Terça-feira, 14 de janeiro de 2025 - 11h04
Preguiça, férias ou desânimo
mesmo. Um desses adjetivos poderia ser usado para justificar minha ausência nos
artigos. Sei que deixei os meus dez fiéis leitores abandonados nesses dias, mas
confesso que o termo real para justificar minha falta foi mesmo “desilusão”.
Ando muito triste com o que estou vendo em nosso país e, ao mesmo tempo, não
vejo manifestações estruturadas para combater esses desmandos que, todos os
dias, são jogados na nossa cara por enxurradas de mentiras deslavadas em atos
de um governante tresloucado, sem projeto e sem rumo que massacra os mais pobres
desse país. Estão destruindo as últimas fronteiras da liberdade.
Nesse momento, o Brasil, um dos
países mais desiguais do mundo, enfrenta mais uma desastrosa proposta de
política econômica que ameaça penalizar ainda mais a classe trabalhadora e
aqueles que vivem na informalidade. Recentemente, uma decisão do governo
federal tem gerado intensa discussão: a taxação de operações superiores a R$
5.000,00 realizadas por meio do PIX. A medida, justificada como forma de
aumentar a arrecadação e reduzir o déficit público, corre o risco de gerar
consequências profundamente prejudiciais, especialmente para as camadas mais
vulneráveis da sociedade.
O Pix, lançado pelo Banco
Central em 2020, transformou a forma como os brasileiros lidam com transações
financeiras. Prático, gratuito e acessível, ele se tornou o meio de pagamento
preferido para milhões de trabalhadores informais, pequenos empreendedores e
cidadãos comuns que buscavam uma alternativa segura ao dinheiro em espécie.
Porém, a taxação proposta atinge justamente esses indivíduos, que, muitas
vezes, fazem transações acima do limite estabelecido por motivos simples, como
a compra de insumos, pagamento de aluguel ou até mesmo a pequenas transferência
em vendas. É o dinheirinho da marmita.
O governo criou uma máscara alegando
que a medida visa tributar grandes transações ou combater a sonegação fiscal. Isso,
porém, não se sustenta, considerando que os mais ricos já possuem meios
sofisticados de planejamento financeiro, como o uso de paraísos fiscais,
criptomoedas e estruturas empresariais que diluem a carga tributária. Quem
arcará com o custo dessa decisão são os pequenos: o microempreendedor que vende
produtos artesanais, o agricultor que negocia sua produção e a diarista que
recebe pagamentos esporádicos acima do valor estabelecido.
Ao taxar transações
eletrônicas, o governo desestimula o uso de meios digitais e cria um incentivo
perverso para a volta ao uso de dinheiro em espécie. Este retrocesso não apenas
contraria as tendências globais de digitalização, mas também aumenta os riscos
de criminalidade, como roubos e furtos, ao estimular que cidadãos carreguem e
armazenem grandes quantias em casa. A medida coloca em risco os avanços
conquistados no combate à exclusão financeira e à informalidade, revertendo o
progresso alcançado nos últimos anos.
Além disso, o impacto
psicológico não pode ser subestimado. A desconfiança no sistema financeiro
aumenta, levando cidadãos a buscarem alternativas como guardar dinheiro
"debaixo do colchão" ou investir em ativos como ouro, dólares ou
criptomoedas, que, embora legítimos, não contribuem diretamente para o fortalecimento
da economia local, pelo contrário: vai fazer uma enxurrada de desemprego e,
mesmo assim, o churrasquinho de rua que sempre salvou o brasileiro quando o
país enfrenta uma crise, não terá condições de sobreviver.
O principal argumento para a
adoção da taxação é a necessidade de equilibrar as contas públicas. No entanto,
é essencial questionar por que a solução buscada recai sobre os ombros daqueles
que já pagam, proporcionalmente, mais impostos. O sistema tributário brasileiro
é notoriamente regressivo, penalizando os consumidores através de tributos
indiretos, como o ICMS, que incidem sobre bens e serviços.
Outro ponto que merece atenção
é a carga tributária excessiva. Com uma alíquota de 28%, o Brasil tem o maior imposto sobre consumo do mundo, entre
todos os mais de 170 países que usam esse tipo de taxação. O Imposto de Renda
retido na fonte correspondeu a 4,48% do PIB, alta de 0,33 ponto em um ano. Ou
seja, é o consumidor, digo, o trabalhador, quem carrega o país nas costas.
Enquanto no governo Bolsonaro
o país viveu uma das maiores desonerações tributária, mesmo diante da pandemia,
de acordo com o Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), o
sistema tributário brasileiro é um dos mais complexos e onerosos do mundo,
representando cerca de 33% do PIB nacional. Esse peso sobre empresas e
indivíduos não apenas desestimula investimentos, mas também reduz a
competitividade das empresas nacionais no mercado global.
