Quinta-feira, 4 de abril de 2024 - 11h01
No mundo complexo e
exigente em que vivemos, é fácil se deparar com um padrão implacável de
perfeição. Quantas vezes
você se encontra nesse ciclo interminável de autocrítica e de reavaliação constante?
Quantas vezes se pega refletindo sobre cada detalhe, cada mínimo deslize, cada
imperfeição?
Você se identifica com essas
características? Questiona-se se pode ser um perfeccionista? Se sim, saiba que
não está sozinho. Muitos compartilham desse traço de personalidade, às vezes
moldado desde a infância por expectativas irreais ou padrões inatingíveis
impostos por pais, professores ou mesmo pela sociedade.
Como
resultado, na vida adulta, a pessoa pode se tornar excessivamente crítica
consigo mesma, incapaz de aceitar qualquer coisa que não seja a perfeição.
Inclusive o Núcleo Brasileiro de Estágios (Nube) fez uma pesquisa e perguntou:
"você é perfeccionista?”.
Como
resposta, 43,95% dos quase 50 mil entrevistados apontou que faz de tudo para
concluir suas tarefas sem nenhum erro. Um levantamento semelhante foi feito
pela Fundação Getúlio Vargas e 73% dos
profissionais brasileiros relataram ter traços perfeccionistas.
No entanto, o perfeccionismo, apesar
de muitas vezes ser visto como uma qualidade, pode ser um poderoso sabotador,
tanto na vida pessoal quanto profissional. Estudos como os realizados pela Universidade de Chicago alertam
para os perigos do perfeccionismo, associando-o a um maior risco de desenvolver
depressão e ansiedade, especialmente entre aqueles que são autocríticos.
E
se isso não bastasse, uma pesquisa da Universidade de York revela uma
ligação preocupante entre o perfeccionismo e a procrastinação, além de um
impacto negativo na autoestima.
Até
mesmo no ambiente profissional, conforme apontado pela Universidade da Califórnia, o
perfeccionismo pode levar ao Burnout, especialmente quando combinado com altos
padrões e uma crença inabalável no sucesso baseado apenas no esforço pessoal.
Essas descobertas fazem refletir
sobre o impacto negativo do perfeccionismo. Quando uma pessoa se torna refém
desse padrão elevado e irrealista, acaba se distanciando dela mesma e de seus
objetivos. Deixa de agir, de arriscar, de se permitir falhar e aprender com os
próprios erros.
O perfeccionismo paralisa. Impede de
avançar, de crescer, de se tornar quem realmente se quer ser. Fica fácil se
sentir preso em um ciclo vicioso de auto exigência, buscando incessantemente a
perfeição em tudo que se faz, mas nunca se sentindo satisfeito e bom o
suficiente.
Então, o que é possível ser feito
para lidar com esse sabotador do perfeccionismo? Primeiro, é importante se
auto-observar, identificar em quais áreas da vida o perfeccionismo está fora de
controle. O segundo passo é aprender a delegar tarefas que não dependem
exclusivamente da própria pessoa, permitindo que outros assumam
responsabilidades e ajudem a soltar o controle.
Além disso, é fundamental cultivar
uma mentalidade de aceitação e resiliência, aprendendo a valorizar o progresso
em vez da perfeição absoluta. O segredo é se permitir cometer erros, aprender
com eles e seguir em frente. E, acima de tudo, praticar a autocompaixão,
substituindo o diálogo interno crítico por pensamentos positivos e
construtivos.
Lidar com o perfeccionismo não é
fácil – inclusive, essa é uma das características de quem sofre com a Síndrome
do Impostor – mas é essencial para a saúde mental e bem-estar. Reconhecer suas
armadilhas e aprender a lidar com elas pode ser a chave para uma vida mais
equilibrada e realizada, livre das amarras do ideal inatingível da perfeição.
Precisamos aprender a abraçar nossa imperfeição, reconhecendo que é justamente ela que nos torna humanos, que nos faz crescer e evoluir. E, ao fazer isso, podemos finalmente nos libertar das amarras do perfeccionismo e viver uma vida mais autêntica, mais plena e mais feliz.
*por Thereza Cristina Moraes, formada em Gestão Comercial
pela Anhembi Morumbi, com MBA em Ciências da Mente e Liderança Humanizada,
especializada em essência feminina, conexões e Síndrome do Impostor. É mentora
e palestrante com 15 anos de experiência em negócios e nas principais
plataformas de eventos de networking corporativo e multinacional.
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