
divino, em virtude de sua “desobediência civil”. Deus não fulminou Abraão por um único motivo: porque
ninguém está acima da lei, nem Deus. Abraão tinha perfeita compreensão de
sua dúvida, e de que se Deus o fulminasse já não seria Deus, porquanto estaria contrariando
sua própria lei. Porque se o Direito for o que o juiz – o soberano ou o
presidente de plantão – disser que é, já não será mais Direito, e já não será
mais necessário respeitar a lei.
Quando alguma
“autoridade” diz o que é a Lei, porque assim a entende e decide, os advogados
passam a ser inúteis, e deixamos de viver a legalidade para sofrer o legalismo
da aplicação fria dessa lei. Do mesmo modo, quando a Lei deixa de ser a força
comum organizada para fazer obstáculo à injustiça, ela se torna o próprio “instrumento
da injustiça”, e a Justiça se torna mero justiçamento.
Gen Marco
Aurélio Vieira
Foi
Comandante da Brigada de Operações Especiais e da Brigada de Infantaria
Paraquedista
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