Enquanto isso, grandes
fortunas, lucros e dividendos continuam sendo pouco ou nada tributados. A
reforma tributária, tão esperada, deveria priorizar a justiça fiscal,
redistribuindo a carga tributária de maneira mais equitativa e cortando gastos
excessivos da máquina pública. Mas não: As contas do governo central, que
engloba Tesouro Nacional, Banco Central e Previdência Social, registraram um
rombo de R$ 5,3 bilhões em setembro do ano passado. O governo conta com R$ 40,5
bilhões em gastos extraordinários que foram ignorados para o cumprimento da
meta. Que meta?
Em agosto, do ano passado, a
receita total atingiu R$ 194,906 bilhões, ou seja, alta real de 9,6% sobre os
R$ 170,571 bilhões do mesmo mês do ano passado. Considerando o acumulado dos
oito primeiros meses do ano, a receita total alcançou R$ 1,725 trilhão,
elevação real de 8,8% sobre o total de R$ 1,522 trilhão de igual período de
2023. No acumulado de janeiro a agosto, a receita líquida alcançou R$ 1,384
trilhão, representando elevação de 8,4% real sobre o R$ 1,225 trilhão de mesmo
período de 2023.
Noutra ponta, a despesa total
dos oito primeiros meses do ano passado somou R$ 1,484 trilhão, elevação real
de 7,1% sobre o R$ 1,331 trilhão registrado em igual período do ano. É um
absurdo! Para onde vai esse dinheiro? Posso até arriscar: Uma parte vai para
bancar as viagens da Janja para fazer vídeos para suas stores. E o restante serve
também para cobrir as despesas com os milhares de cargos criados para acomodar
os companheiros. Entre eles, o conselhão, órgão com mais de 200 membros,
criados para aconselhar o presidente da república. Esse órgão gastou mais de 2
milhões de reais em passagem, hospedagem e jetons. Porem, nunca houve um
conselho.
A taxação do Pix não é apenas
uma solução injusta, mas também ineficiente. Em vez de aumentar a arrecadação,
ela pode ter o efeito contrário, empurrando cidadãos para a informalidade e
reduzindo a transparência das transações financeiras. A medida desestimula o
uso de ferramentas que ajudam a monitorar a economia e combate de práticas
ilegais, como a lavagem de dinheiro.
Em paralelo, a política de
juros altos, com a taxa Selic mantida em 13,75% ao ano pelo Comitê de Política
Monetária (Copom), tem um efeito colateral preocupante: encarece o custo do
crédito e desestimula o consumo e os investimentos produtivos. Mas lembrem-se que o Lula estava doido para
tirar o Campos Neto, do Banco Central, alegando que ele era o responsável por
não baixar os juros. E agora? Estudos do Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada (IPEA), e olhem que esse instituto é do próprio governo, indicam que
os juros altos contribuem significativamente para a desaceleração econômica,
atingindo principalmente micro e pequenas empresas.
Controlar as armas, restringir
as redes sociais, manipular a comunicação, desestruturar a família e agora
controlar o dinheiro, são lições de uma cartilha que vem sendo desenhada á anos
e, agora, está em prática. Isso, sem falar na destruição da propriedade privada
e o apoio a grupos terroristas e governos totalitários, são esses mecanismos
que estamos vendo serem implantados diante dos nossos olhos sem que nada
possamos fazer. Estamos amedrontados, atônitos e sem rumo por falta de
organização de uma população que deveria ser mais ativa, mas se esconde debaixo
dos lençóis.
O Brasil precisa de um modelo
de governança mais humano e sensível às necessidades de sua população. Antes de
impor medidas que ampliam a desigualdade, esseo governo deveria rever prioridades, cortar privilégios,
otimizar os gastos públicos e investir na educação financeira e na inclusão
digital. É um sintoma de uma crise de gestão que prefere sacrificar os mais
pobres em vez de enfrentar os verdadeiros problemas estruturais do país. Está
na hora de questionarmos quem realmente arca com os custos do déficit público e
exigirmos soluções que promovam a justiça social e o desenvolvimento econômico.
O futuro do Brasil não pode ser construído às custas de um retrocesso que
coloca em risco a inclusão financeira e a dignidade de seus cidadãos.
Você vai ficar só olhando...
NÃO ESCREVO ESTE ARTIGO MOVIDO POR QUALQUER IDEOLOGIA POLÍTICA. Mesmo porque não acredito completamente em nenhuma dessas falácias “ideológicas” que
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