Segunda-feira, 15 de abril de 2019 - 12h46
Dizia,
certa vez, alguém, cujo nome já não me recordo, que: Cultura, é o que resta,
depois de tudo se ter esquecido.
É
a essência, que permanece da: educação, que recebemos; dos costumes; tradições
e valores, que alicerçam a sociedade, em que estamos inseridos.
Saber:
é ter conhecimento de certa matéria ou determinado assunto. Cultura: é o sumo
de vários conhecimentos, que foram “ esquecidos”, ao longo da vida e servem para:
pensar, criticar, raciocinar… e escrever.
Nem
só o académico, que frequentou a Universidade, se pode dizer que é culto; o
ignorante, o humilde trabalhador do campo, pode ser sábio, e ensinar-nos muito,
que empiricamente foi adquirindo, por experiência própria ou recebida dos seus
maiores.
Muitas
vezes, a gente rude, são verdadeiros livros abertos, no modo como se exprime, e
na vernaculidade dos termos que emprega.
Cultura
e liberdade, andam de mãos dadas. Não pode sobreviver a cultura de um povo, se
o invasor, impõe: religião, língua, tradições, valores da sua civilização.
Antigos
conquistadores, conheciam que o modo eficaz de dominaram um povo, era
inculcarem: costumes e tradições alheias, ao longo dos anos.
A
lavagem cultural, pode ser pela violência (decreto); ou levá-lo a aceitar, por
imitação ou complexo de inferioridade.
Foi
o método usado pelos europeus, na época dos descobrimentos. Pelos romanos, ao
expandirem o Império; e, segundo parece, o processo, que certos lideres
muçulmanos pretendiam fazer, de modo pacífico, primeiro ao Ocidente, depois ao
Oriente.
A
globalização acelera o fim da cultura característica dos povos, criando a
mestiçagem da cultura, e fomentando a mobilização, e a perda de identidade dos
povos.
É,
porém, verdade, que a amálgama de tradições e costumes, enfim, da cultura de
vários povos, enriquecem os países; mas, também, é verdade, que os
descaracteriza.
Cada
povo tem sua cultura, seu modo de pensar e agir, transmitidos de geração a
geração. A globalização, lentamente, vai igualando, impondo aos povos mais
fracos, a perda de identidade; acabando assimilados.
Perseverar
a língua, é defender a cultura de um povo.
Em
“ A Correspondência de Fradique Mendes”, Eça, depois de afirmar que :” Na língua verdadeiramente reside a
nacionalidade”, exprime a opinião sobre o poliglota: “Nunca é patriota. Com cada idioma alheio que assimila,
introduzem-se-lhe no organismo moral modos alheios de pensar, modos alheios de
sentir. O seu patriotismo desaparece, diluído em estrangeirismo.” (*)
Infelizmente,
a língua portuguesa, tem sofrido tantos saltos de polé, enxertada de tantos
estrangeirismos, tão desprezada, pelas figuras públicas, inclusive a classe
politica, que anda mais remendada, que capa de pedinte, como dizia o nosso
clássico.
Na
época de Eça, éramos “ colonizados” pela França. Para se ser considerado culto,
era necessário conhecer a língua francesa.
Tudo
vinha de Paris: a moda, a ciência, a arte…e até os janotas da alta-sociedade,
iam, à Capital da Luz, buscar noiva! …
Agora,
tudo nos chega da terra do Tio Sam: os costumes, tradições, as ideias…; até a
nossa língua sofre – e de que maneira, – com a subserviência…
(*)
– Edição de Lelo & Irmão, Porto,1960 – Pág. 128
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