Terça-feira, 14 de maio de 2024 - 16h44
Para o ser humano ser saudável, precisa
equilibrar várias áreas da vida, não só depositar as fichas na carreira, ou só
em lazer ou só em um relacionamento íntimo, por exemplo. Ao contrário,
precisamos de muitas coisas.
Precisamos de tudo isso que foi mencionado acima, mais
família, amigos, cuidar do intelectual, do emocional, da espiritualidade, da
parte financeira no positivo, harmonia nos ambientes que mais frequentamos,
dentre outras coisas.
Falando mais detidamente sobre a área
do relacionamento íntimo, questiono-me se as pessoas, sabem o que realmente
necessitam quando estão se relacionando? Quando estudamos Gestalt*, aprendemos
que quando cientes das nossas reais necessidades, ou seja, cientes daquilo que
precisamos nos nutrir, vamos de encontro ao objeto de satisfação para atingir a
homeostase, ou seja, o equilíbrio.
Percebo que muitos não sabem o seu
objetivo, o que necessitam, de fato, muito menos quando estão se relacionando.
As pessoas entram num automatismo misturado com uma “normose” (patologia da
normalidade) sendo levados pelo que a sociedade comumente executa. Casar-se até
uma determinada idade, fazer uma festa, lua de mel, comprar uma casa, um carro,
ter filhos etc. Fazem isso porque está impregnado no inconsciente coletivo,
porém as pessoas não pensam se isso tudo faz sentido realmente para elas.
Interessante observar que o casamento,
por exemplo, não cai de moda, todas as gerações ainda migram para esse modelo,
incluindo os jovens. Acredito que por trás disso, deste comportamento, esteja
incluído “sair de casa para uma nova experiência”, “ perseguir o
amor”, “não estar só”, “construir uma vida diferente”.
Relacionar-se dá trabalho e tem altos e
baixos. Trata-se de um investimento de tempo, emoção, dinheiro e,
principalmente, o foco em conservar/cultivar esse relacionar-se por meio de
escolhas diárias de querer estar com o outro verdadeiramente. Não se pode
pensar que conquistou o parceiro e está tudo certo. Essa conquista precisa ser
constante e permanente, caso contrário o relacionamento acaba.
Um dado para você refletir. O número de
divórcios no Brasil cresceu 8,6% em 2022 na comparação com 2021, de 386.813
para 420.039. Foram 340.459 realizados por meio judicial e 79.580 de forma
extrajudicial. Os divórcios judiciais concedidos em 1ª instância corresponderam
a 81,1% dos divórcios do país. Os dados são das Estatísticas do Registro Civil
de 2022, divulgados nesta quarta-feira, 27, pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE).
Meu pai dizia “relacionamento é uma
planta que se rega todos os dias”. É verdade. E há também as diferenças
geracionais, os relacionamentos pretéritos, dos nossos avós e pais tinham uma
dinâmica específica, diferente das dinâmicas atuais, fruto das mudanças
sociais. Então não se pode comparar uns e outros, mas o que se pode dizer sem
medo de errar é que é necessário, atualmente, ter consciência sobre a
importância das conversas difíceis. Não se deve colocar coisas para “debaixo do
tapete”, há que se enfrentar, alinhar, compreender questões que estão
incomodando seriamente; e isso é para a vida, pois ajustes devem ser feitos de
tempos em tempos durante todo o perdurar da relação. Como diz a psiquiatra Ana
Beatriz Barbosa, “relacionamento é uma maratona e devemos dar a mesma
importância que damos ao fracasso profissional ao fracasso pessoal”.
Assim como o fracasso profissional traz
várias implicações desafiadoras, o pessoal também, em especial quando há filhos
envolvidos.
Outro aspecto interessante é que hoje a
adoção de aplicativos de relacionamento é mundial. Tanto que redefiniram a
ideia de namoro para toda uma geração e cresceram até se transformarem em um
mercado multibilionário, no qual consumidores de todo o mundo gastaram mais de
US$ 5 bilhões em 2023, de acordo com pesquisadores do mercado de aplicativos da
Data.ai.
E não há fórmulas mirabolantes para o
relacionamento, cada qual tem a sua, ou seja, o que faz sentido e faz bem para
determinada pessoa, não o faz para outras. E ainda importante pontuar que cada
ciclo de vida demanda necessidades diferentes, as pessoas precisam pensar que
adaptar-se, ter flexibilidade e paciência é fundamental para seguir em frente e
ao lado.
Mais um fato relevante e determinante é a decisão
individual de cada um dos envolvidos no relacionamento no tocante amar o outro,
construir uma história compartilhada com todos os seus desafios e dificuldades,
apreciando a humanidade do outro com certa dose de humor no sentido de rir, se
divertir face o “pacote “de cada um, com suas belezuras e feiuras.
Isso tudo não vem pronto, tem que ser
conquistado, construído e é para aqueles que são corajosos, assumem riscos e
têm disposição.
Segundo ensinamentos do psicólogo
americano Keith Witt algumas estrelas de um bom relacionamento íntimo
são:
E lembremos:
Quem faz dar certo uma relação são duas
pessoas que decidem e escolhem dar certo, com respeito e amor um pelo outro.
Gostar muito da essência do outro, pois ninguém muda ninguém. As pessoas se
transformam por impulso, iniciativa própria, se quiserem. Acredito também que
nisso tudo há certa dose de sorte em encontrar alguém especial em meio a tantos.
Você sabe realmente o que necessita
para querer estar em um relacionamento?
*Gestalt trata-se de um modelo
psicoterápico que enfatiza a experiência individual do momento presente
(aqui-agora) e seu papel matricial de autorregulação e ajustamento criativo do
sujeito ao seu contexto de vida.
* por Viviane Gago,
advogada e consteladora pelo Instituto de Psiquiatria da USP (IPQ/USP) com
parceria do Instituto Evoluir e ProSer e facilitadora pela Viviane Gago
Desenvolvimento Humano. Mais informações no site
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